Gabriela Mistral foi o nome literário adotado por Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy
Alcayaga (Vicuña, Chile, 07.04.1889 -
Hempstead, Nova Iorque, 10.01.1957). Sua mãe viúva uma vez e abandonada outra,
teve duas filhas: Emelina e Lucila. Sua família foi abandonada pelo pai quando Lucila tinha três anos de idade.
Sua irmã Emelina foi quem lhe deu a educação básica. Sua mãe faleceu no ano de
1929, a escritora dedicou-lhe a
primeira parte de seu livro Tala, a que chamou: Muerte de mi Madre.
Ávida por aprender, Lucila, aos catorze anos, começou a publicar artigos e poemas em
periódicos de Villa La Serena e Vicuña. Pode-se dizer, que na sua obra é
visível o amor pelos humildes, e um interesse mais amplo por toda a humanidade.
A tragédia do suicídio do noivo marcou a sua poesia com um forte sentimento de
carinho maternal, principalmente nos seus poemas em relação às crianças.
Aos dezesseis ensinava em escolas pequenas no Chile. Aos 21
obteve excelentes resultados em um teste numa escola em Santiago, sendo então
permitido a ela ensinar em escolas secundárias.
Em 1922, ela foi convidada pelo Ministério da Educação do
México para atuar nos planos de reforma educacional daquele país.
Ela foi agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura, de 1945.
A partir de então, ela ganhou notoriedade na literatura internacional, passou a
viajar por todo o mundo com a missão de representar seu país em comissões
culturais das Nações Unidas. Assim, foi obrigada a abandonar o ensino para
poder exercer sua função diplomática.
Gabriela se enamorou do ferroviário Romelio Ureta que se
suicidou em 1909, para escapar de suas
dívidas. Ele foi inspiração para Los Sonetos de La Muerte (Sonetos da morte) e
outros trabalhos da poeta. Esses sonetos ganharam os jogos florais (Los Juegos Florales) de 1914, em Santiago.
Nesse tempo, ela continuava ensinando em escolas do Chile,
enquanto publicava poemas e ensaios em jornais e revistas.
A partir de 1918, ela foi diretora em colégios de diversas cidades. Em Temuco, percebeu o talento de Pablo
Neruda, incentivando-o a escrever.
Ambos eram de origem humilde, escritores precoces, ativistas e
diplomáticos. Neruda era do mar e do Sul do Chile, ela; das montanhas e do
norte chileno.
Durante aqueles anos, Gabriela manteve correspondência
amorosa com o poeta chileno Manuel de Magallanes Moure, mas negava dar-lhe a
prova de amor que ele pedia. Alegava que isso destruía as imagens do amor
sensual que ela tinha em coisa selvagem e brutal. Teria ela confessado que tinha um trauma de infância, pois aos
sete anos teria sido violentada por um jovem rapaz.
Em 1922, recebeu um convite para colaborar na criação de
bibliotecas populares no México.
Seu primeiro livro Desolacion foi publicado em Nova Iorque.
Do México foi para os Estados Unidos, onde dava aulas e
ministrava seminários. Regressou ao
Chile em 1925, após a publicação da sua segunda obra chamada Ternura.
Em 1932, obteve o cargo vitalício de cônsul. Ela o exerceu,
com muita diplomacia, em muitas cidades da Europa e em Petrópolis, no Brasil.
Tala, seu terceiro livro de poesia foi publicado em 1938.
Gabriela teve um filho adotivo Yin-Yin, hora ela
apresentava-o como sobrinho, outra como filho de uma amiga. Alguns crêem que
ele foi filho carnal dela, mas a versão mais plausível é de que fosse sobrinho.
Palma Guillén e Gabriela Mistral o criaram juntas. Uma tragédia ocorreu em
Petrópolis, no ano de 1943. Ele morreu envenenado por arsênico, aos 18 anos de
idade. Ela o amava tanto que entrou em depressão, quase beirando a loucura.
Ela foi nomeada Cônsul em Los Angeles e fixou residência em
Santa Bárbara na Califórnia. Regressou pela terceira vez ao Chile, desde que de
lá saíra aos 33 anos de idade, para receber o Prêmio Nacional de Literatura e lançar Lagar, Foi lá que ela seu quarto
livro de poemas , em 1952. Foi na Califórnia que escreveu sua última obra El
Poema de Chile (Poema de Chile), publicado postumamente.
Ela teve uma relação de nove anos com a escritora Dares
Dana, considerada sua assistente pessoal.
Gabriela morreu em Long Island, em 1957. Lá ela e Dóris
viveram felizes sua união. As cartas que ela escrever a Dóris foram publicadas
em 2009, com o título de Niña Errante.
Após a morte de Dóris, em 2006, sua sobrinha doou a
Biblioteca Nacional do Chile todo o acervo de 168 poemas inéditos, manuscritos,
fotos e outros documentos. Um verdadeiro
tesouro para entender esse mito chamado Gabriela Mistral, cujos estudiosos e
leitores podem vê-la sob sua própria ótica. Para encerrar transcrevo um de seus
poemas mais conhecidos que se identifica com sua história de educadora.
LA
ORACIÓN DE LA MAESTRA
¡Señor!
Tú que enseñaste, perdona que yo enseñe; que lleve el nombre de maestra, que Tú
llevaste por la Tierra.
Dame el
amor único de mi escuela; que ni la quemadura de la belleza sea capaz de
robarle mi ternura de todos los instantes.
Maestro,
hazme perdurable el fervor y pasajero el desencanto. Arranca de mí este impuro
deseo de justicia que aún me turba, la protesta que sube de mí cuando me
hieren. No me duela la incomprensión ni me entristezca el olvido de las que
enseñé.
Dame el
ser más madre que las madres, para poder amar y defender como ellas lo que no
es carne de mis carnes. Alcance a hacer de una de mis niñas mi verso perfecto y
a dejarte en ella clavada mi más penetrante melodía para cuando mis labios no
canten más.
Muéstrame
posible tu Evangelio en mi tiempo, para que no renuncie a la batalla de cada
hora por él. Pon en
mi escuela democrática el resplandor que se cernía sobre tu corro de niños
descalzos, Hazme
fuerte aun en mi desvalimiento de mujer, y de mujer pobre; hazme despreciadora
de todo poder que no sea puro, de toda presión que no sea la de tu voluntad
ardiente sobre mi vida. ¡Amigo, acompáñame!, ¡sosténme! Muchas veces no tendré
sino a Ti a mi lado. Cuando mi doctrina sea más cabal y más quemante mi verdad,
me quedaré sin los mundanos; pero Tú me oprimirás entonces contra tu corazón,
el que supo harto de soledad y desamparo.
Yo sólo
buscaré en tu mirada las aprobaciones.
Dame
sencillez y dame profundidad; líbrame de ser complicada o banal en mi lección
cotidiana. Dame el
levantar los ojos de mi pecho con heridas al entrar cada mañana a mi escuela. Que
no lleve a mi mesa de trabajo mis pequeños afanes materiales, mis menudos
dolores.
Aligérame
la mano en el castigo y suavízame más en la caricia. ¡Reprenda con dolor, para
saber que he corregido amando! Haz que haga de espíritu mi escuela de
ladrillos. Le envuelva la llamarada de mi entusiasmo su atrio pobre, su sala
desnuda.
Mi
corazón le sea más columna y mi buena voluntad más oro que las columnas y el
oro de las escuelas ricas.
¡Y, por fin, recuérdame, desde la palidez del
lienzo de Velázquez, que enseñar y amar intensamente sobre la Tierra es llegar
al último día con el lanzazo de Longinos de costado a costado!
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