Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenasVai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...
E á tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais...
A pomba, símbolo da paz e da elevação espiritual, representou a figura da Virgem Maria e também da própria Igreja. Na Bíblia, Noé, depois do dilúvio, soltou três pombas; uma delas voltou com um ramo de oliveira, que era um sinal de reconciliação com Deus, firmando-se como símbolo da paz. A pomba branca é símbolo da simplicidade e da pureza, assim pode-se fazer uma analogia entre pomba, pureza e paz.
O estilo parnasiano no texto beira a perfeição, o belo é a poesia com sua correção métrica gramatical, com versos decassílabos, modelo clássico de composição. O belo, o sublime e a natureza permeiam o poema.
O estilo parnasiano no texto beira a perfeição, o belo é a poesia com sua correção métrica gramatical, com versos decassílabos, modelo clássico de composição. O belo, o sublime e a natureza permeiam o poema.
Pode-se dizer, que nas quadras, o eu lírico descreve o revoar das pombas. Este pode ser comparado aos sonhos dos adolescentes, que, semelhantemente, voam. Entretanto, esses não voltam mais, ao contrário das pombas que, ao final do dia, retornam aos pombais. O assunto aparente está nesse sair das pombas de madrugada de seus ninhos e voltarem ao anoitecer.
As pombas animadas e em bandos saem dos ninhos ao amanhecer, portanto quando o dia raia com aquele tom rosado agradável do dia nascendo. Invertendo a ordem, temos os jovens que saem a noite - final do dia, período de magia, de romantismo - e voltam pela manhã, não é assim que os jovens saem e voltam das baladas? Não estão eles sempre tentando desbravar novos espaços e conhecimentos, e aventurando-se em busca do novo, de liberdade, de prazer e do amor? Segundo Udo, um casal de pombas brancas é um símbolo popular do amor.
O poeta traz à luz o fato de que de que a vida é efêmera, que a passagem do tempo é veloz e irrecuperável. Faz referência de um dia após o outro, porém no caso das pombas, as situações não se modificam, sempre retornam.
A madrugada e a tarde podem corresponder, respectivamente, ao início e final do período de um dia que foi vivido mais acabou, não tem retorno. Isso está presente no último terceto, quando o eu lírico expressa uma desarmonia, pois tanto os sonhos, quanto à adolescência não podem ser recuperados, são períodos finitos como a vida. O que foi feito está feito. Como na vida, o nascimento pressupõe a morte. Assim devemos curtir e viver bem cada minuto.
Nos tercetos, o poeta faz uma comparação entre os sonhos e as pombas e, por consequência, entre os corações e os pombais, local de abrigo dos sentimentos e das pombas. Vemos que há uma diferença existencial entre sonhos e pombas, pois os primeiros não voltam, mas as pombas sempre retornam. São eles substantivos abstratos e concretos que sintetizam o poema.
A poesia é desprovida de termos técnicos, rebuscados ou vulgares e a escrita flui com naturalidade.
A madrugada e a tarde podem corresponder, respectivamente, ao início e final do período de um dia que foi vivido mais acabou, não tem retorno. Isso está presente no último terceto, quando o eu lírico expressa uma desarmonia, pois tanto os sonhos, quanto à adolescência não podem ser recuperados, são períodos finitos como a vida. O que foi feito está feito. Como na vida, o nascimento pressupõe a morte. Assim devemos curtir e viver bem cada minuto.
Nos tercetos, o poeta faz uma comparação entre os sonhos e as pombas e, por consequência, entre os corações e os pombais, local de abrigo dos sentimentos e das pombas. Vemos que há uma diferença existencial entre sonhos e pombas, pois os primeiros não voltam, mas as pombas sempre retornam. São eles substantivos abstratos e concretos que sintetizam o poema.
A poesia é desprovida de termos técnicos, rebuscados ou vulgares e a escrita flui com naturalidade.
A repetição de reticências dá um caráter de imprecisão ao texto, como se o poeta não quisesse revelar tudo para nos fazer refletir sobre a existência e sobre a morte.
Você pode fazer sua própria análise do poema, enriquecendo-a com o descrito por Udo Becker sobre a simbologia da pomba:
"1( Na Ásia Menor a pomba estava associada a deusa da fertilidade Ichtar e na Fenícia com o culto de Astarte. Na Grécia a pomba era consagrada a Afrodite. Perdiz. - Na Índia, em parte também na Germania, a pomba escura era pássaro das almas, mas também da morte e da desgraça. - O islamismo vê nela uma ave sagrada porque supostamente protegeu Maomé na sua fuga. -Na Bíblia, Noé depois do dilúvio, solta três pombas, das quais uma volta com um ramo de oliveira: sinal da reconciliação com Deus e desde então símbolo da paz. A pomba branca é, além disso, símbolo da simplicidade e da pureza e sobretudo, na arte cristã, do Espírito Santo. Mas ocasionalmente também pode ser símbolo do cristão batizado ou do mártir (com o louro ou a coroa dos mártires no bico) ou da alma no estado da paz celeste (p. ex., pousando na árvore da vida ou no vaso com a água da vida). - Em conexão com as 4 virtudes cardeais, a pomba simboliza a temperança. - Um casal de pombas brancas é um símbolo popular do amor.
2) Pomba eucarística, tabernáculo suspenso sobre o altar em forma de pomba com escudela para as hóstias consagradas; mencionada pela primeira vez no século VII. "
Fonte: BECKER, Udo. Dicionário de Símbolo. São Paulo: Paulus, 1999, p. 222.
9 comentários:
Que essa poesia nos estimule a continuarmos sonhando e alçando vôos sempre mais altos dentro das possibilidades de execução. E que tenhamos presente que o momento é agora, o presente. Vamos conquistar o direito de viver com sabedoria, com responsabilidade e com dignidade cada minuto e sopro de vida, sem perder o foco e a ternura. Que a pomba que habita em cada um de nós faça com que nossas asas nos guiem para nosso objetivo maior "Nascer, Viver e Amar!"
Sem dúvida é um belo poema. Sua análise é muito boa, vou me basear, para dar mais solidez a minha aula de amanhã, a última do meu estágio, espero que tudo de certo. Abraço e obrigado.
Olá Gabriel,
Que ótimo que ela lhe possa ser útil.Vai dar tudo certo com toda a certeza. Quando fiz meus estágios gastei muito tempo preparando atividades, fiquei nervosa, mas quando chegou a hora fui interagindo com os alunos e foi bem fácil. A visão deles é diferente da nossa e isso é enriquecedor.
Obrigada a você por visitar o blog e pelo gentil comentário, boa sorte p vc.
Grande abraço,
SIMPLESMENTE PERFEITO !
Obrigada, gosto quando percebo ou busco explorar um pouco mais do que o texto me diz!
Abraços,
Odete Soares Rangel: ou baiano de Paramirim e resido em Salvador onde exerco a profissão de Médico Angiologista e Cirurgiào Vascular, tenho 58 anos sendo 32 de Medicina e sou músico desdos 10 anos de idade nas hras vagas. SUA ANÁLISE FOI BRILHANTE E COERENTE COM ESTA BELA POESIA. A CONCLUSÀO DE QUE O AUTOR FUGIU OU MELHOR QUIZ E COMPAROU COM AETERNIDADE É BRILHANTE. PARABÉNS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! eutimiobrasil@terra.com.br
Obrigada pela visita ao blog e elogio. É bom viajar através das palavras, e fazer com que elas despertem sensações nos leitores. Cada feedback mostra isso, um entendimento do real ou imaginário descrito pelo escritor.
Grande abraço a todos e um ótimo final de semana,
Muito boa análise contendo o que eu estava procurando: reflexões profundas e de caráter bastante explicativo!! Obrigada por disponibilizar o material! Bjs
Boa tarde Anônimo,
Obrigada a você também por me dar seu feedback, ele é muito importante.
Abraços a todos,
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