Odete Soares Rangel
As poesias transcritas são de autoria de Sylvia Amelia Carneiro da Cunha. Sua poesia, embora de longa data, reflete as difíceis situações que vivenciamos hoje na mídia e que são realidade no Brasil. Certamente, preferíamos não ver tais ocorrências, eis que não podemos modificá-las. É sofrimento demais para os menos favorecidos.
Mas Florianópolis mudou muito, e não sei se a autora, hoje, teria esse mesmo sentimento.
Para não ver
Quero dormir o sono bruto das pedras
para não ver o drama dos que passam fome.
Para não ver os que sofrem injustiças
nem crianças morando na rua...
Para não ver os que só valorizam a cor da pele.
Para não ver o triunfo dos incapazes,
os criminosos absolvidos,
a mentira substituindo a verdade
e a riqueza só nas mãos dos poderosos,
impassíveis e cruéis.
Despedida
Querida Florianópolis,
meu adeus , minha saudade
das belas praias piscosas,
das tuas montanhas formosas,
do teu céu cor de anil,
da figueira portentosa
e do relógio maluco
da vetusta Catedral
que o vento Sul sibilante
põe prá frente e põe prá trás.
Quem me dera aqui ficar
por muitos anos ainda
para poder contemplar
tanta beleza infinda!
Fonte: Revista da Academia Catarinense de Letras. No 13, Florianópolis, 1995.
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