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domingo, 18 de março de 2012

Dança popular brasileira

Odete Soares Rangel

Você já ouviu falar de "jongo" e de "cachuera"? Vou lhes falar um pouco sobre isso.

O jongo é uma dança popular praticada principalmente no sudeste do país. Mas ela não é só uma dança, ela diz muito sobre a história do Brasil, a influência dos negros e da religião na nossa cultura. Essa tradição do sudeste, permeia o ciclo do café, vem do tempo dos escravos, e era tocada por eles para falarem de coisas do seu cotidiano.

A estrutura é simples, no dançado pela cachuera, todos os presentes acompanham com os tambores cantando e batendo palmas. Enquanto isso, um casal no meio da roda, repete uma sequência de passos quase invariáveis, porém seus valores culturais e históricos são muito fortes.

Cachuera é a palavra entoada para anunciar uma nova canção. É como se fosse um pedido de licença para falar. Atualmente, os grupos de cachuera trabalham com danças como batuque de umbigada, congada e moçambique mineiro.  

Alguns grupos ensaiam na Universidade de São Paulo. O Instituto Brincante na Vila Madalena também se dedica as danças populares. Em São Paulo há ainda o grupo Cupuaçu criado em 1986, por um grupo de amantes das danças brasileiras, juntamente com alunos de um curso de teatro. O Cupuaçu se focou no Maranhão, e se dedica a ciranda, tambor de crioula, cacuriá, coco e jongo.  O Cupuaçu também realiza as festas de Bumba meu Boi (o renascer, batizado e morte do boi) no Butantã em São Paulo. Em geral, realizadas no sábado de aleluia, um sábado próximo a são João e a última, no terceiro domingo de outubro. 

Para quem não lembra, a festa do Bumba meu Boi relata a história de um casal de retirantes. Catirina, a mulher está grávida e sente desejo de comer língua de boi. O marido, Pai Chico, para satisfazer a mulher,  rouba um boi de estimação de um rico fazendeiro. Ao tomar conhecimento do roubo, o fazendeiro ordena que os vaqueiros e índios saiam a procura do animal. Eles o encontram doente, então chamam um pajé, um médico e um curandeiro para curá-lo. Após muito esforço, o animal se recupera e uma grande festa encerra a representação. O Bumba meu Boi é dançado em diversas regiões do Brasil. Eram festas ligadas ao ciclo de vida e morte, tendo o boi como figura central. 

Em Santa Catarina, ha uma representação chamada Boi de Mamão, bastante semelhante, impregnada de metáforas, história e cultura popular.

Existem muitos outros tipos de danças, a congada bastante praticada em Minas Gerais por exemplo. É uma dança de cortejo, onde são reverenciados o rei e a rainha do congo. 
  
As letras, passos e maneira de tocar os instrumentos eram transmissões orais. 

Essas brincadeiras ou folguedos têm seus rituais.  Por exemplo, na cachuera, a fogueira é um elemento obrigatório para afinar os tambores. Daniel Reverendo é um dos compositores de muitas das músicas cantadas nas rodas de jongo.

É lamentável que as danças populares e folclore não sejam tão conhecidos e divulgados. Parte da sociedade desconhece ou ignora por puro preconceito, sem ter consciência da importância cultural e histórica dessas apresentações. E não percebem coisas importantes como o significado da mensagem, o afeto dos atores. Nessas danças,  há o abraço, o estar junto, o dançar junto, o sentir-se igual na alegria.

Que esses grupos persistam e não desistam.

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