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domingo, 15 de abril de 2012

Poesia

Odete Soares Rangel


Em 1941, Vinícius de Moraes escreveu o poema Saudade de Manuel Bandeira, dirigido ao poeta.


Não foste apenas um segredo
De poesia e de emoção
Foste uma estrela em meu degredo
Poeta, pai! áspero irmão.

Não me abraçaste só no peito
Puseste a mão na minha mão
Eu, pequenino - tu, eleito
Poeta! pai, áspero irmão.

Lúcido, alto e ascético amigo
De triste e claro coração
Que sonhas tanto a sós contigo
Poeta, pai, áspero irmão?
Manuel Bandeira era um admirador de Vinícius de Morais, e também seu amigo. Além de ter influenciado a poesia do amigo, fez questão de responder a homenagem. No seu livro Belo belo (1948), Bandeira responde ao poema de Vinícius:
Resposta a Vinicius
Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais.
Lúcido, sim; eleito, não.
E bem triste de tantos ais
Que me enchem a imaginação.
Com que sonho? Não sei bem não.
Talvez com me bastar, feliz
- Ah feliz como jamais fui! -,
Arrancando do coração
- Arrancado pela raiz -
Este anseio infinito e vão
De possuir o que me possui. 

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