Odete Soares Rangel
Salas de espera são uma incógnita, você não sabe o que vai encontrar nelas. Mas é um local que nos permite observar o todo e tirar algum aprendizado. Na sala de espera do espaço onde faço pilates, observava atenta os movimentos das pessoas. Uma mãe que aguardava sua sessão de terapia, sentou, mexeu na bolsa, pegou a sombrinha e o casaco, e levantou-se. Pegou o celular e ligou para o filho, com o objetivo de avisá-lo que iria desligar o telefone, pois estava entrando em seu compromisso que duraria uma hora.
Imaginei que o filho teria desaprovado a atitude e a questionado sobre, eis que ela esforçava-se para justificar a atitude. Questionou-o afirmando que ele tinha dinheiro para almoçar, então poderia aguardar um pouco antes que se falassem. E concluiu o diálogo dizendo que ela ligaria assim que saísse da consulta.
O fato me deixou curiosa, será que os valores se inverteram? Tempos atrás, eram os filhos que prestavam contas das suas atitudes e ausências às mães. Não seria ela uma mãe superprotetora que impingia ao filho sua presença, sua necessidade de controle e contatos. Não estaria ela, impedindo-o de exercitar suas individualidade e autonomia.
A ela só interessava o fato dele ter dinheiro para almoçar. Se tinha ou não alguém para fazer o almoço e para almoçar com ele era outra parte do acontecido. Não perguntou se ele estava bem, se precisava de alguma coisa, se já tinha feito o tema da escola, se ia sair e voltar para a casa. Foi como se dissesse não lhe falta nada, você tem comida, se vire. O resto pode esperar. Em nenhum momento foi afetiva com o filho, não se despediu com o tradicional "até mais meu filho, um beijo ou te amo" tão em voga na atualidade. Simplesmente disse que ligaria e desligou o telefone, parecia uma rocha.
Esse fato me remeteu a outras situações. Uma delas desagradável; a praga que se tornou o celular. Existem pessoas que não sabem viver sem ele. Os estudantes usam-no na sala de aula para colarem nas provas, fotografarem colegas e zoarem deles praticando, inclusive, o bullyng escolar, jogarem enquanto os professores se esforçam para darem uma boa aula. As pessoas falam ao celular na rua, dirigindo, nos encontros familiares e sociais. Independente do local em que estejam ou do que estejam fazendo, o celular tocou correm para atender, desrespeitando todas as regras de civilidade, de convívio social. O que era para ser um equipamento para uso em situações especiais, necessárias, tornou-se uma epidemia indesejada para quem tem que se submeter aos desinteressantes diálogos.
E uma outra vivenciada na minha vida profissional. Durante uma entrevista, a pessoa tentou justificar seu ato dizendo que sua situação não justificava o que tinha feito, mas que tinha uma família com muitos problemas. A mãe era alcoólatra, o irmão envolvido com drogas, o pai queria provar a todos que tinha status e poder. Ele precisava se desdobrar para não deixar esses fatos virem a tona. Entretanto, pagava um preço muito alto por tudo isso. Contou-me que aos 15 anos teria ganhado uma moto zero, aos 18 um carro zero, mas que nunca tinha recebido um abraço ou um beijo de seu pai. A carência de afeto era forte, essa pessoa necessitava apenas de carinho, de atenção e não de bens materiais para mostrar a sociedade que tinha status, que sua família beirava a nobreza. Então, teria aprendido que o status estava acima da afetividade, que os fins justificavam os meios, valores inversos ao desejo interno do entrevistado.
Lembrei-me de quando era criança, eu adorava ir para a casa dos meus avós paternos, porque eles me enchiam de carinho. Meu tio Venâncio sentava para tomar seu chimarrão, me colocava no colo e ficava fazendo carinho na minha mão. Infelizmente, ele não está mais entre nós, mas ele e suas atitudes afetivas jamais serão esquecidos. A afetividade e o amor são sentimentos que podem melhorar as relações familiares e os rumos na vida das pessoas, e para quem os recebe e dá, é uma felicidade infinita.
Como você vê, sala de espera, tem lados negativos e positivos. Se formos obrigados a ouvir diálogos e ver atitudes que nos desagradam, por outro lado, somos estimulados a reflexões que nos propiciam desenvolvimento pessoal, e novos aprendizados. Assim, buscamos ser diferente daquele ser com atitudes que rejeitamos, nos tornamos uma pessoa melhor, mais afetiva e humana. Bendita sala de espera que nos faz parar um pouco da correria do dia-a-dia e prestar atenção nos outros, em nós mesmos.
Imaginei que o filho teria desaprovado a atitude e a questionado sobre, eis que ela esforçava-se para justificar a atitude. Questionou-o afirmando que ele tinha dinheiro para almoçar, então poderia aguardar um pouco antes que se falassem. E concluiu o diálogo dizendo que ela ligaria assim que saísse da consulta.
O fato me deixou curiosa, será que os valores se inverteram? Tempos atrás, eram os filhos que prestavam contas das suas atitudes e ausências às mães. Não seria ela uma mãe superprotetora que impingia ao filho sua presença, sua necessidade de controle e contatos. Não estaria ela, impedindo-o de exercitar suas individualidade e autonomia.
A ela só interessava o fato dele ter dinheiro para almoçar. Se tinha ou não alguém para fazer o almoço e para almoçar com ele era outra parte do acontecido. Não perguntou se ele estava bem, se precisava de alguma coisa, se já tinha feito o tema da escola, se ia sair e voltar para a casa. Foi como se dissesse não lhe falta nada, você tem comida, se vire. O resto pode esperar. Em nenhum momento foi afetiva com o filho, não se despediu com o tradicional "até mais meu filho, um beijo ou te amo" tão em voga na atualidade. Simplesmente disse que ligaria e desligou o telefone, parecia uma rocha.
Esse fato me remeteu a outras situações. Uma delas desagradável; a praga que se tornou o celular. Existem pessoas que não sabem viver sem ele. Os estudantes usam-no na sala de aula para colarem nas provas, fotografarem colegas e zoarem deles praticando, inclusive, o bullyng escolar, jogarem enquanto os professores se esforçam para darem uma boa aula. As pessoas falam ao celular na rua, dirigindo, nos encontros familiares e sociais. Independente do local em que estejam ou do que estejam fazendo, o celular tocou correm para atender, desrespeitando todas as regras de civilidade, de convívio social. O que era para ser um equipamento para uso em situações especiais, necessárias, tornou-se uma epidemia indesejada para quem tem que se submeter aos desinteressantes diálogos.
E uma outra vivenciada na minha vida profissional. Durante uma entrevista, a pessoa tentou justificar seu ato dizendo que sua situação não justificava o que tinha feito, mas que tinha uma família com muitos problemas. A mãe era alcoólatra, o irmão envolvido com drogas, o pai queria provar a todos que tinha status e poder. Ele precisava se desdobrar para não deixar esses fatos virem a tona. Entretanto, pagava um preço muito alto por tudo isso. Contou-me que aos 15 anos teria ganhado uma moto zero, aos 18 um carro zero, mas que nunca tinha recebido um abraço ou um beijo de seu pai. A carência de afeto era forte, essa pessoa necessitava apenas de carinho, de atenção e não de bens materiais para mostrar a sociedade que tinha status, que sua família beirava a nobreza. Então, teria aprendido que o status estava acima da afetividade, que os fins justificavam os meios, valores inversos ao desejo interno do entrevistado.
Lembrei-me de quando era criança, eu adorava ir para a casa dos meus avós paternos, porque eles me enchiam de carinho. Meu tio Venâncio sentava para tomar seu chimarrão, me colocava no colo e ficava fazendo carinho na minha mão. Infelizmente, ele não está mais entre nós, mas ele e suas atitudes afetivas jamais serão esquecidos. A afetividade e o amor são sentimentos que podem melhorar as relações familiares e os rumos na vida das pessoas, e para quem os recebe e dá, é uma felicidade infinita.
Como você vê, sala de espera, tem lados negativos e positivos. Se formos obrigados a ouvir diálogos e ver atitudes que nos desagradam, por outro lado, somos estimulados a reflexões que nos propiciam desenvolvimento pessoal, e novos aprendizados. Assim, buscamos ser diferente daquele ser com atitudes que rejeitamos, nos tornamos uma pessoa melhor, mais afetiva e humana. Bendita sala de espera que nos faz parar um pouco da correria do dia-a-dia e prestar atenção nos outros, em nós mesmos.
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