Odete Soares rangel
A rosa de Hiroxima
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválidas
A casa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes (Vinicius de Moraes) nasceu em 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro, onde morreu em 9 de julho de 1980. Ele foi Diplomata de carreira, jornalista, poeta modernista, compositor e letrista brasileiro. Desde cedo, convivia com pessoas ligadas a arte, seu pai era sobrinho do poeta, cronista e folclorista Mello Moraes Filho e neto do historiador Alexandre José de Mello Moraes.
Aos 15 anos começou a compor músicas populares. Ele abandonou a carreira diplomata para dedicar-se a arte. Em 1933 lançou seu primeiro livro, uma coletânea de poemas chamada O Caminho para a Distância. Dois anos depois, surge Forma e Exegese. Em 1938 lança Novos Poemas. Em 1943, o livro Cinco Elegias marca uma nova fase em sua poesia. Em 1953 compôs seu primeiro samba - Quando Tu Passas por Mim - no ano seguinte publica a peça Orfeu da Conceição.
Compôs em parceria com muitos artistas do movimento da bossa nova. Mas sua parceria com Tom Jobim e Edu Lobo foi mais intensa e duardoura. As músicas Chega de Saudade e Outra vez, primeiras composições com Tom Jobim são o marco da bossa nova. É de autoria de Viícius a letra da música Garota de Ipanema.
A partir de 1969, Vinicius e Toquinho selam uma parceria e passam a fazer shows no Brasil e exterior até sua morte. Uma das poesias musicais que sempre me emociona é a Rosa de Hiroshima. O Soneto da Fidelidade é outro contagiante.
Soneto da fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
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