Suicídio? Um ato desesperado de alguém que não soube buscar ajuda. Perdi uma irmã em 1977, e é uma dor sem fim para os que ficam. Buscamos explicações que não encontramos, ficamos impotentes, nos revoltamos com o mundo, mas nada disso ameniza nossa dor.
Ela tinha apenas 26 anos. Era linda, inteligente, criativa, estudiosa, afetiva, meiga, curtia a vida e se dizia muito feliz com a maternidade. Ela deixou uma filha com um ano e quatro meses, e toda a família desesperada.
A cena ficou por anos na minha mente e precisei muita terapia para superar. Ainda hoje lembro de como foi nosso início de dia. Eu estava em sua casa, na Avenida Ipanema em Porto Alegre, cedo ela me chamou para tomarmos café juntas.
Quando à mesa, ela colocou a mão na cabeça e disse que estava com um zumbido no ouvido e parecia que ia ficar louca. Tranquilizei-a de que isso não aconteceria, conversamos um pouco, mas não lembro sobre o que falamos.
Após o café, ela disse que precisava dormir mais um pouco, pediu para eu dar a mamadeira para a minha sobrinha, e que depois eu deitasse em outra cama, pois eu estava num colchão na sala e ela já ia recolhê-lo.
Quando ouvi o estampido, já a encontrei inconsciente e muito sangue pelo chão, fiquei desesperada, levei minha sobrinha para a vizinha cuidar, e saí numa corrida em busca de ajuda para tentar salvá-la. Acompanhei-a até o Pronto Socorro e lá permaneci, quase morta por dentro, mas fazendo as comunicações para a família. Ela permaneceu 3 dias em coma, vindo a desencarnar no terceiro dia. Até o final, mantive as esperanças.
Explicação que justificasse esse ato brutal, nenhuma conhecida. Mais tarde, encontrei uma carta dela na minha mala. Nessa, deixou instruções sobre a sua filha, com quem ficar, isentou seu companheiro de qualquer culpa, disse que já pensava nisso de longa data, e então concretizara.
Nunca entendi, o que lhe teria faltado?
Se você se sentir quase caindo no precipício, abandone já a ideia que a(o) induz à própria destruição, a morte é apenas uma ilusão. Medite e encontre nesse recolhimento, meios para seguir em frente. Ore, agradeça, olhe o que há de bom mesmo na dor e no sofrimento, e aí pode surgir o aprendizado, a evolução espiritual, a paz que vem de Deus e que conforta o ser humano.
A mensagem que você lerá a seguir é a carta mediúnica que uma mãe recebeu seis meses após sua filha desencarnar. Seu nome era Fernanda Luiza Batista dos Santos, nasceu em 03.06.1967 e desencarnou em 29.10.1980, na cidade de Franca em São Paulo. Creio que lendo essa carta, as pessoas refletirão sobre as consequências e poderão se ajudar a sair de uma situação depressiva. Que entendam que a vida lhe foi concedida para ser cuidada, amada e vivida, não para ser ceifada. Minha dor não tem fim!
“Querida
Mamãe Aparecida, abençoe a sua filha, perdoando-me o desequilíbrio a que me
entreguei, sem pensar na dor que lançava em meu próprio caminho.
Sou
trazida até aqui pela vovó Maria Honorata porque, por mim própria, não
conseguiria vir.
Sei
que alterei a família toda com a resolução infeliz.
Querida
Mãezinha, você e o papai Mauro me perdoarão se procurei aquela arma
propositadamente. Aproveitei o ruído daquele mesmo aparelho de som que a sua
bondade me deu com sacrifício para liquidar comigo!
Ninguém conseguirá imaginar o sofrimento da
infeliz menina que fui por minha própria conta! Nada sabia da vida, nem
guardava experiência alguma, entretanto, a idéia de me ausentar do mundo me
obcecava...
Não
pensei no sofrimento dos meus e nem avaliei quanto me queriam todos em casa. Um
pequenino desgosto de criança rebelde e compliquei tanta gente...
Pobre
Sam! Um amigo que nem podia tomar conhecimento de minha presença e eu a
dramatizar o inexistente!
Querida
Mãezinha, reconheço que aos pais não é preciso rogar desculpas, no entanto,
sinto-me de joelhos a lhes pedir para que me auxiliem, esquecendo-me o gesto
alucinado.
Não
sei de todo o que se passou...
Lia
com interesse a tudo quanto se referisse aos casos de amor e paixão e, antes de
me formar na fé, acreditei-me pessoa adulta quando não passava da menina que se
afundou voluntariamente num poço de lágrimas.
Tenho
recebido o socorro de vários parentes, dentre os quais me sinto mais ligada à
vovó Honorata, porque ainda não saí da posição de doente grave. Tenho o coração
doendo e a cabeça ainda bastante desorientada. A senhora, meu pai, o Walter
João e as irmãs compreenderão que não pode ser de outra maneira.
Não
tenho palavras para descrever o meu arrependimento, no entanto, deixaram-me
escrever-lhes estas notícias para que me alivie, desinibindo os meus
sentimentos sufocados.
Rogo
à Anita, à Aparecida Helena e à Glória para me perdoarem. Quando me lembrem,
por favor, não me recordem como sendo o retrato de uma criança enlouquecida de
arma na mão. Recordem-me nos momentos em que, despreocupada, não me intoxicara,
ainda, com idéias de autodestruição.
Preciso
refazer a minha própria imagem. A vó Luiza e a irmã Ana que veio até a minha
pobre presença, a pedido de nosso Carlos, muito me amparam.
Envergonho-me,
porém, de receber tantas bênçãos, quando errei calculadamente, conquanto sem
conhecimento antecipado do que fazia. Agradeço as nossas amizades que, até
hoje, me reconfortam com orações.
A
nossa benfeitora Maria Conceição de Barros, a quem o seu carinho rogou por mim,
estendeu-me as mãos e um médico de nome Doutor Ulysses, também de Franca, se
compadeceu de mim por intercessão dela.
Como
vê, não estou desvalida, porque a infinita Bondade de Deus não nos abandona.
Apenas ignoro como conseguirei rearticular o meu organismo agora dilapidado. A
vovó Honorata me consola e busca reanimar-me.
Querida
Mamãe Cida, perdoe-me e aceite-me por sua filha outra vez... Creia, Mamãe, só a
cabeça perturbada e doente me faria agir contra mim própria e contra a
felicidade dos que mais amo.
Não
posso continuar, porque o pranto não escreve e as lágrimas me asfixiam os
pensamentos com que eu desejava formar as palavras de súplica à família toda
para que me recebam novamente no coração, tal qual fui antes de minha resolução
infeliz. Deus nos proteja e me auxilie a retomar a tranqüilidade que ainda não
tenho.
O
papai e todos os meus me perdoarão com o seu apoio de mãe e eu lhe rogo,
querida mamãe, para que o seu sorriso brilhe de novo para mim, a fim de que eu
possa recomeçar a minha caminhada de esperança.
Perdoe-me
e receba em seu colo a sua filha que é hoje a sua criança doente.
Ensina-me
outra vez a pronunciar o nome de Deus com a fé que o seu carinho me transmitiu;
cante outra vez para que tanta dor me permita dormir e receba muitos beijos de
sua filha ainda errada e sofrida, mas sempre sua filha do coração por ser agora
a mais necessitada de todas.
Sempre
a sua,”
Fernanda
Fernanda
Luiza Batista dos Santos
25
de abril de 1981
Fonte da carta :
" EDIÇÃO IMPRESSA; Comunicação. Ano 47 - Nº 209 - Edição Especial - julho de 2014.
SUICÍDIO
Suicídio, não pense nisso
Nem mesmo por brincadeira…
Um ato desses resulta
Na dor de uma vida inteira.
Por paixão, Quim afogou-se
Num poço de Guararema.
Renasceu em provação
Atolado no enfisema.
Matou-se com tiro certo
A menina Dilermana.
Voltou em corpo doente,
Não fala, não vê e nem anda.
Pôs fogo nas próprias vestes
Dona Cesária da Estiva…
Está de novo na Terra
Num copo que é chaga viva.
Suicidou-se à formicida
Maricota da Trindade…
Voltou… Mas morreu de câncer
Aos quatro meses de idade.
Enforcou-se o Colombiano
Para mostrar rebeldia…
De volta, trouxe a doença
Chamada paraplegia.
Queimou-se com gasolina
Dona Lília Dagele.
Noutro corpo sofre sarna
Lembrando fogo na pele.
Tolera com paciência
Qualquer problema ou pesar;
Não adianta morrer,
Adianta é se melhorar.
(Cornélio Pires)
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: Astronauta do Além – Ed. GEEM
Grupo Espírita “Os Mensageiros”
www.mensageiros.org.br
Leia ainda:
- < www.asrevelacoesdarevelacao.com/2012/09/em-resposta-questao-ele-enderecada-no.html>
- <https://pt.wikipedia.org/wiki/Suic%C3%ADdio>
- <http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2014/10/6-sinais-de-comportamento-suicida.html>
- <http://www.vitaalere.com.br/o-suicidio/>
- <http://www.cvv.org.br/downloads/falando_abertamente_sobre_suicidio.pdf>