O homem sem sorte! Busquei a autoria desse conto africano,
mas além de não encontrá-la, me deparei com diversas versões do texto, o que se
justifica por ser ele um conto de tradição oral, portanto variando segundo a
visão e a intenção de quem o conta.Conheci o texto numa sessão de psicoterapia com a Dra. Marcia Alencar.
Ela, além de ser uma excelente profissional, é um ser humano extraordinário. Depois que iniciei meu tratamento com ela, minha vida melhorou significativamente e ganhou um novo sentido. Aprendi que tenho oportunidades, mas se eu não tirar a viseira e não quiser mudar, não as perceberei e minha vida continuaria sendo uma constante confusão mental.
Ela, além de ser uma excelente profissional, é um ser humano extraordinário. Depois que iniciei meu tratamento com ela, minha vida melhorou significativamente e ganhou um novo sentido. Aprendi que tenho oportunidades, mas se eu não tirar a viseira e não quiser mudar, não as perceberei e minha vida continuaria sendo uma constante confusão mental.
E foi com ela que descobri este excelente vídeo com a
palestra motivacional do professor e contador de histórias Roberto Carlos
Ramos, a qual você não pode deixar de assistir. E também você pode assistir ao
filme “O contador de histórias” de Luiz
Villaça, baseado na vida de Roberto Carlos Ramos.
Segundo leituras realizadas sobre o conto, descobri que
ele foi publicado em livro, pela primeira vez, através da entidade Nossa
Escola, na década de 1990. Foi narrado por Inno Sorsy, uma performer,
professora, especialista em técnica vocal e consultora na arte de contar
histórias de renome internacional, nascida na fronteira entre Gana e Togo.
O conto nos mostra exatamente que a sorte sorrirá para
todos àqueles que derem atenção para tudo o que ocorre no seu dia-a-dia, para
quem realmente perceber as oportunidades e buscá-las insistentemente.
Não deixe sua vida passar como se você não tivesse
opções,nem oportunidades, mas tenha coragem para engendrar mudanças, para
enfrentar as adversidades e tirar uma lição positiva e de crescimento em cada
vivência, seja ela desejada ou não.
Observemos que o protagonista do nosso conto teve
oportunidades. Mas ele as rejeitou quando não lhes deu a devida importância, em
detrimento da pressa, da busca frenética sem objetivo. Esta abreviou sua vida.
Ele morreu em função da sua cegueira, da sua falta de visão em não reconhecer
as oportunidades. Recusou o convite da
moça e o tesouro oferecido pela árvore, não teve discernimento e bom senso para
julgar as situações como um caminho de muitas oportunidades.
Se somos a soma dos nossos pensamentos, ele morreu como
viveu, se julgando um homem sem sorte, pois não foi capaz de reconhecer as
oportunidades.
Leia o conto:
"Vivia, perto de uma aldeia, um homem. Um homem que
era completamente sem sorte. Nada do que ele fazia dava certo. Muitas vezes ele
plantava sementes, e o vento vinha e as levava. Outras vezes, era a chuva que
vinha tão violenta e carregava as sementes. Outras vezes, ainda, as sementes
permaneciam sob a terra, mas o sol era tão quente que as cozinhava. E ele se
queixava com as pessoas, e as pessoas escutavam suas queixas, da primeira vez
com simpatia; depois com um certo desconforto; e enfim, quando o viam, mudavam
de caminho, ou entravam para dentro de suas casas, fechando portas e janelas,
evitando-o.
Então, além de sem sorte, o homem se tornou chato e muito
só. Ele começou a querer achar um culpado para o que acontecia com ele.
Analisando a situação de sua família, percebeu que seu pai era um homem de
sorte; sua mãe, esta tinha sorte por ter se casado com seu pai; e seus irmãos
eram muito bem sucedidos; pois então, se não era um caso genético, só poderia
ser coisa do Criador. E depois de muito pensar, resolveu tomar uma atitude e ir
até o fim do mundo falar com o Criador, que, como Criador de tudo, deveria ter
uma resposta.
Arrumou sua malinha, algum alimento e partiu rumo ao fim
do mundo. Andou um dia, um mês, um ano e um dia e, pouco antes de entrar numa
grande floresta, ouviu uma voz:
— Moço, ajude-me. Ele então olhou para os lados,
procurando alguém. Até que se deparou com um lobo, magro, quase sem pelos. Era
pele e osso o infeliz. Dava para contar suas costelas.
Ele falou:
— Há três meses, estou nesta situação. Não sei o que está
acontecendo comigo. Não tenho forças para me levantar daqui.
O homem refeito do susto respondeu:
— Você está se queixando à toa... Eu tive azar a vida
inteira. O que são três meses? Mas faça como eu. Procure uma resposta. Eu estou
indo procurar o Criador para resolver o meu problema.
— Se eu não tenho forças nem para ir ao rio beber água...
Faça este favor para mim. Você está indo vê-lo; pergunte o que está acontecendo
comigo. O homem fez um sinal de insatisfação e disse que estava muito
preocupado com seu problema, mas, se lembrasse, perguntaria. Virando as costas,
continuou seu caminho.
Andou um dia, um mês, um ano e um dia e de repente, ao
tropeçar numa raiz, ouviu:
— Moço, cuidado. E quando olhou, viu uma folhinha que
vinha caindo, caindo. Olhando para cima, viu a árvore com apenas duas
folhinhas.
Levantou-se e observando suas raízes desenterradas, seus
galhos retorcidos, sua casca soltando-se do tronco, falou:
— Você não se envergonha? Olhe as outras árvores a sua
volta e diga se você pode ser chamada de árvore? Conserte sua postura.
A árvore, com uma voz de muita dor, disse:
— Não sei o que está acontecendo comigo. Estou me sentindo
tão doente. Há seis meses que minhas folhas estão caindo e agora, como vês, só
restam duas... E, no fim de uma conversa, pediu ao homem que procurasse uma
solução com o Criador.
Contrariado, o homem virou as costas com mais uma
incumbência. Andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou a um vale muito
florido, com flores de todas as cores e perfumes. Mas o homem não reparou
nisto. Chegou até uma casa e, na frente da casa, estava uma moça muito bonita
que o convidou a entrar.
Eles conversaram longamente e, quando o homem deu por si,
já era madrugada. Ele se levantou dizendo que não podia perder tempo e, quando
já estava saindo, ela lhe pediu um favor:
— Você que vai procurar o Criador, podia perguntar uma
coisa para mim? É que, de vez em quando, sinto um vazio no peito, que não tem
motivo, nem explicação. Gostaria de saber o que é e o que posso fazer por isso.
O homem prometeu que perguntaria e virou as costas e andou
um dia, um mês, um ano e um dia e chegou, por fim, ao fim do mundo. Sentou-se e
ficou esperando até que ouviu uma voz. E uma voz no fim do mundo, só podia ser
a voz do criador...
— Tenho muitos nomes. Chamam-me também de Criador...
E o homem contou então toda a sua triste vida. Conversou
longamente com a voz, até que se levantou e, virando as costas foi saindo,
quando a voz lhe perguntou:
— Você não está se esquecendo de nada? Não ficou de saber
respostas para uma árvore, para um lobo e para uma jovem?
— Tem razão. E voltou-se para ouvir o que tinha que ser
dito.
Depois de um tempinho, virou-se e correu mais rápido que o
vento, até que chegou na casa da jovem. Como ela estava em frente à casa,
vendo-o passar chamou:
—Ei! Você conseguiu encontrar o Criador? Teve as respostas
que queria?
—Sim! Claro! O Criador disse que minha sorte está há muito
no mundo. Basta ficar alerta para perceber a hora de apanhá-la!
— E quanto a mim, você teve a chance de fazer a minha
pergunta?
— Ah! O Criador disse que o que você sente é solidão.
Assim que encontrar um companheiro, vai ser completamente feliz, e mais feliz ainda
vai ser o seu companheiro.
A jovem então abriu um sorriso e perguntou ao homem se ele
queria ser este companheiro.
— Claro que não. Já trouxe a sua resposta. Não posso ficar
aqui perdendo tempo com você. Não foi para ficar aqui que fiz toda esta jornada.
Adeus!
Virando as costas, correu, mais rápido do que a água, até
a floresta onde estava a árvore. Ele nem se lembrava dela.
Mas quando novamente tropeçou em sua raiz, viu caindo uma
última folhinha. Ela perguntou se ele tinha uma resposta, ao que o homem
respondeu:
— Tenho muita pressa e vou ser breve, pois estou indo em
busca de minha sorte, e ela está no mundo.
O Criador disse que você tem, embaixo de suas raízes, uma
caixa de ferro cheia de moedas de ouro. O ferro desta caixa está corroendo suas
raízes. Se você cavar e tirar este tesouro daí vai terminar todo o seu
sofrimento, e você vai poder virar uma árvore saudável novamente.
— Por favor! Faça isto por mim! Você pode ficar com o
tesouro. Ele não serve para mim. Eu só quero de novo minha força e energia. O
homem deu um pulo e falou indignado:
— Você está me achando com cara de quê? Já trouxe a
resposta para você. Agora resolva o seu problema. O Criador falou que minha
sorte está no mundo, e eu não posso perder tempo aqui, conversando com você,
muito menos sujando minhas mãos na terra.
Virando as costas, correu, mais rápido do que a luz
atravessou a floresta, e chegou onde estava o lobo, mais magro ainda e mais
fraco.
O homem se dirigiu a ele apressadamente e disse:
— O Criador mandou lhe falar que você não está doente. O
que você tem é fome. Está a morrer de inanição e, como não tem forças mais para
sair e caçar, vai morrer aí mesmo. A não ser que passe por aqui uma criatura
bastante estúpida e você consiga comê-la.
Nesse momento, os olhos do lobo se encheram de um brilho
estranho e, reunindo o restante de suas forças, o lobo deu um pulo e... nhac!
comeu o homem "sem sorte"."
Fonte do conto e do vídeo:
<http://www.nossaescola.com.br/unidade1/blog.php?id=MTU4OA==>
<https://m.youtube.com/watch?v=lxQnFSgSnz8>
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