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Odete Soares Rangel
Parte da "Pont des Arts" ou "Passerelle des
Arts" (1802-1804) que atravessa o rio Sena em Paris (França) desabou.
Ela é conhecida mundialmente pelos milhares de cadeados de amor presos às grades, pelos casais enamorados, em sua maioria
turistas, como símbolo da sua união, cujas chaves são jogadas no rio Sena.
Parece óbvio que teria sido o peso desses objetos que fez
parte dela (alambrado) ruir na tarde de ontem, fazendo com que o local fosse
evacuado. Mas as causas ainda estão sendo investigadas pela prefeitura. Segundo
informações da mídia, a polícia parisiense teria afirmado que não houve
vítimas. Um painel foi colocado no local.
Esse assunto já foi bastante debatido, muitos reclamam desse hábito, por considerarem-no
prejudicial a segurança dos habitantes, como também a qualidade de vida da
cidade.
Apesar das posições contrárias à prática, os
apaixonados continuam depositando os cadeados, o que se justifica pela lenda
que diz: "para um casal se manter
eternamente apaixonado deve colocar um cadeado com suas iniciais na ponte,
trancá-lo e jogar a chave no rio Sena."
Creio que a lenda tem a ver com o que nós encontramos no dicionário de símbolos. "Ponte, elemento de ligação entre seres espacialmente separados; neste sentido símbolo muito difundido de ligação e intermediação. Entre muitos povos encontra-se uma ponte que liga o céu e a terra, frequentemente na forma do arco-iris. Muitas vezes é o caminho que as almas devem percorrer após a morte. P. ex. , no islamismo ela é mais estreita que um fio de cabelo e mais lisa que a lâmina de uma espada, de modo que os condenados caem no inferno, enquanto os eleitos mais rápida ou mais lentamente - dependendo dos seus méritos - chegam por ela ao paraíso."
Paraíso na maioria das civilizações e religiões é a expressão das imaginações de um estado primordial ou final feliz e bem-aventurado.
Já o rio , por causa do seu fluir, é símbolo do tempo e da transitoriedade, mas também de contínua renovação. A afluência de todos os rios ao mar é considerada símbolo da união entre individualidade e absoluto. É em busca desse elo forte de ligação, desse união feliz e bem-aventurada, dessa contínua renovação, que os casais apaixonados depositam seus cadeados na ponte, na esperança de uma união feliz e duradoura.
Sabe-se que a lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida oralmente. Se conseguirão se manter apaixonados não sabemos, se será permitido continuar depositando os cadeados também não, mas o certo é que se continuarem depositando seus cadeados, uma nova ponte será necessária, pois a Pont des Arts não suportará essa enorme carga.
Fonte: BECKER, Udo. Dicionário de símbolos. São Paulo: Paulus,. 1999.
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