Ilustrado por Mellany Soares Kulcynski
"Quando eu era criança, a
minha mãe gostava de fazer, de vez em quando, um lanche à hora de jantar.
Lembro-me especialmente de um desses lanches, feito por ela após um dia de
trabalho muito cansativo.
A minha mãe colocou um prato com
ovos, linguiça e torradas na mesa, diante do meu pai. As torradas estavam
bastante queimadas e eu recordo-me de ficar à espera de que alguém reparasse
nesse pormenor. O meu pai pegou numa torrada, sorriu para a minha mãe e perguntou-me
como tinha corrido o dia na escola.
Não me lembro da resposta que
dei, mas lembro-me do gosto com que ele comeu aquela torrada, depois de a
barrar com manteiga e compota. Quando saí da mesa, a minha mãe pediu desculpa
ao meu pai pelas torradas queimadas. Ouvi-o responder:
— Não te preocupes, querida. Eu adoro torradas queimadas.
Quando, mais tarde, fui dar um
beijo de boas-noites ao meu pai, perguntei-lhe se tinha gostado realmente da
torrada queimada. Respondeu de uma forma que nunca esquecerei:
— Filho, a tua mãe teve hoje um
dia de trabalho muito cansativo e estava exausta. Além disso, uma torrada
queimada não faz mal a ninguém. A vida está cheia de imperfeições e não há
pessoas perfeitas. Eu também não sou um cozinheiro perfeito e nem sequer um
funcionário perfeito…
Ao longo dos anos, tenho
constatado e aprendido que, uma das chaves mais importantes para estabelecer
relações saudáveis e duradouras, é saber aceitar as imperfeições dos
outros."
Autor: Desconhecido
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