Odete Soares Rangel
Marta Medeiros e suas crônicas
reflexivas. Que ao final da leitura desta crônica, tenhamos aprendido a utilidade de cada coisa, que o
lobo nem sempre está vestido de pele de cordeiro, que dizer sim a inércia e ao
medo cria novas oportunidades, que se livrar das amarras e bloqueios é a única
forma de crescimento pessoal, e, por fim,que devemos praticar bastante essa nova forma de fazer amor. Vamos dançar,
dançar e dançar! Pela vida e para a
vida.
"Reclamar do tédio é fácil,
difícil é levantar da cadeira para fazer alguma coisa que nunca se fez. Pois
dia desses aceitei um desafio: fiz uma aula de dança de salão. Roxa de vergonha
por ter de enfrentar um professor, um espelho enorme, outros alunos e meu total
despreparo. Mas a graça da coisa é esta, reconhecer-se virgem. Com soberba não
se aprende nada. Entrei na academia rígida feito um membro da guarda real e saí
de lá praticamente uma mulata globeleza.
Na verdade o simples prazer de
dançar bastaria para justificar a prática, mas vivemos num mundo onde todos se
perguntam o tempo todo “para que serve?”. Para que serve um beijo, para que
serve um ler, para que serve um pôr-do-sol?
É a síndrome da utilidade. Pois
bem, dançar tem sim uma serventia. A dança nos ensina a ter confiança, se é que
alguém ainda se lembra o que é isso.
Hoje ninguém confia, é verbo em
desuso. Você não confia em desconhecidos e também em muitos dos seus
conhecidos. Não confia que irão lhe ajudar, não confia que irão chegar na hora
marcada, não confia seus segredos, não confia seu dinheiro. Dormimos com um
olho fechado e outro aberto, sempre alertas, feitos escoteiros. O lobo pode
estar a seu lado, vestindo a tal pele de cordeiro.
Então, de repente, o que alguém
pede de você? Que diga sim. Que escute atentamente a música. Que apóie seus
braços em outro corpo. Que se deixe conduzir. Que não tenha vergonha. Que
libere seus movimentos. Que se entregue.
Qualquer um pode dançar sozinho.
Aliás, deve. Meia hora por dia, quando ninguém estiver olhando, ocupe a sala,
aumente o som e esqueça os vizinhos.
Mas dançar com outra pessoa,
formar um par, é um ritual que exige uma espécie diferente de sintonia.
Olhos nos olhos, acerto de ritmo.
Hora de confiar no que o parceiro está propondo, confiar que será possível
acompanhá-lo, confiar que não se está sendo ridículo nem submisso, está-se
apenas criando uma forma diferente e mágica de convivência.
A seguir a letra da música Dança
do Amor, com Tânia Alves.
Leva um lero
Que o bolero é longo
E a vida num dado momento
Pode ter a duração
O tempo de uma canção
E se não for salvo pelo gongo
Um sinal faço se for preciso
Ao maestro peço um improviso
Como solução
Besame mucho
Fascinação
Lucho gatica
Recuerdos de mi corazon
No final de tudo não me iludo
Teu coração já me pertence
Pois na dança do amor
Quem vence
É sempre a paixão
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