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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Milhas TAM - E-mail falso

Odete Soares Rangel


Se você receber algum e-mail semelhante a este, não click em link algum, delete-o imediatamente,  
trata-se de mais um dos milhares de e-mails falsos que recebemos diariamente.


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terça-feira, 29 de novembro de 2011

A flor da Amizade

Odete Soares Rangel

A Flor da Amizade...

Andando pelas calçadas da vida encontrei
Uma semente que estava no chão jogada
Levei para casa e no meu jardim plantei
Contava os dias, para ver logo brotada.

Aguei, cuidei, até que finalmente ela brotou
Suas verdes folhinhas começaram a crescer
Acompanhei o botão que começou a aparecer
Fiquei na expectativa e uma flor desabrochou.

Era grande a flor que ali surgiu
Diferente de uma beleza sem igual
Fiquei olhando e ela me sorriu

Encantadora verdadeira raridade
Falou seu nome era muito especial
Muito prazer me chamo AMIZADE!

Carol carolina


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Lição de uma gato siamês - Ferreira Gullar

Odete Soares Rangel
Muraldosescritores.ning.com
Ferreira Gullar, o poeta dos poetas!


Ele costuma dizer que a poesia não vale a pena, mas não tem escapatória. Vamos relembrar o seu poema A lição de um gato siamês, um dos mais belos da obra Muitas Vozes, cujo título sempre me intrigou, já que o tema dele é a morte. Quem sabe você leitor tem algo a me dizer.
Só agora sei
que existe a eternidade:
é a duração
      finita
      da minha precariedade
 
O tempo fora
de mim
            é relativo
mas não o tempo vivo:
esse é eterno
porque afetivo
— dura eternamente
    enquanto vivo
 
E como não vivo
além do que vivo
não é
tempo relativo:
dura em si mesmo
eterno (e transitivo)

Gullar, Ferreira. Muitas vozes. Ed. José Olympio.

domingo, 27 de novembro de 2011

Machado de Assis, um investigador da alma humana

Odete Soares Rangel

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, na cidade do Rio de Janeiro. O carioca é filho de  Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, mas nem sua infância pobre atrapalhou seus planos de escritor. Ele é um ícone na história da literatura brasileira.

Perdeu sua mãe ainda pequeno e o pai aos 12 anos, então foi criado por Maria Inês, sua madrasta. Sua situação financeira não lhe permitia apenas estudar, assim dividiu seu tempo entre estudar e vender doces, quando menino.

Assimilava os conteúdos com facilidade, isso lhe possibilitou  construir sua vasta cultura literária como autodidata.

Em 12.01.1855, Machado publicou seu primeiro trabalho: a poesia "Ela" na revista Marmota Fluminense. Em alguns escritos sobre o autor, consta como se fosse "A Palmeira", mas na verdade, esta foi publicada logo a seguir, em 16/01/1855.

De 1856 a 1858, atuou como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional. Foi nessa época que conheceu o escritor Manuel Antônio de Almeida de quem tornou-se amigo.

Em 1858, começou a trabalhar como revisor na Tipografia e Livraria Paula Brito. Fez amizade com vários intelectuais e passou a escrever assiduamente em vários jornais e revistas cariocas (contos, crônicas, crítica).

Nos anos de 1859 e 1860, Machado escreveu para o Correio Mercantil, Diário do Rio de Janeiro, O Espelho, A Semana Ilustrada e Jornal das Famílias.


Na década de 1860, consolidou sua carreira profissional como revisor e editor. Foi nessa época, que conheceu Faustino Xavier de Novais, diretor da revista “O futuro” e irmão de sua futura esposa.


Como tradutor, teria ele publicado "
Queda que as mulheres têm para os tolos"  em cinco capítulos, no período de 19 de abril a 3 de maio de 1861, na revista carioca A Marmota. Muitos escritores questionam essa autoria, já que Machado nunca trouxe indicação de autoria ou tradução da obra.


Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poesias "Crisálidas" em 1864, a partir daí o sucesso veio com a publicação do romance “Ressurreição” em 1872.

A vida de intelectual foi amparada por uma promissora carreira constituída no funcionalismo público.

No ano de 1874, escreveu o romance “A mão e a luva” em uma sequência de publicações realizadas dentro do jornal O Globo, na época, mantido por Quintino Bocaiuva.


Atingindo uma popularidade inesperada, passou a produzir sempre mais. Durante as comemorações do tricentenário de Luís de Camões, produziu uma peça de teatro encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II.


Entre 1881 e 1897, o jornal Gazeta de Notícias abrigou grande parte daquelas que seriam consideradas suas melhores crônicas.


Foi em 1881 que se consolidou o sucesso pela publicação do romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas” que marca o início da sua obra realista. Um dos textos mais importantes para o realismo na literatura brasileira.

Os romances de Machado estão classificados em duas fases. Na 1ª fase, temos : Ressurreição (1872); A mão e a luva (1874); Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). Na 2ª fase: Memórias póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1899); Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).


Li muitos dos contos de Machado de Assis, iniciando pelo Alienista. Neste, em particular, Machado faz uma sátira feroz da crença generalizada no poder da ciência, que tudo explicaria, inclusive a mente humana. Com a criação do Doutor Simão Bacamarte, o médico dos loucos, Machado mostra que a vida não é tão simples como parece.


A leitura de toda a sua obra é indispensável, são narrativas que exploram a loucura, o adultério, a alma feminina, a sedução e vão construindo teias que enredam e apaixonam o leitor ao tentar desvendar a psicologia usada por ele para analisar o ser humano. Aqui vão algumas sugestões de leitura. "A igreja do diabo", Cantiga de esponsais", "Singular ocorrência", "A cartomante", "A causa secreta", "Um Apólogo", "Missa do galo", "Uns braços", "Um homem célebre" e "Teoria do Medalhão". Adorei todos eles.


Em 1897, ele foi eleito o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.

Ele mantinha uma ampla rede de amizades com escritores famosos como José de Alencar, Gonçalves Dias, Manoel de Macedo e Manoel Antônio de Almeida. E foi essa que lhe abriu portas para um outro importante passo na história da literatura brasileira. Em reuniões  com José Veríssimo (amigo e escritor) discutiu as primeiras medidas para a criação da Academia Brasileira de Letras, projeto apoiado por outros escritores e que lhe rendeu o titulo de o primeiro presidente da instituição. Em 1908, em decorrência de sua morte, foi sucedido por Rui Barbosa.


Machado de Assis faleceu no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908, deixando uma enorme lacuna na literatura brasileira.

Sou uma profunda admiradora das obras de Machado de Assis, por isso compilei alguns dos melhores links sobre a trajetória do escritor e estou compartilhando com você.

Click nos links e você encontrará o material mais vasto e específico sobre o escritor. O primeiro deles é um dos mais completos. Visite-os.

http://machado.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=166:conto&catid=34:obra-completa&Itemid=123

sábado, 26 de novembro de 2011

O visitante

Odete Soares Rangel



Amamos esse visitante. Diariamente ele se põe sobre nossa janela, beija todas as flores, dá uma espiada para dentro de casa, faz suas honras e vai embora. 
o

No dia seguinte, lá estamos nós tomando nosso chimarrão e torcendo para que ele reapareça. E quando o vimos é uma festa, uma correria atrás da câmera para fotografá-lo. As vezes se assusta e vai embora. Mas hoje estava comportado. 

Mas ele não é o único visitante, temos um outro. O Bernardo, filho do nosso vizinho ao lado, que costuma bater a nossa porta para fazer sua vistoria, como ele diz. Eu amo essa vistoria, dou uns abraços gostosos nele, ele é muito fofo.

É um barato, ele tem 6 anos, vai em todas as peças da casa, acende todas as luzes, e tece seus comentários. Por vezes senta, conversa, nos faz companhia nos bombons, depois vai embora. Ele é uma paixão, adoramos essa vistoria, a Daisy sua mãe é que não gosta muito, acha que ele está incomodando. Para nós é uma alegria enorme, amamos essa criança e adoramos as visitas. É energia pura!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

English's abbreviations

Odete Soares Rangel

Minha sobrinha está morando nos EUA, sempre vejo ela escrever umas abreviaturas no facebook  que não sabia o que significavam, como por exemplo, lol. Então decidi  perguntar a ela e pesquisar para descobrir os significados. Agora que já sei, estou compartilhando com você.

AFAIK = as far as I know
AFK = away from the keyboard
AKA = also known as
ASAP = as soon as possible
ASL = age, sex, location
B4 = before
BBL = be back later
BBS = Ill be back soon
BCNU = be Seeing You
BFN = bye, for now
BRB = be right back
BTW = by the way
CUL8R = see you later
FAQ = frequently answered question
FYI = for your information
GTG, G2G = = got to go
GR8 = great
HAK = hugs and kisses
HTH =  hope this help
IAE = in any event
IMHO = in my humble opinion
IMO = in my opinion
IRC = internet relay chat
LOL = laughing out loud
MOFO = mother fucker
MORF = male or female
NFW = no fucking way
NP = no problem
NRN = no reply necessary
OIC = oh I see
OMG = oh my God
OTOH = on the other hand
PLS = please
PPL = people
PVT = private
R = are
ROTFL = rolling on the floor laughing
RUOK = Are you ok?
TIA = thanks in advance
TKS = thanks
TLKTME = talk to me
TTYL = talk to you later
U = you


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Papiro Derveni

Odete Soares Rangel

 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro_de_Derveni

Falar do Papiro de Derveni (1962) é como flutuar nas nuvens. Na literatura existente, há algumas informações divergentes no que se refere a linha do tempo e a sua  recuperação. Enquanto alguns atribuem-lhe a data do século V a.C., outros fazem alusão a  inferências que levam-nos a acreditar que ele seja bem mais antigo, possivelmente da metade do século IV a.C. Também as partes recuperadas, enquanto alguns autores se referem a 200 fragmentos, outros estimam que tenham sido 266.

"O Papiro de Derveni, datado do século V a.C., é um papiro da Grécia Antiga. O documento é um tratado filosófico em um poema órfico e se refere ao gênese, o conhecimento de Deus, o misticismo e à cerimônias religiosas que levam ao monoteísmo. É considerado o manuscrito mais antigo da Europa." (Wikipédia)

Ainda segundo a wikipédia, o texto é o comentário de um poema hexâmetro atribuído a Orfeu que inicia com as palavras “Feche as portas, tu, iniciante”, uma famosa advertência ao segredo recontado por Platão.  A teogonia descrita no poema tinha a Noite dando à luz ao Céu (Urano), que se tornou o primeiro rei. Cronos (o tempo) vem em seguida e toma o reinado de Urano, mas é sucedido por Zeus. Este tendo ouvido oráculos de seu pai, vai até o santuário da Noite, que conta a ele “todos os oráculos, os quais em seguida ele colocaria em efeito”. Ao ouvi-los, Zeus engoliu o falo (do rei Urano), que primeiro tinha ejaculado o brilho do céu.

Nos campos da filosofia e da religião grega, uma das mais importantes descobertas dos tempos modernos foi o Papiro de Derveni (1962). Ele foi encontrado em um sítio arqueológico em Derveni, na Macedônia, ao nordeste da Grécia, próximo de Tessalônicano túmulo de um homem nobre, em uma necrópole que fazia parte de um rico cemitério que pertencia à antiga cidade de Lete. Nesse, existia um grupo de seis tumbas, o papiro encontrava-se no lado externo da tumba A,  entre os destroços de uma pira funerária.

Apesar do clima da Grécia não ser propício à preservação de papiros, as chamas carbonizaram e preservaram o Derveni que subsistiu as chamas por mais de 2300 anos. Embora chamuscado, ele permaneceu enterrado no alto da tumba do nobre até ser encontrado por operários durante os trabalhos de construção da Estrada Nacional de Thessaloniki para Kavala quando, então, eles desenterraram a antiga necrópole onde estava o nobre macedônio.

Arqueólogos retiraram-no de sua antiga pira. Até hoje,  é o mais antigo Papiro encontrado na Europa, o que leva pessoas como jornalistas a considerarem-no "O mais velho livro da Europa". É o mais antigo Papiro grego e literário conhecido. O texto consiste em duas partes: Uma, escatológica, que fala de sacrifícios aos mortos, de punições para quem age erroneamente; a outra cita trechos de rapsódias órficas acompanhados de comentários  do autor. Alguns autores consideram-no o mais importante texto do século quinto, desde a Renascença.

Apesar de parcialmente carbonizado, o papiro se preservou de putrefação, sendo possível a sua reconstituição. Anton Fackelman recuperarou 200 fragmentos do Papiro que resultaram em 26 colunas, cada uma com cerca de 15 linhas. Mas há quem se refira a 266 pedaços recuperados, com tamanhos variando entre 2-3 centímetros a alguns milímetros, os quais permitiram a reconstrução do papiro, cujo texto fora distribuído em 26 colunas.

A olho nu, o texto era praticamente ilegível, mas através de infravermelho com vibrações com um comprimento de 1000 nm (nanometer, an SI unit of length, equal to 10−9 m (a billionth of a meter) foi possível decifrá-lo.

O papiro é mantido no Museu Arqueológico de Thessaloniki.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dom Casmurro, um pouco de intertextualidade - Machado de Assis

Odete Soares Rangel

Em Dom Casmurro o conflito se estabelece a partir da imaginação de Bentinho, quando suspeita do adultério cometido por Capitu com Escobar, assim o enigma está nele e não em Capitu. 

A história narrada em 1ª pessoa, por Bentinho, faz com que os acontecimentos por ele relatados sejam questionáveis, haja vista termos apenas o seu ponto de vista.

Apesar de Capitu e Bentinho terem vivido felizes por algum tempo,essa realidade desmorona quando O marido narrador evolui para um clima especialíssimo de poesia envenenada... Bento, inseguro e ciumento, desconfia que fora traído conforme mencionei no início. 

Escobar, o suposto rival tinha contra si os fatos de Capitu ter chorado em seu enterro e de os olhos de Ezequiel, filho de Bento e Capitu, serem parecidos com os dele, inclusive o menino imitava-o com perfeição. 

As infundadas suspeitas de Bento levaram-no a rebaixar  a  Capitu forte e decidida, à condição de interesseira e dissimulada. Ele, que antes, a obedecia, agora vê nela uma pessoa digna de riso, passando a difamá-la. Os ciúmes de Bento já existiam mesmo antes da paternidade e do casamento. Quando adolescente, ele queria agredi-la, julgá-la e perdoá-la por crimes imaginados por ele, segundo sua necessidade íntima, fatos que justificam sua postura. Ele pode ser visto como o algoz que se fazia de vítima, uma figura obscura. 

Quanto ao narrador, é certo que o ciumento da Glória já existia pronto e acabado no menino de Matacavalos. A acusação dele nas exposições sobre Capitu, quer procedente ou não, é fato. Os sentimentos de menino foram extremados quando fez-se homem, tornou-se uma pessoa amargurada e sofrida, assim não conseguia ter uma relação verdadeira e prazerosa, vivia atormentado por seu próprio fantasma, contrariamente a Capitu que representa uma força de caráter superior a dos demais personagens. Segundo Roberto Schwartz, o novo Bento Santiago, nasce da junção de vontades confusas, em parte, inconfessáveis (o ciúmes, os apetites sexuais diversos) com a autoridade patriarcal. Essa obra é marcada pela ambiguidade dos destinos de Bentinho, Capitu e Ezequiel.

As relações estão centradas, inicialmente, em D. Glória, a proprietária cuja dominação sugere uma autoridade paternal. Ela convive com parentes dependentes, aderentes e escravos. Seu autoritarismo é tanto que traça para o filho o destino do sacerdócio, persuadindo-o a fazer o que ela quer. A dependência está atrelada à autoridade dos proprietários. Dona Glória ao enviuvar adquire muitos bens e passam a viver de rendas. Ela é boa, devota, apegada ao filho e voltada para os serviços da casa. O mando dela não decorre da índole de chefe, mas de ser proprietária.

José Dias é o agregado, um falsário que vive de favores na casa de D. Glória, desta forma não pode ser considerado um homem livre e independente. Em dado momento ele age com extremos de mãe e atenções de servo em relação a Bentinho já que era considerado conselheiro da família. Apesar disso, ele não passava de um moleque de recados, um fingidor que se desmembrava em adulações quando tratava com os superiores. Quando trata com seus similares, eleva-se em dignidade. Esta reside não no que ele é, mas no prestígio que a família lhe dispensa. Inicialmente, José Dias foi submisso ao marido de dona Glória, depois a ela e finalmente ao filho, fato que moldou-o pela necessidade de agradar e servir aos patrões. Fora dessa família ele não se concebe como indivíduo.

Bento enquanto solteiro, submete-se a Dona Glória. Ele não consegue expressar suas idéias, suas vontades, como ocorreu quando ia dizer a sua mãe que não podia ser padre, pois queria casar com Capitu, apenas consegue dizer eu só gosto de mamãe. Ele foge da realidade para a imaginação, tentando encontrar outra saída, ao contrário de Capitu que é forte o bastante para não se desagregar perante a vontade superior. Sujeita-se, também, a Capitu, porém após sua formatura e casamento, torna-se proprietário e chefe de uma família abastada, sua condição muda para autoridade. O ciúme, continua a perturbá-lo. Com suas suspeitas em relação a Capitu, o menino transformou-se em um homem ciumento, um advogado que deixa de ser filho e torna-se marido e proprietário. "[...] Bento deixa de ser filho e se torna marido e proprietário: o seu coração atrapalhado e de "brasa", agora não tem mais como ser contrastado e vai mandar [...]".(Roberto Schwartz). É como se fosse senhor de tudo e vai exigir dos outros relação de dependência, semelhante a de José Dias em relação a Dona Glória.

Capitu é inteligente e possui independência de espírito, ela sobressai-se pela capacidade de reflexão e tomada de decisão, fatores que levam-na a não sujeitar-se ao paternalismo. Conforme Schwartz, Capitu desde cedo fora ambiciosa, calculista, oblíqua e inimiga da sogra. É como se ela viesse substituir o lugar de D. Glória, com ela, Bento poderia realizar tudo quanto desejava. Capitu é o oposto de José Dias no que se refere a dependência. Capitu ao casar-se muda sua condição de vida modesta para a de uma mulher com posses, sente-se liberta. Entretanto, os ciúmes do marido mantêm-na presa em casa.

Vemos que Dom Casmurro como Memórias Póstumas de Brás Cubas relata situações de um tempo passado. Ambos são narrados em 1ª pessoa, assim podem ter ocorrido de maneira diversa a apresentada ao leitor. Brás decide escrever suas memórias começando pela sua morte, Dom Casmurro narrado pelo velho Bento Santiago, apelidado Dom Casmurro, apresenta a história do seu relacionamento amoroso com Capitu e o afastamento deles. 

Dom Casmurro é linear, Memórias Póstumas não. Em ambas as obras temos a presença de digressões, embora em Memórias Póstumas elas sejam mais constantes. Em Brás Cubas, o personagem narrador está morto; em Dom Casmurro, à exceção do personagem narrador, todos os demais personagens estão mortos. Assim, Bentinho pode falar sem temores, aproximando-se de Brás Cubas que nada temia. O adultério praticado por Virgília com Brás em Memórias Póstumas de Brás Cubas é transparente, em Dom Casmurro não dá para afirmar se houve traição de Capitu e Escobar contra Bento Santiago, o que parece mais ser fruto da imaginação fértil deste. 

Concordo com Schwartz quando comenta que Bento foi ver Otelo e interpretou erroneamente o que assistiu, diz ele [...]: a personagem narradora distorce o que vê, deduz mal, e não há razão para aceitar a sua versão dos fatos. Em Brás Cubas o filho de Brás e Virgília morre e ela vai embora. Em D. Casmurro, a criança sobrevive e juntamente com a mãe parte para a Europa. 

Brás Cubas passou pela vida inutilmente, não conseguiu a fama com seu emplastro, não foi ministro, não teve filhos, mostra-se descrente e pessimista frente a vida, exterioriza uma visão cínica, irônica e desencantada de si próprio e dos outros. Em Dom Casmurro, Machado faz uma crítica psicológica e social através da ironia. Bento Santiago casou, teve filho, mas após suspeitar da dupla traição pela mulher amada e seu melhor amigo, torna-se um Dom Casmurro, amargurado, sofrido, incapaz de ter o prazer amoroso de antes, destruiu o que lhe era mais valioso: Capitu. Depreende-se que Dom Casmurro já estava dentro de Bentinho, pois o menino era desconfiado e ciumento. Ver você dormir/Me corta o coração/Se o seu sorriso/É sonho ou traição. Neste verso da música do Kid Abelha, há uma identificação com o tema de Dom Casmurro.

Veja algumas das diferenças e semelhanças, existentes entre D. Casmurro de Machado de Assis e Otelo de Shakespeare. A narrativa em D. Casmurro está em 1ª pessoa e versa sobre a infância e a relação amorosa de Bentinho e Capitu, até a separação. Esta, decorreu do fato de Bentinho suspeitar que Capitu e Escobar, seu melhor amigo, traíram-no.

Já na tragédia de Otelo, a história de um general mouro negro, que instigado por seu subalterno Iago, quase vai a loucura por ciúmes de sua mulher Desdémona, ele a mata por suspeitar que estava sendo traído por ela e Cássio. Entretanto, tardiamente, descobre que se equivocara, a mulher sempre lhe fora fiel. "[...] Além de ser um homem que sempre tivera valores absolutos e se desilude, Otelo é também um homem que ao longo de toda vida, havia usado a morte como solução de conflitos" (Bárbara Heliodora).

Iago, para provar a infidelidade de Desdémona, conseguiu e entregou a Otelo um lenço que fora da mãe deste, com o qual havia presenteado a esposa. Desdémona, por descuido, deixara cair em seu quarto. Em Dom Casmurro, a prova para a infidelidade de Capitu, são os olhos de Ezequiel que seriam iguais aos de Escobar segundo Bento Santiago. Eles, também, eram muito semelhantes e o menino imitava Escobar com perfeição.

O ciúme começou quando da visita de José Dias, o agregado da família Santiago, ao seminário. Nesta, ele insinua a Bentinho que Capitu estava alegre e que não sossegaria enquanto não encontrasse com quem casar. "Tem andado alegre, como sempre; é uma tontinha. Aquilo enquanto não pegar algum peralta da vizinhança, que case com ela [...]" (D. Casmurro, p. 133). Excessivamente ciumento, Bentinho fez a leitura de que se Capitu andava tão alegre, era porque já namorava outro. Foi nesse momento que iniciaram suas suspeitas em relação à traição de Capitu. O ciúme aumentou à insegurança de Bento, destruindo o que ele mais valorizava: Capitu.

Em Otelo, o ciúme extremou o orgulho que acabou por matar a inocente Desdémona. É Iago quem incita Otelo a acreditar no suposto adultério cometido por ela com Cássio, tenente de seu exército.

Sendo Dom Casmurro narrado em 1ª pessoa, Bentinho é o personagem-narrador, assim ele conta os fatos segundo sua visão, desse modo, ficamos impossibilitados de ter certeza da inocência de Capitu; em Otelo, a tragédia se constitui de falas, que nos dão a certeza da inocência de Desdémona.

Bentinho, submisso a Capitu fazia o que ela lhe determinava; para Desdémona tudo o que Otelo dizia era lei.

No início das duas obras, está demonstrado o preconceito social. Capitu e Bentinho eram de classes sociais diferentes; em Otelo é o caso de uma mulher branca, que casa-se com um negro, além de possuirem grande diferença de idade e culturas completamente diferentes.

Os títulos de ambas as obras, deram-se pelo nome dos personagens principais. D. Casmurro, dá sua própria interpretação ao apelido: "Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia [...]" (D. Casmurro, p. 33). Esse lhe fora atribuído por um viajante que ao recitar-lhe alguns versos, constatou-o de olhos fechados.

Capitu e Desdémona não mudaram seu modo de ser, porém Bento e Otelo se modificaram influenciados pelos ciúmes. Assim, acabaram com a vida das duas personagens embora de formas distintas: abandono de Capitu e morte de Desdémona.

Se você desejar ler o texto integral, acesse o link http://www.livrosgratis.net/download/565/dom-casmurro-machado-de-assis.html e faça o download.