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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Alma de poeta, coração e voz do povo!

Odete Soares Rangel

INTRODUÇÃO

Atendendo as exigências da disciplina Lazer e Recreação do curso Técnico em Hotelaria do CEDUP-JL reuni materiais diversos para elaborar este trabalho sobre o folclore em Santa Catarina, especialmente, na ilha catarinense. Nas pesquisas realizadas na biblioteca pública e fontes diversas, não encontrei material completo, nem compilado sobre o assunto. Também há algumas informações divergentes e pouco esclarecedoras quando contrastadas as fontes.

Este trabalho, obviamente, não pretende esgotar o assunto, mas sim registrar alguns dos eventos folclóricos catarinenses mais importantes, tais como: o Boi-de-Mamão, o Pau-de-Fitas, o Cacumbi, danças e cantigas da Ratoeira, o Terno-de-Reis, a Farra do Boi, a Festa do Divino, etc, especialmente, aqueles que ocorrem na cidade de Florianópolis.

Florianópolis que possui mais de 280 anos, outrora denominada “Nossa Senhora do Desterro”, em 1º de outubro de 1894, após o massacre aqui ocorrido, passou assim a ser chamada. Floriano+pólis; “Floriano” em homenagem ao segundo Presidente da República Marechal Floriano Peixoto e “pólis” cidade, o que significa ''Cidade de Floriano".

“Folclore pode ser entendido como o conjunto dos costumes e tradições de um povo, um gênero da cultura popular transmitido na oralidade”. O dia nacional do Folclore, 22 de agosto, foi oficializado no Brasil pelo Presidente Castelo Branco, em 1965. Em Santa Catarina, essa data foi oficializada em 1970, por ato do Governador Ivo Silveira.

O primeiro congresso Brasileiro do Folclore ocorreu no Rio de Janeiro em 1951, nascendo aí a “Primeira Carta do Folclore Brasileiro”. Você pode conhecer o texto, acessando o link  http://www.geranegocio.com.br/html/arte/p21.html.

O foco deste trabalho é a cultura local, que pelas influências que vem recebendo, vai se modificando e se adequando, em alguns casos perdendo sua identidade cultural e originalidade. Todas essas nuances serão mostradas no corpo do trabalho.

                            As estrelas para existirem, não carecem nem do olhar,
nem da cosmografia. As obras de arte, no entanto, não
existem senão pelo fato de existir um espírito que as
acolhe e as ordena. (PICON, Gaëtan in Variações lírico-
pictóricas  sobre o Boi-de-Mamão)


1 DESENVOLVIMENTO


1. 1 Cultura


As músicas, danças, cantigas e festas estão interligadas; por exemplo, as danças acompanham as músicas em vários rituais folclóricos. A música caracteriza-se pela simplicidade, sonoridade, monotonia e lentidão. Para melhor exemplificar seguem algumas considerações sobre a cultura local e açoriana.

A cultura aqui abordada não é a açoriana, mas a local, com formação própria e que se desenvolveu através de influências diversas e múltiplas, embora os colonizadores açorianos tenham sido o principal elemento de formação do povo que habita a zona litorânea de Santa Catarina.

Três vertentes foram identificadas na formação da cultura local: a) a açoriana, dos constituidores da população; b) a vicentista, dos instituidores do Estado; c) a carijó, dos fundadores da economia.


Milhões de carijós que habitaram a região catarinense desapareceram no combate desigual com os brancos invasores. Deve-se a eles as bases culturais que contribuíram para a sobrevivência dos açorianos e madeirenses que para cá vieram. Estão presentes nos topônimos Tupi-Guarani, em parte do vocabulário regional, nas canoas de garapuvu, na homeopatia, no imaginário, na culinária e nos complexos de milho e mandioca.

Os vicentistas cultivaram a tradição e estabeleceram hábitos e costumes, mas sua contribuição à formação da cultura local costuma ser negada.

A açoriana é a de maior destaque, eis que seus representantes foram os principais formadores da população local. O açoriano típico distingue-se do luso-continental pela sua formação em diferentes condições históricas. Na colonização do povoamento do arquipélago dos Açores houve a participação, especialmente, dos portugueses e flamengos, mas também alemães, italianos e espanhóis deram sua contribuição.


Dos açorianos herdou-se uma rica literatura, uma forte religiosidade, manifestações diversas da arte popular, técnicas de produção variadas, o traço singular do linguajar caracterizado pelo “som cantado” e por uma alta velocidade de flexão de voz.

Essas vertentes receberam a contribuição dos escravos negros com suas formas de magia, crenças em assombrações, cultos e rituais religiosos, bem como outras influências surgindo, então, um quadro cultural novo.

As danças folclóricas são as manifestações culturais tradicionais mais conhecidas do público. Elas se compõem de traços distintos e palpáveis, coreografia, música, figurino próprio, elementos que a tornam originais, peculiares e exóticas. Assim sobressaem-se das outras expressões culturais pela preservação ou recriação e ampla divulgação.


Em Florianópolis, o folguedo do Boi-de-mamão é a manifestação cultural local mais expressiva. O movimento da coreografia, a alegria da música, o colorido do figurino e o apelo lúdico são elementos exóticos que contagiam o público adulto e infantil. Igualou-se ao “Boi-de-Mamão” o “Pau-de-Fita”. Expressões de menor importância são o Cacumbi, cujos praticantes, praticamente, desapareceram, assim como a Ratoeira pela simplicidade de forma e conteúdo.


1.2 A cultura açoriana


Consta que nas tardes de inverno, especialmente nos finais de semana, quando o vento sul soprava nas janelas e a chuva caía, as donas de casa decidiam fazer bolinhos de banana, repetindo uma antiga tradição. Soltar pandorga e pescar com espinhel são outros costumes açorianos. As rendas de bilro, a cerâmica, as danças do Pau-de-fita, do Boi-de-Mamão, do Pão-por-Deus e a festa do Divino são algumas das atrações de maior destaque.


As danças folclóricas representam a diversidade cultural brasileira








Não encontramos informações detalhadas a respeito da dança da Balainha, embora ela seja citada em muitos sites na INTERNET como uma dança típica da ilha catarinense, como exemplo citamos José Luiz de Almeida in http://www.buenas.com.br/cultura/ .


2.1. Boi-de-Mamão



Uma hipótese para a origem do Boi-de-Mamão é a de que mamões verdes foram utilizados na confecção da cabeça do boi, razão da dança ganhar esse nome. A outra, considera o nome atual uma derivação de Boi-Mamão, cujo significado é boi que mama.

O tema épico dessa expressão cultural é a morte e a ressurreição do boi. A música que alia improviso e cantoria, variados personagens dançarinos e um figurino multicolorido são componentes do folguedo. Um chamador comanda a apresentação, cantando em versos tradicionais e improvisados, invocando as diversas figuras que compõem a trama, dançando ao som da cantoria.

Afirmam os pesquisadores que no Boi-de-Mamão tradicional, inicia-se o canto com versos saudando o dono da casa que cede o terreno para a dança, parte suprimida nas apresentações em espaços públicos.


O folguedo catarinense ocorre nos meses de junho, julho e agosto. Existem similares espalhados pelo país: o Boi-Bumbá, o Bumba-meu-Boi, o Boi-de-Reis, o Boi-Calemba, o Boi-da-Cara-Preta entre outros. Os nortistas exploravam a dramaticidade, Florianópolis optou pelo lúdico que contagia e encanta os espectadores.

O boi, principal personagem, centraliza os demais, em determinado momento ele morre para ser ressuscitado milagrosamente. Outras figuras tradicionais são o Cavalinho, o Mateus e o Vaqueiro. Outros personagens como a Cabra, o Urso, a Bernúncia, a Maricota, o Cachorro e o Macaco foram introduzidos com o tempo e se incorporaram às manifestações. O número de figuras depende do lugar e do grupo que apresenta. É comum surgirem inovações nas apresentações.

A Bernúncia que engoliu Mane João e come tudo quanto lhe dão, versão local do Grande Dragão Celeste Chinês e a Maricota, figura feminina gigantesca, são introduções dos últimos 40 anos e figuras distintivas do Boi-de-Mamão de outras regiões.

A festa se desenvolve segundo um roteiro existente que ao longo dos anos pouco se modificou:

1 Chegada do cortejo no local onde a dança é realizada. Os dançarinos trazem as suas armações, os tocadores, os seus instrumentos, e todos vêm cantando, fazendo alusões ao dono da casa homenageada.

2 É feito um círculo, localizando-se os cantadores, geralmente de cinco a oito, que acumulam suas funções.

3 Começa o desfile. O espetáculo começa com o chamador apresentando e pedindo a entrada do boi em cena seguindo-se os demais personagens. Vem primeiramente o boi, trazido pelo Pai Mateus (vaqueiro e virgulino). Os excertos das cantorias a seguir foram retiradas do disco gravado pela Sociedade Boi-de-Mamão do Itacorubi.


Chamador


Olha lá, mestre vaqueiro
Faça a sua obrigação
Vá buscar o boi malhado
Pro meio do salão


Cantoria


Olé, Olá
Nosso boi que vadia


4. Em meio à dança, um verdadeiro dueto de ballet, o Pai Mateus com uma vara cutuca o boi, que tomba inerte.

5 Cessam o canto e o acompanhamento. É chamado o feiticeiro (benzedô). Saem alguns participantes a angariar dinheiro.

6 No ínterim, entra o urubu que tenta bicar o boi caído. O feiticeiro, chegando, a dança a sua frente, ele consegue impedir o intento.

7 É benzido o boi, após uma prolongada farsa. Quando o boi se levanta e torna a dançar, a música recomeça vivamente.


8 A dança continua com a entrada do cavalinho para laçar o boi. Conseguindo, leva-o para fora do círculo.


Chamador


Ó meu cavalinho
pode preparar
entra no terreiro
quando eu te chamar


Cantoria


Entra no terreiro
Quando eu te chamar


9 Começa o desfile dos demais participantes. Em geral, são elementos recém-introduzidos e com freqüência em determinados lugares. Assinalamos o cavalo marinho e o cachorro na Laguna, o urso em Imaruí, Santo Amaro, Biguaçú, São José, Palhoça e Florianópolis, a cabrinha em todas as representações, a Maricota em Florianópolis, São Francisco, Itajaí, Santo Amaro e São José, o tigre em Florianópolis e adjacências, e alguns outros que não puderam ser identificados precisamente. A dança continua com a entrada da cabra.


Chamador             Olha lá mestre vaqueiro


Cantoria                Ei, cabra, ei, cabra


Chamador             Arepara o meu cantar


Cantoria                Ei, cabra, ei, cabra


Chamador             Vai buscar a tua cabra


Cantoria                Ei, cabra, ei, cabra


Chamador             Quero ver ela berrar


Continua com a entrada da Bernúncia.


Chamador


A bernúncia é bicho brabo
Eu lhe digo porque é
Cuidado com esse bicho
Só dá de morder mulher


Cantoria


Olê, olê, olê, olê, olá
Arreda do caminho
Que a bernúncia quer passar


No ínterim da saída de uma figura e a entrada da outra, o Vaqueiro e o Mateus teatralizam com brincadeiras e palhaçadas visando completar a harmonia do conjunto da peça.

Tal qual a Bernúncia que vai engolindo pessoas da assistência, o Boi ressurrecto investe sobre os presentes, causando risadas e correrias até ser laçado e retirado pelo cavaleiro sob aplausos. Na hora de terminar eles cantam.


Chamador


Ó senhor mestre da sala
Olé, lê
Escutai o meu cantar


Cantoria


Nosso boi vai embora
Olé, lê
Oi brinca oi meu boi oi á


A Bernúncia (brenunça ou bernunça) é o elemnto corrente em todo o litoral e o que mais desperta atenção. Os dançarinos mais lépidos (2) são designados para a armação da bernúncia, à exceção desta, todos os demais animais são bípedes. A bocarra é aberta pelo dançarino que vai à frente e pela goela escorregam as crianças que aceitam a brincadeira.

A respeito da origem, crê-se ser a bernúncia uma representação teatral do bicho-papão. Este, na mitologia de Santa Catarina, é um devorador de crianças.

O desenvolvimento da indústria turística de Florianópolis trouxe alterações no complexo cultural do Boi-de-Mamão. Os grupos que cultivavam a manifestação se profissionalizaram e os terreiros das casas foram substituídos por lugares públicos.

O calendário próprio do Boi que ocorria entre o Natal e Carnaval passou a ter apresentações diurnas e em qualquer época do ano fugindo do contexto que o originou. Partes importantes do ritual como a caminhada com seu canto próprio foram suprimidas, restando um Boi coisificado e descontextualizado.

2.1.1 Cantiga do Boi-de-Mamão

A cantiga original do Boi-de-Mamão começa com essa dedicatória. Na página seguinte temos a continuação da cantiga. (PISANI, Osmar & GAMA, Tércio da)

A cantiga original do Boi-de-Mamão começa com essa dedicatória. Na página seguinte temos a continuação da cantiga. (PISANI, Osmar & GAMA, Tércio da)

Do cancioneiro Popular:


“Meu senhor dono da casa
amigo do coração
nós vimos aqui dançar
com nosso Boi-de-mamão”.


CANÇÃO INICIAL


Como o poema em seu eixo,
A noite revela o mito
Sobre o medo e a fantasia,
E tudo se ajusta ao pêndulo
Na brincadeira do tempo,
Com emoção e alegria.


O momento simboliza
A anamorfose invertida
No espaço surrealista,
Do povo em busca da vida.
E a brincadeira começa bem antes, na visão do artista.


I
A espera é uma euforia:
Ele investe e ressurge
Numa coreografia inquieta
Sustenta o sonho na lua,
Numa volúpia secreta
E o ritual continua.
Figuras que a noite inventa,
O canto apenas amplia
No agitado momento,
As cores do pensamento.


II
Morre a alegria da hora:
No chão o boi precisão,
A benzedura é aurora,
Faz bater o coração.


III
Onde o mito floresce,
Ele reparte a estrela,
Na testa da escuridão.


O doutor olhando o céu
Procura entranhas macias
Do monstro ileso no chão.


Cantoria é uma festa,
Há um contágio direto
E o boi levanta doidão.


Caio purinho na lua
E viro bicho, não gente!
Tenho que fugir do urso,
Logo serei transparente.


XV
Na sombra imensa do dia
Desperta a força dos braços,
Abre o espanto que guia
A evolução de seus traços
E prenuncia que os sonhos
Vão ser seguidos por passos...


IV
Boi-de-mamão se levanta
Na alegoria do grito
E o canto repete o mito
Na benzedura que canta.


V
Retormna a respiração
De todos como um alento
E sobem, na voz do vento,
as cores da floração.


VI
A bruxa da noite cavalga no espaço
E leva o cavalo menino no ar,
O lance é fatal, se cala a alegria
E o mundo se afasta na ponta do laço.
Enquanto desenha nos olhos do mar
O brilho no escuro de asa e magia.


VII
O canto da bruxa
Encanta a lua, riscando as estrelas.
Retira-se o bailarino
Na concisa geometria
De mistério e fantasia
Tudo o que sonha o menino.


VIII
De renda, a lua passeia
Os caracóis da inocência,
Como arabescos de prata,
No pente da noite cheia.


IX
Bernúncia cumpre o destino
Na liturgia do ofício:
Ela devora o início,
Com a magia da espera,
Ela não recusa o espetáculo
De sua boca de fera.


XVI
E o coro não pode parar
No ombro da lua
Viaja na vaga
Tão leve do mar.


XVII
O laço agora evolui
Na viagem assim madura,
Faz a volta e já possui
A certeza da ternura.


X
Todas as formas do medo
No dorso do boi imenso
Crescem no vento em segredo
O homem refaz a fábula
na palavra do poeta
e arranca a pele abstrata
da multidão inquieta.


XI
Enquanto a alegre Maricota
A cara como uma chama
Flutua braços e brincos,
A graça de seu vestido
Passeia em Tércio da Gama.
E o velho amigo esteta,
De tantas lutas na arte,
Agora ela reparte
Seu traço com o poeta.


XII
De repente, no espaço
Tudo começa a cantar,
O filete do crepúsculo
Voa, voa no silêncio
E tudo sai do lugar.
É o urubu que aparece,
Defendendo o boi deitado
Visto que ele não esquece
O seu olhar de malvado.


XIII
Agora o mito se integra
Na cabeça da criança,
Não é mais realidade;
É uma antiga lembrança.
E embora com todo o empenho
Todos passamos no tempo
Na memória da cidade
Como o fuso do engenho.


XIV
Com a folha do limoeiro
E as notícias correndo,
Vou pra lugar diferente
No meu barco de esmeralda,


XVIII
Suspensa a memória
É verde a lembrança
Do tempo na história
Que o boi ainda alcança.


XIX
E o meu cavalinho
Se perde de novo
Com muito carinho
No meio do povo.


2. 2 Pau-de-fita


2.2.1 Dança do Pau-de-Fita






Origialmente, a Dança do Pau-de-Fita festejava as colheitas: o mastro representa a árvore, as fitas soltas, as sementes e o trançado, as raízes.

A dança do Pau-de-fita é apresentada por um conjunto de 8 a 12 pares de damas e cavalheiros que evoluem à volta de um mastro que possui em sua extremidade superior uma roda com furos, nos quais são presas as fitas que os dançarinos manobram alternando movimentos de trançamento e destrançamento.

Na Inglaterra ela aparece como recreação infantil típica nas zonas rurais. Existe em quase toda a Europa e, em vários países da América.

No Brasil aparece em diversos Estados e possui várias denominações: Dança-das-Tranças, Dança-das-Fitas, Dança-do-Mastro, Mastro-de-Fitas. Em Santa Catarina ela pode ser apreciada em áreas de colonização italiana e germânica, no Planalto de Lages e no Oeste.


Em Santa Catarina há o ”Tramadinho”, “Zigue-Zague”, “Zigue-Zague” a dois, “Trenzinho”, “Feiticeira” e “Rede de Pescador”. Segundo Doralécio Soares, existem trançamentos em que são homenageadas pessoas ou entidades, cujo nome vai aparecendo no ato do trançamento. (VOLPATTO, Rosane in: < http://www.rosanevolpatto.trd.br/paudefitas.htm>

Há registros de sua presença na América (Venezuela e Peru) já no século XVIII. Alguns pesquisadores acreditam que a dança remonta épocas anteriores à Era Cristã. Alguns dizem que ela existiu na América pré-colombiana.

As fotos a seguir foram retiradas do site:


2.2.2 Coreografia do Pau-de-Fita







2.2.3 Pau-de-Fita da 3ª idade








2.2.4 Cantoria da Dança do Pau-de-fita da localidade de “Ribeirão da Ilha” em Florianópolis

O amor quando nasceParece uma florÈ tão delicadoTão cheio de amorSeria tão bomQue ele fosse uma florSem ter espinhosDa dor Depois que tudoÉ sonho ao luarComeçam os desencantosO amor passa a existirNessa voz do nosso canto

3 CACUMBI

Originalmente, o ritual apresentava um cortejo real acompanhado por som de batuques e movimentos coreográficos. O rei e a rainha eram coroados pelo capitão do grupo e cobertos por um manto bordado indicando a nação dos soberanos. Esse evento desapareceu com o tempo, restou uma embaixada de guerra, cujos integrantes são um grupo de marinheiros e uma Porta-Bandeira.


"Deus esteja aqui
Que me quero arretirar
Senhor dono da casa
Já é hora de marchar".



























“Auê como está tão belo
O nosso Ticumbi
Vai puxando pro seu rendimento
Que São Benedito é filho de Zumbi...”


"A Nossa Senhora
Saiu hoje na rua
Mandando seus filhos
Fazer meia lua


O dono da casa
Mandou me chamar
Com sua licença
Queremos chegar


O capitão mandante
O chefe general
O nosso batalhão
Quem mandou marchar.


Nós chegamos hoje
Salvar nossa praça
Oh! São Benedito sejais
Nossa Senhora da Graça.


Santo Antônio
"Arripica" o sino
Leva a bandeira
Lá no caminho.


Avoou uma ave - cap.
Daquela janela - coro
É um papagaio siá dona - cap
Da pena amarela – coro


A calçada é alta
Não posso subir
Tem pedra miúda
Podemos cair.


Nos versos a seguir está o ponto alto da luta entre o capitão e os marinheiros:


Ó Sinhô, sinhô, sinhô Capitão
Que dê o dinheiro da nossa ração.
Já que tu não soubeste
Pra que não me dão
A metade do queijo
Fatia de pão.


Vai te embora soldado
Não me venha atentar
Com essa espada
Não se pode brincar.


O que pode essa espada
Disfarce do corte
Eu te tiro o pescoço
No primeiro corte.


Não tenho dinheiro
Não tenho mais nada
Eu tenho é a ponta
Da minha espada.


Sinhô dono da casa
Me dá um tostão
Pra faze o pagamento
Do meu batalhão.


Vai-te embora sordado
Não me venha atentar
Com essa espada
Eu te posso furar.


Vorte aqui meu sordado
Não me venha atentar
Com essa espada
Não se pode brincar.


O capitão inicia a cerimônia da coroação cantando os versos alusivos ao ato. As danças são prolongadas com movimentos coreográficos elaborados e versos contando a história das nações guerreiras disputantes dos domínios territoriais. Os versos a seguir foram transcritos do livro Folclore Catarinense de Doralécio Soares.

No encerramento, faz-se à despedida com a "meia-lua", quando o grupo desfila cantando. Catumbi, Ticumbi, ou Catumbi são os diversos nomes dados para essa manifestação cultural afro-brasileira que acontece no Estado de Santa Catarina e Espírito Santo, entre os meses de setembro e dezembro, cujo momento maior acontece nos dias de Natal. Seria uma variante das congadas cultivadas no sul do Brasil e simboliza uma guerra entre duas nações negras “a dos Reis do Congo e dos Reis Bamba”. A dança é realizada em homenagem aos padroeiros São Benedito e Nossa Senhora do Rosário e se integrou ao culto desses santos.






Apesar da resistência de alguns padres, o grupo de cacumbi de Florianópolis, comandada pelo capitão Amaro, participou de festividades nas igrejas. Os filhos lembram até hoje da emoção em entrar na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Pretos, cujos santos estão bordados nas duas faces da bandeira usada nas apresentações. O grupo de Itapocu fundou a sua própria igreja, a Igreja Católica do Brasil. (VOLPATO, Rosane in )

Em Florianópolis, resta um único grupo de Cacumbi dirigido por João Campos que sucedeu o capitão Francisco Amaro, porém não tem se apresentado publicamente. Segundo Doralécio, atualmente, o Cacumbi apresenta um conteúdo político-social que fala da condição do trabalhador oprimido e de suas reivindicações expressas em versos da cantoria e em movimentos coreográficos.

[...] segundo membros da comunidade negra, um outro grupo, o de Matias Sartiro Senhorinho, de Biguaçu (Grande Florianópolis) teria sido desfeito na década de 1950, com a morte do líder, com cerca de 70 anos. Durante as décadas de 30 e 40, conforme relatou o capitão Amaro à historiadora Telma Piacentini, havia encontros de disputa de trovas entre vários grupos da Grande Florianópolis. (VOLPATO, Rosane in < http://www.rosanevolpatto.trd.br/cacumbi2.htm>)

A dança é formada por duas alas de marinheiros, trajados de calças azul, camisas e sapatos brancos, uns usam bonés, outros chapéus enfeitados com quatro fitas coloridas, tendo um capitão que porta uma espada ao centro, desempenhando o papel de chamador. Os outros carregam seus instrumentos musicais. A mulher, Fé da Bandeira, veste saia escura, blusa branca e carrega a bandeira com as figuras de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.Os cantos são denominados marchas e marchas-fogo e são acompanhadas por música de pandeiro e batuque de tambores (surdos) em várias toadas.






Segundo Volpato quando o grupo se apresenta, usa longas batas brancas e rendadas, com traspasse de fitas coloridas, calças compridas brancas, com friso lateral vermelho, ou sem este; na cabeça amarram um lenço branco enfeitado de flores de papel de seda e fitas longas de várias cores. Alguns sobrepõe ao lenço um chapéu de palha enfeitado com fitas e flores. Ainda, segundo ela, as danças Ticumbi são representadas por volteios dos guerreiros no combate gingado. Os cantos são alternados com as falas dos reis e dos embaixadores ou secretários, entoados em conjunto pelos guerreiros das duas hostes, acompanhados de pandeiros, chocalhos e da viola que "dá o tom".






4 Ratoeira


4.1 Dança da Ratoeira


A dança da Ratoeira pertence às danças de roda. Um grupo de 10 ou mais dançarinos de mãos dadas formam um círculo, um dos integrantes é escolhido para ficar no centro. Este deve entoar a cantoria até ser substituído por outro, enquanto o círculo gira a sua volta, em passos pulados, para ambos os lados.








Antigamente a ratoeira era praticada por pessoas de diferentes faixas etárias, e dançadas à noite, em bailes. Hoje está restrita a pré-adolescentes femininos e masculinos.

Até a década de 70 era dançada em quase todas as escolas de primeiro grau, antes e durante os intervalos das aulas. Credita-se seu desaparecimento ao surgimento da televisão.

4.2 Cantigas de Ratoeira

As “cantigas de ratoeira” tem origem na cultura açoriana que integrada a vida catarinense da ilha, deixou-nos essa valiosa contribuição para a cultura popular.

Tradicionalmente, as cantigas de ratoeira animavam as rendeiras em suas lidas, trabalhos de roça ou domésticos. As rendeiras dos anos 30 e 40 mantinham-se ligadas às coisas dos antepassados e costumavam cantar canções que aprenderam quando meninas, tais como “O sereno”, Meu cravo de rosa“, “O fadinho”, “Caranguejo”, “cana-verde”, “O limão”.

A imposição cultural com fins exploratórios e comerciais tem contribuído para o enfraquecimento da chama que liga os catarinenses ao passado. As emissoras de rádio e Tv com suas transmissões de músicas de ritmos modernos, em geral americanizadas, distanciam a população da região da sua cultura de tradição. Os versos das cantigas das rendeiras transcritos a seguir foram recolhidos no interior da ilha, na localidade de Rio Tavares.


Sereno


O sereno desta noite
Caiu na folha da palma
O dia que não te vejo
Não faço renda com calma


Meu cravo de rosa
Meu cravo de rosa
Meu manjericão
Dá três pancadinhas
No meu coração


Caranguejo


Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo está na praia
À espera de maré


Sim sim sim


Não não não
Estou à tua espera
E não me dás
Teu coração


O Fadinho


E o fadinho bateu na porta (bis)
Manjerona, quem está aí (bis)
É o cravo mais a rosa (bis)
A açucena e o jasmim (bis)
Lá ia lá lá
Lá ia lá lá
Lá ia lá lá
Lá ia lá lá


Cana-verde


A cana-verde do mar
Anda à rota do vapor (bis)
Eu também, hei de andar
Na rota do meu amor (bis)


A folha da bananeira
De comprida foi ao chão (bis)
A ponta deste teu lenço (bis)
Chegou no meu coração


O limão


O limão entrou na roda, ô limão
O limão de mão em mão, ô limão
Não chora, meu bem, não chora, ô limão
Não chora, meu coração, ô limão


Senhora dona Jorda, ô limão
Faz favor entra pra roda, ô limão
Diga uns versos bem bonitos, ô limão
Diga adeus e vá embora, ô limão


Ninguém deve plnatr roça, ô limão
No lugar que tem ladeira, ô limão
Não se pode morar perto, ô limão
Dessa gente faladeira, ô limão


Sereno


Sereno, eu caio, eu caio
Sereno, deixa cair
Sereno da madrugada
Não deixou meu bem dormir


Fui à praia passear
Ver o que o mar dizia
A maré me respondeu
Que o amor firme não havia


Amor firme não havia
Que a semente se perdeu
Todos plantam, mas não nasce
Só no meu peito nasceu


Quando vires a garça branca
Pelo céu ir avoando
São as saudades minhas
Que te vão acompanhando


Eu venho de lá tão longe,
Descendo morro e ladeira
Somente para cantar
Nesta linda ratoeira


Eu venho de lá tão longe,
Passando estradas e ladeiras
Pra vir ao Ribeirão
Saudar nossas rendeiras


Moreno, moreno


Moreno, moreno
Moreno querido
Não chores, moreno
Que eu caso contigo


Moreno, moreno
Moreno de flor
Não chores, moreno
Que sou teu amor


Esta noite choveu tanto
Prata fina serenou
Lá vem o sol saindo
Pra secar quem se molhou


O fogo quando se apaga
Na cinza deixa quentura
O amor quando é firme
No coração sempre dura


O fogo quando se apaga
Na cinza deixa o calor
O amor quando é firme
No coração deixa a dor


Atirei meu lenço branco
Por cima da flor açucena
Não sei que tem meus olhos
Que só gosta da cor morena


Gostei da cor morena
Porque dela fui nascido
Quando vejo a cor morena
Fico no mundo esquecido


Antes que meu pai me mate
Minha mãe me tire a vida
Não hei de deixar de amar
Aquele moreno querido


5 Festas folclóricas/Religiosas


5.1 O "Terno" de Reis ou "Folia" de Reis


Folia de Reis ou Terno-de-Reis é uma festa popular, de caráter religioso e foi introduzida pelos jesuítas e colonizadores portugueses. Um auto popular natalino de evocação da visita dos três Reis Magos Baltazar, Belchior e Gaspar ao menino Jesus com apresentação de danças dramáticas como o terno de Reis, o rancho e o bumba-meu-boi. Tem início em 25 de dezembro e encerra-se em 6 de janeiro, essa manifestação folclórica se mantém viva em muitas cidades.






Os foliões de Reis imitam os Reis Magos Baltazar, Belchior e Gaspar, os quais viajam guiados pela estrela de Belém para dar boas-vindas ao Menino Jesus. Para isso, os músicos entoam cantos alusivos, chamados “Ternos de Reis" e tocam instrumentos, em sua maioria de confecção caseira e artesanal, como tambores, reco-reco, flauta e rabeca (espécie de violino rústico), além da tradicional viola caipira e da sanfona. Freqüentemente, os grupos improvisam versos homenageando o dono da casa visitada.






Além dos músicos, instrumentistas e cantores, são inseridos nos grupos dançarinos, palhaços e outras figuras folclóricas devidamente caracterizadas. Todos são liderados pelo Capitão da Folia e seguem rigorosamente os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.

As canções são sempre sobre temas religiosos, com exceção das tradicionais paradas para jantares, almoços ou repouso dos foliões, onde se realizam animadas festas com cantorias e danças típicas regionais, como catira, moda de viola e cateretê. Contudo, ao contrário dos Reis da tradição, o propósito da folia não é o de levar presentes, mas sim de recebê-los do dono da casa para finalidades filantrópicas.

As visitas ocorrem sempre depois das 21 horas, e por vezes, duram até o amanhecer. No Brasil a visitação às casas é feita por grupos organizados, muitos dos quais motivados por propósitos sociais e filantrópicos. Suas denominações Folia de Reis e Terno de Reis variam de acordo com o local.

Uma das formas de sobrevivência da manifestação folclórica, sobretudo em grandes cidades, foi à incorporação nos Ternos de elementos figurativos, destinados, sobretudo, para a apresentação junto aos turistas. Usando máscaras e danças alheias ao costume e realizando apresentações durante todo o ano, esses grupos fogem ao preceito tradicional e culturalmente valioso.

Em algumas regiões e oportunidades, as canções de Reis são ininteligíveis, dado o caos sonoro produzido pelo ritmo que adquiriu, ao longo do tempo, contornos de origens africanas com fortes batidas e com um clímax de entonação vocal. Contudo, um componente permanece imutável: as canções de chegada e de saída, nas quais o líder (ou Capitão) pede permissão ao dono da casa para entrar e, depois, o grupo agradece a acolhida e se despede. Simbolicamente, a apresentação é realizada em três etapas: a chegada, o anúncio e a despedida. Os principais cantadores também são três: o triplo ou tripla que canta de fino; o repentista que faz os versos e o cantor solo.

5.2 Farra do boi

A Farra do boi, elemento da cultura popular do estado brasileiro de Santa Catarina, foi trazida por descendentes de açorianos há cerca de 230 anos, hoje e manifestada de forma diversa à original..

Essa prática acontece em todo o litoral de Santa Catarina, especialmente, em cerca de trinta comunidades com essa descendência, geralmente, de pescadores e tem sido bastante controversa. Enquanto os participantes tentam manter o folclore e a cultura típica da região, justiça e ecologistas pressionam a polícia para coibir essa manifestação popular. A partir da década de 80, grupos ecológicos vêm lançando campanhas para combatê-la por considerar a prática cruel contra o animal.

Seu significado é desconhecido. Alguns lhe atribuem uma conotação simbólica-religiosa referente à Paixão de Cristo em que o boi faria o papel de Judas; outros entendem que o animal simboliza Satanás e através da tortura deste as pessoas se livrariam de seus pecados. Atualmente, o evento caracteriza uma oportunidade para a comunidade se unir e festejar, além de angariar recursos financeiros com a venda de comidas e bebidas para os participantes.

5.2.1 Legislação

Por ser a Farra do Boi considerada crime sujeito a detenção, inclusive, algumas ações vêm sendo impetradas para coibi-la. O Supremo Tribunal Federal em 3 de junho de 1997, através do Recurso Extraordinário número 153.531-8/SC; RT 753/101, proibiu a prática em território catarinense por força de acórdão, na Ação Civil Pública de nº 023.89.030082-0. Segundo interpretação do STF, a Farra do Boi é intrinsecamente cruel, e portanto crime, punível com até um ano de prisão, para quem pratica, colabora, ou no caso das autoridades, omite-se em impedi-la.

.2.2 Lei de Crimes Ambientais

A Lei Federal nº 9.605, de Fevereiro de 1998: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Capítulo V - Dos Crimes Contra o Meio Ambiente Seção I - Dos Crimes Contra a Fauna

Art. 32: Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.

Pena: Detenção, de três meses a um ano, e multa.

5.2.3 Cronologia

1997 – o Supremo Tribunal Federal emite o acórdão que considera a farra do boi inconstitucional e determina que Santa Catarina “adote as providências necessárias para que não se repitam essas práticas”.

1998 – com a promulgação da Lei de Crimes Ambientais (9605/98), a farra do boi é criminalizada.

2000 – o Tribunal de Justiça de Santa Catarina expede despacho mantendo em R$ 500 por dia a multa fixada ao Estado por descumprir a decisão do STF.

2007 – O Município de Governador Celso Ramos (SC) faz um projeto de lei regularizando a pratica e a enquadrando como patrimônio cultural do Município. Além de ter o nome mudado para Brincadeira do Boi, o projeto prevê também responsabilidades civis ao organizador em caso de excessos ao animal e ferimentos a terceiros além de outras regulamentações.

6 Festas religiosas

Entre as festas religiosas catarinenses tradicionais podemos destacar a procissão do Senhor Jesus dos Passos, a festa de São Sebastião, a festa do Divino Espírito Santo (festa móvel, com três dias de duração) e a procissão de Santa Catarina (padroeira do estado)

6.1 Culto ao Divino Espírito Santo

A Festa do Divino é uma tradicional e popular festa. Ela foi trazida ao Brasil pelos Jesuítas do Reino de Portugal e começou a ser praticada em Santa Catarina com a chegada dos primeiros açorianos (1748/1756). A festa tem sua essência na fraternidade e igualdade entre todos, é realizada no dia de Pentecostes, quando a Igreja Católica comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.






Os festejos, com símbolos e rituais próprios, apresentam uma harmonia e se compõem de novenas, missas solenes com coroação, benção, folguedo popular, procissões, leilões, quermesses, shows com fogos de artifício, muita música e apresentações de grupos de danças folclóricas como as congadas, catiras e moçambiques. Enquanto grupos de cantadores visitam as casas dos fiéis para pedir donativos para a festa, as personagens do Imperador e sua esposa, bem como dos apóstolos e a Virgem Maria, ganham a vida divertindo o público que segue em procissão pelas ruas.

A festa dura três dias e conta com a apresentação de bandas, shows musicais, foguetes e bandeira do Divino. Esta última, juntamente com a coroa de prata, merece distinção especial pela força que o estandarte imprime em toda celebração, bandeira vermelha com uma pomba branca bordada ao centro, enfeitada com flores e fitas coloridas são doadas como pagamento de promessas. Em Santa Catarina, nesses dias santos, há uma crença de que se os fiéis tocarem ou beijarem a bandeira, a pomba do divino receberá uma graça do Espírito Santo.

As crianças carregando o estandarte do Divino formam a Roda dos Anjos e são seguidas pelos bonecos gigantes João Paulino, Maria Angu e a velha Miota. Para encerrar a festa há a famosa cavalhada e depois é servido o tradicional cozido de carne com arroz e farinha de mandioca.





Em Santa Catarina, as festas ocorrem nos meses de Maio e Junho e são realizadas em frente à capela do Divino na praça Getúlio Vargas, mas acontecem, também, no centro, na Trindade, em Santo Antonio de Lisboa, Canasvieiras, São João do Rio Vermelho, Lagoa da Conceição, Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão, Campeche, Pântano do Sul e no Estreito. Em cada localidade, ela apresenta-se com características próprias.

Seja pela questão religiosa ou até mesmo folclórica, a Festa do Divino é um dos grandes atrativos turísticos da Ilha de Santa Catarina, a fé, a tradição e a cultura estão interligados e presentes.

Todos os festejos populares correspondem as três funções em sua maioria a lúdica, a recreação e a religiosa.

O Culto do Senhor dos Passos é a principal festa religiosa de Florianópolis e ocorre em homenagem a Senhor dos Passos.

7. Outras Festas importantes

7.1 Carnaval

O carnaval é uma das maiores festas populares do Brasil. Em Florianópolis podemos apreciar o carnaval espontâneo ou de rua, e o carnaval de passarela. A festa na rua acontece em vários pontos do centro da cidade, além de no interior da Ilha de Santa Catarina.

Os desfiles de escolas de samba acontecem no sambódromo Nego Quirido, que tem esse nome em homenagem a um sambista da capital catarinense que tocava cuíca.

Diversas escolas de samba desfilam nessa passarela, sendo comum carros alegóricos com animação dos motivos. O carnaval popular de rua é feito ao redor da praça XV de novembro. A centenária figueira dessa praça é testemunha da animação dos “blocos de sujos”, os quais concorrem a um prêmio de originalidade.

Para a elite, a festa é nos clubes da cidade, o mais tradicional é o carnaval do "Lagoa Iate Club". Na Lagoa há o carnaval da Confraria das Artes. Atrações nacionais e internacionais, além do melhor da gastronomia, integram essa festa, atraindo a cada ano mais pessoas de fora.






7.2 Festas Juninas ou Joaninas






As comemorações juninas iniciam no dia 12, véspera do Dia de Santo Antônio, casamenteiro cultuado pela população; continuam dia 24 consagrado a São João Batista que apesar de ser casamenteiro é mais famoso por ajudar as pessoas a encontrarem objetos perdidos, e terminam no dia 29, dia de São Pedro guardião das portas do céu, protetor dos pescadores e das viúvas.

A quadrilha é dançada em homenagem aos santos juninos e em agradecimento pelas boas colheitas na roça. Em quase todo o Brasil, ela é dançada por um número par de casais, cuja quantidade de participantes é determinada pelo tamanho do espaço físico. É comandada por um marcador que orienta os casais, usando palavras afrancesadas e portuguesas.

As festas populares de junho são marcadas por fogueiras, foguetes, estalos, balões, luzes, danças, sortilégios, comidas, casamentos e folclóricas formas em louvar a São João, Santo Antônio e São Pedro.

Essas festas têm o caráter lúdico, recreativo e religioso. Os festejos que as escolas e comunidades realizam hoje, numa visão equivocada, ridicularizam a vida rural.Usam roupas remendadas e malfeitas, barbas crescidas, vestidos de chita, coisas que fogem do enredo e origem das festas. Assim é necessário empreender esforços para que as verdadeiras raízes sejam mantidas.

A foto acima mostra a dança do Pau-de-Fitas na festa junina, o que demonstra que os traços culturais vão se misturando e as festas origens vão sofrendo transformações, perdendo sua identidade cultural.

7.3 Pão por Deus

Falar em Pão por Deus é desvendar uma parte da alma dos habitantes do litoral catarinense. Os antigos açorianos que habitavam o litoral catarinense costumavam enviar o Pão por Deus no dia primeiro de novembro, dia de todos os santos. Segundo a tradição, as pessoas mandavam mensagens de amor ou de amizade em corações de papel recortado, que representavam às vezes um ritual galante ou um início de conversa que bem poderia anunciar o esperado encontro. As crianças também participavam da tradição e tinham como resposta, presentinhos, doces ou conselhos carinhosos. Hoje em dia este costume somente é lembrado pelos antigos moradores que ainda conservam as tradições do seu tempo de infância.

O “pão-por-Deus" representa pedidos, formulados em versos, escritos em recortes de papel, entre eles, corações. Podem, também ser desenhados ou fechados. Alguns exemplares e coletas deles são encontrados em Biguaçu, Florianópolis e Tijucas, no litoral, e no planalto, em Curitibanos. Eis alguns exemplos:

Pega esta chave,
Com tua mão;
Abre com ela
Meu coração".


Com tua mão;
Abre com ela
Meu coração".


Deus pediu aos anjos
Anjos pediram a Deus
Eu mando pedir a vós
Meu lindo pão-por-Deus[...]


Existem muitas outras festas de menor importância, não nexploradas neste trabalho. Uma outra festa que merece destaque é a Festa de São Pedro, cujo padroeiro é São Pedro. Ela é realizada a mais de 50 anos pela igreja católica de Ponta das Canas e é comemorada sempre na semana do dia 29 de junho em homenagem a esse santo, contando sempre com bom público. Uma outra festa que, apesar de não ter relação direta com o folclore, surgiu recentemente na ilha é a 1° festa do mar e da anchova. Esta festa é organizada pela Associação dos Moradores da Barra da Lagoa e juntamente com a Fenaostra inclui Florianopolis no calendário das festas de outubro. O tema é o mar e a anchova (que e muito pescada nesta época).

CONCLUSÃO

Nas leituras levadas a efeito para a realização do presente trabalho, e foram muitas, foram consideradas as diversas vertentes culturais e suas influências nas danças, músicas e festas.

Há escassez de material compilado e aprofundado, assim como de uniformidade nas informações disponíveis sobre os assuntos pesquisados e abordados.

No Boi-de-Mamão, as músicas e as danças continuam atraindo o interesse e a participação da população e das escolas nos eventos. Sua música e história nos remetem para uma forte influência de mitos e crenças, elas são preservadas e cantadas pela população local.

A dança do Pau-de-Fita, apesar de possuir origem européia, foi adaptada aos costumes do lugar e a tradição de ser representada por crianças nas escolas junto com o Boi-de-Mamão. As escolas são fundamentais para o resgate e a preservação da cultura e folclore local, pois mantêm viva a tradição.

As festas religiosas como Terno-de-Reis, o Culto do Senhor dos Passos e o Culto ao Divino Espírito Santo enfatizam a devoção, mas, também, a confraternização entre as pessoas que rezam e festejam juntas o dia do santo.

A Farra-do-Boi é uma festa polêmica, apesar de folclórica e muito apreciada pelos pescadores e moradores das zonas rurais de Florianópolis. Ela é defendida por alguns, mas repudiada pela justiça, em virtude de extrapolar suas atividades de diversão, chegando aos maus tratos com o animal. Por esta última razão, e por tudo que li sobre o assunto, sou contrária à prática.

O carnaval e festas juninas são festas populares. Apesar das festas juninas festejarem dias santos, em geral, não são dias de oração, mas sim de confraternização e alegria.

Algumas festas se deterioraram, já não mantêm os mesmos costumes por serem montadas, exclusivamente, para turistas visando divulgar a cultura regional.

Outras vão se perdendo, como por exemplo, as danças da Ratoeira e o Cacumbi. Talvez devamos isso aos meios de comunicação, nos quais a música é um produto voltado para o comércio, não para a tradição. E, também, porque muitos jovens já não têm mais a mesma paixão por danças como antigamente.

Depois de ler um pouco mais sobre as tradições folclóricas, é possível percebê-las sob outros ângulos. É importante preservar as raízes culturais, valorizar e manter essas tradições.

As adaptações que transformam as danças e as festas em eventos coisificados, sem identidade, perdem a originalidade e a graça. Essa perda se reflete, também, na população que perde seus referenciais e raízes culturais, sua identidade, enfraquecendo seu sentimento de nacionalidade, fatores importantes para manter-se as tradições de um povo.

Finalmente, posso dizer que realizar o trabalho foi uma rica experiência. Praticar na escola, habilidades e competências que serão usadas no mercado de trabalho auxiliam a entrar e a permanecer nesse. Pois, hoje, as empresas trabalham muito com projetos. Neste tipo de trabalho, os administradores escolhem um líder, montam sua equipe, e cada membro desta, representa seu setor, realizando parte do trabalho e assumindo responsabilidades.

Assim sendo, foi bastante válido realizá-lo e aprender coisas novas sobre nossa bela Florianópolis, sua cultura e costumes. O folclore é um tema apaixonante e despertou meu interesse em aprender mais sobre o assunto. A ludicidade presente nas apresentações é um lenitivo para nosso povo tão sofrido, que ela não se perca e continue presente geração à geração.


Você pode saber mais sobre folclores, acessando os links abaixo:
http://folcloreportaldoprofessor.wordpress.com/
http://www.infoescola.com/folclore/folclore-sobre-a-etimologia/
http://www.comissaonacionaldefolclore.org.br/historico.html
http://www.lucianoqueiroz.com/folclore%20brasileiro.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_do_Folclore_Brasileiro
http://www.fcla.edu.br/unar2007/revista/pdf_V1_2007/5.DELBEM,%20D.C.%20Folclore,%20identidade%20e%20cultura.pdf