O cirurgião plástico brasileiro mais badalado
do momento viaja o mundo ensinando dermatologistas, médicos,
enfermeiros e até dentistas a fazer “plásticas sem cirurgia”. Maurício de Maio,
51, já foi a mais de 50 países explicar para cerca de 200 mil pessoas como usar
os “MD Codes”, método de rejuvenescimento por meio de injeções de preenchedores
em pontos específicos do rosto.
Em
vez de simplesmente preencher as rugas, os MD (do inglês medical) Codes
devolvem ao rosto o volume que se perde com o envelhecimento, e puxam o rosto
para cima, dando um efeito de “lifting”. Com algumas vantagens –enquanto o
lifting facial custa no mínimo R$ 15 mil e exige internação hospitalar, há
preenchimentos a partir de R$ 2 mil, dependendo do número de pontos.
“Estamos
num mundo de gratificação imediata, e o MD Codes dá resultados na hora”, diz
Maio.
O
cirurgião, que tem mestrado e doutorado pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, demonstra a técnica ao vivo em pacientes, explicando
em quais pontos os profissionais devem injetar o preenchedor de ácido
hialurônico para atingir o resultado desejado.
O
médico é contratado pela Allergan, fabricante do preenchedor Juvederm. Ele não
revela quanto recebe da empresa. A Merz e Galderma também fabricam
preenchedores de ácido hialurônico, mas não podem usar a marca “MD Codes”, que
foi registrada por Maio e licenciada para a Allergan.
Padrões
de beleza
O
cirurgião popularizou o que batizou de “top model look” – injeção de ácido
hialurônico na região do zigomático, para ressaltar as maçãs do rosto. O “look”
é um sucesso na Rússia, onde as mulheres pedem maçãs do rosto pronunciadas e
lábios carnudos de preenchimento.
Maio
nota grandes diferenças culturais na busca pela beleza. Na China, meninas de 24
e 25 anos procuram cirurgiões porque querem parecer mais jovens; segundo ele,
os europeus não admitem querer beleza ou juventude, “dizem apenas que desejam
parecer menos cansados”. No Oriente Médio, as mulheres pedem o rosto de lua
cheia, com grandes bochechas – fica bem no véu, elas dizem.
“Os
‘MD codes’ são a partitura, mas o resultado depende do pianista, neste caso, o
‘injetor’: se ele não for habilitado, a música fica ruim”, diz Maio.
Médicos
costumavam injetar ácido hialurônico só nos sulcos, como o chamado “bigode
chinês”, e rugas pronunciadas na testa. Depois, passaram a aplicar no lábio, na
região das maçãs do rosto e no queixo.
“Maurício
de Maio popularizou uma maneira inteligente de modelar a face, com
preenchedores aplicados em determinados pontos”, diz Luciano Chaves, presidente
da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. “As pessoas já vinham fazendo
isso, mas ele sistematizou tudo, para cada perfil de rosto, e está formando
milhares de profissionais.”
Mas
Chaves não acha que os “MD Codes” substituam a cirurgia plástica. “Trata-se de
um complemento para a cirurgia rejuvenescedora, e não é para todo mundo. Se
você indicar apenas preenchimento com ácido hialurônico para uma pessoa de 60
anos, não vai adiantar”, diz. “Pessoas na faixa dos 35, 40 anos, que têm o
rosto magro ou murcho terão o maior benefício.”
Segundo
Adriana Salgado, mestre em dermatologia pela USP, com o envelhecimento, as
pessoas vão perdendo o volume no rosto, há reabsorção da estrutura óssea que
dava sustentação e do colágeno. “Não adianta só tratar a ruga se o rosto está
desabado, por isso o preenchimento faz toda a diferença.”
A
dermatologista diz que houve um aperfeiçoamento no ácido hialurônico. Antes, o
preenchimento ficava marcado, como se fosse um cordão embaixo da pele. Agora é
mais maleável, de aparência mais natural, e dura até 18 meses.
Segundo
Adriana, o “MD Codes” é um dos principais tratamentos de rejuvenescimento
feitos nos consultórios. “Acima dos 40 anos, praticamente todo paciente que vem
se queixando de estar parecendo cansado vai precisar de algum tipo de reposição
de volume; todo mundo usa toxina botulínica [botox] ou preenchimento com ácido
hialurônico.”
O
método, no entanto, tem efeitos colaterais. Muitas vezes o paciente fica com
hematomas no local das injeções, que somem após alguns dias. Mas quando o
profissional não tem prática, pode injetar preenchedor demais e comprimir algum
vaso sanguíneo, interrompendo o fluxo de sangue. Em última instância, isso leva
a necrose.
“O
método é seguro, desde que usado por um especialista em cirurgia plástica ou
dermatologista. O problema é que está cheio de dentista, enfermeiro e
fisioterapeuta injetando preenchedor e levantando a ponta do nariz com botox e
ácido hialurônico”, diz Chaves.
A
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica está pedindo na Justiça que esses
profissionais sejam impedidos de realizar esses procedimentos."