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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Morreu Óscar Lopes


Odete Soares Rangel


A matéria  de título acima é de autoria de Valdemar Cruz (15:10 Sexta feira, 22 de março de 2013). Ela foi publicada no site indicado ao final deste post. A cultura portuguesa está de luto. 

"Morreu Óscar Lopes

Desaparece um dos vultos maiores da cultura portuguesa do século XX.
Valdemar Cruz

Morreu ao fim da manhã de hoje, aos 95 anos, Óscar Lopes, um dos vultos maiores da cultura portuguesa do século XX. Homem de múltiplos saberes e interesses, deixa uma obra tida como fundamental, sobretudo na área da linguística.

Ensaísta e crítico literário, desenvolveu nas páginas do matutino "Comércio do Porto", ao longo dos anos de 1950 e 1960, uma  atividade crítica tida como marcante e inovadora, pelo modo como, referiu ao expresso a professora e ensaísta Isabel Pires de Lima, "soube dar uma nova atenção ao texto literário". Naquela época, sublinha a ex-ministra da cultura, a crítica de Óscar Lopes "é sempre muito corpo a corpo com o texto literário".

Óscar Luso de Freitas Lopes nasceu em Leça da Palmeira, Matosinhos, no dia 2 de outubro de 1917. Licenciou-se em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras de Lisboa, frequentou o Curso de Ciências Histórico Filosóficas em Coimbra e o Conservatório de Música do Porto. Foi professor do ensino secundário e, entre 1974 e 1987, assumiu as funções de professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Embora fosse muitas vezes prioritariamente apresentado como professor e crítico literário, a linguística era a área de conhecimento que mais o fascinava. Teve aí trabalhos pioneiros, como a publicação, nos anos de 1980, da "Gramática Simbólica do Português" No âmbito da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Óscar Lopes nunca deu aulas de literatura e uma das primeiras cadeiras que lecionou, após a reintegração no ensino a seguir ao 25 de abril de 1974, foi Linguística Matemática e Computacional. Foi fundador e era o patrono do Centro de Linguística da UP.

Militante do Partido Comunista Português até á morte, começou cedo a envolver-se nos movimentos oposicionistas à ditadura do Estado Novo. Isso valeu-lhe duas prisões, o afastamento do ensino, a proibição de se deslocar ao estrangeiro para participar em seminários para os quais era convidado e, até, a apreensão de algumas das suas obras pela polícia política.

Foi um dos dinamizadores, nos anos de 1940, das revistas "Seara Nova" e "Vértice".

Com António José Saraiva escreveu uma "História da Literatura Portuguesa" que ajudou a formar gerações de portugueses. Sucessivamente reeditada, a "História" foi alvo de intensa correspondência entre os dois autores que, demasiado absorvidos pelos diferentes trabalhos em que se envolviam, nunca chegaram a concretizar uma desejada, por ambos, atualização e refrescamento de um livro que se tornou referencial.

Um dos seus principais livros de ensaios no campo da historiografia da literatura portuguesa é "Entre Fialho e Nemésio", repartido em dois volumes, nos quais Óscar Lopes desenvolve intensas reflexões com início na geração de 1890, até a geração da "Presença", já no século XX.

O corpo de Óscar Lopes está na sede da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Amanhã, entre as 15 horas e as 16h30 haverá uma cerimónia naquela associação, com várias intervenções, após o que corpo seguirá para o cemitério de Matosinhos, onde será cremado."


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