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quarta-feira, 13 de junho de 2012

10 bons livros escritos na prisão

0dete Soares Rangel  

10 bons livros escritos na prisão. Esse é o título do artigo da Natasha. Adorei a matéria, eu desconhecia que alguns deles haviam sido escritos na prisão. E fiquei com muita vontade de ler todos para entender melhor o mecanismo  da mente humana quando vive no enclausuramento.


Ótima sugestão de leitura. No momento estou com dois livros para ler, presente ganho no dia dos namorados. Fernando Pessoa uma quase autobiografia, e fazendo uma releitura de Macunaíma, uma das minhas grandes paixões literárias. Sei que é muita ousadia, mas um dia, ainda penso fazer uma adaptação de Macunaíma para novela. A identidade cultural é muito forte nesse livro.

Obrigada Natasha por mais essa importante contribuição!


Por  em 12-6-12 |

O encarceramento pode servir de gatilho para a criatividade, já que dentro da prisão, não se tem um leque grande de coisas pra fazer. Muitos bons livros foram escritos nesse contexto. Nessa lista em particular, listamos apenas alguns deles, escritos realmente de dentro de uma cadeia ou prisão. Confira:
1 – “Da prisão, para Althea”, Richard Lovelace
“As paredes de pedra não fazem uma prisão/Nem barras de ferro uma gaiola” (tradução livre). Essas são as linhas mais citadas do poema de Richard Lovelace, “To Althea, from prison”.
Richard Lovelace era um jovem cavaleiro inglês da guerra civil, classificado ao lado dos poetas metafísicos. Enviado para a prisão por apresentar uma petição de apoio a bispos pró-monarquistas, ele usou seu tempo encarcerado para compor seu poema mais famoso. Escrito para uma “amante” possivelmente ficcional, o poema expressa um tema comum a grande parte da literatura composta na prisão: que não se pode aprisionar o espírito humano. Apesar das paredes ao redor, ele podia imaginar sua amada, e assim termina o poema com os versos: “Se eu tenho liberdade no meu amor/E na minha alma sou livre/Anjos solitários, que sobem acima/Desfrutam dessa liberdade” (tradução livre).
2 – “De Profundis” ou “A Balada do Cárcere de Reading”, Oscar Wilde
Enquanto Lovelace achou que o amor ia libertá-lo, para Wilde, foi o amor que o levou ao confinamento. Depois de uma série de acusações relativas às suas relações com Lord Alfred Douglas e outros homens, Wilde foi condenado por atentado violento ao pudor. Enquanto na prisão em Reading, Wilde compôs uma longa carta a Douglas que mais tarde foi publicada postumamente, como De Profundis. O livro começa com um balanço do relacionamento dos dois e como isso tem sido prejudicial para Wilde. O tom não é de acusação, mas autorrevelador. A carta, em seguida, volta-se para as realizações que a prisão forçou em Wilde. Ele termina com os seus planos para o futuro: “Eu me cansei das declarações articuladas dos homens e coisas. O Místico na Arte, a Mística na Vida, a Mística na Natureza, é isso que eu estou procurando. É absolutamente necessário que eu encontre isso em algum lugar” (tradução livre).
3 – “A História do Mundo”, Walter Raleigh
Sir Walter Raleigh (1552 ou 1554 – 1618) foi um explorador, espião, escritor e poeta britânico. Ele viveu na época das Grandes Navegações e da colonização da América, e não é exatamente comemorado por historiadores acadêmicos atuais, mas sua história inacabada do mundo é uma obra-prima. Raleigh traça a história do mundo desde a sua criação até a terceira guerra macedônica em 168 a.C. O livro serve para mostrar como a mente de um homem, embora o seu corpo seja mantido em cativeiro, pode viajar ao longo do tempo e do espaço. Raleigh nunca terminou o livro, mesmo tendo sido liberto, e mais tarde foi decapitado.
4 – “Tractatus Logico-Philosophicus”, Ludwig Wittgenstein
Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (1889 – 1951) foi um filósofo austríaco naturalizado britânico, com contribuições nos campos da lógica, filosofia da linguagem, filosofia da matemática e filosofia da mente.
O único livro de filosofia que publicou em vida, no entanto, foi o Tractatus Logico-Philosophicus, de 1922. “O que não podemos falar, devemos passar em silêncio”, é o que ele sugere no Tractatus. É uma das obras mais influentes do século 20, mas pode exigir múltiplas leituras. Wittgenstein começou as notas para o Tractatus enquanto era um soldado da Primeira Guerra Mundial. Ele terminou o livro na prisão, capturado pelos Aliados no final da guerra. Parte da dificuldade em ler o Tractatus de Wittgenstein é seu estilo; ele usa declarações curtas e subcláusulas para expor os seus pontos de vista, ao invés de argumentos como estamos acostumados.
5 – “As Viagens de Marco Polo”, Rustichello de Pisa
Marco Polo deixou a Itália com seu pai e seu tio em 1271, e retornou em 1295. Durante esse tempo, viajou para o então pouco conhecido Extremo Oriente. No retorno à Itália, Polo foi capturado pelos genoveses e preso. Enquanto na prisão, ele relatou suas aventuras ao companheiro prisioneiro Rustichello de Pisa.
Este, por sua vez, escreveu o que ouviu e logo seu trabalho se propagou pela Europa. Reza a lenda que, por séculos, “As Viagens de Marco Polo” representava a melhor informação que o Ocidente tinha sobre a China. Enquanto algumas falas de Polo possam ser questionadas quanto à veracidade, certamente se provaram influentes. O contato com a China existiu antes dele (certamente no comércio da Roma antiga), mas foi com o livro que nasceu a disseminação da fascinação com o “exótico Oriente”.
6 – “Cartas e papéis da prisão”, Dietrich Bonhoeffer
Bonhoeffer teve muitas chances de levar uma vida fácil. Ele nasceu no conforto da classe média de 1906 na Alemanha. Ele podia ter seguido a carreira de seu pai na medicina ou feito música. Em vez disso, Bonhoeffer estudou teologia e se tornou um pastor. Quando os nazistas tomaram o poder político na região, Bonhoeffer e outros clérigos liberais formaram a sua própria comunhão. Ele teve muitas chances de mudar para o exterior e evitar a perseguição, mas, após intenso debate interno, ele escolheu estar na Alemanha durante a guerra. Bonhoeffer foi preso em 1943 e mantido lá por apenas 23 dias antes do fim da guerra, quando foi enforcado. Durante sua prisão, Bonhoeffer escreveu muito, e esse conjunto de cartas e documentos é uma leitura que vale muito a pena, mesmo que você não seja o maior fã de detalhes da teologia cristã.
7 – “Carta de uma prisão em Birmingham”, Martin Luther King Jr
“Meus caros amigos clérigos: embora confinado aqui na prisão da cidade de Birmingham, me deparei com sua declaração recente chamando minhas atividades atuais de ‘imprudentes e inoportunas’. Raramente faço uma pausa para responder a críticas ao meu trabalho e ideias…” (tradução livre). Assim começou King seu trabalho na cadeia. E que bom que ele fez essa pausa para responder a seus críticos, porque a carta que escreveu da prisão, onde ficou detido por protestar sem permissão, é uma bela reivindicação aos direitos de todas as pessoas.
Bonhoeffer, como teólogo profundo, às vezes pode falar em termos cujo significado nos escapa. Mas a carta de King fala para todos, cristãos ou não.
King escreveu em resposta a uma publicação de oito clérigos locais, que pediam para os afro-americanos que pressionassem o seu caso pela igualdade de direitos através dos tribunais e não por manifestações. King responde estabelecendo calmamente todas as razões pelas quais é impossível que um homem de consciência permita que a injustiça continue. Este é o melhor documento para a compreensão da liderança de King. Se você estivesse subjugado por tal injustiça, seria capaz de enfrentá-la com razão, determinação e perdão?
O livro não é mais um apelo daqueles que sofrem discriminação pessoalmente; King deixa claro que todos devemos ser responsáveis por garantir os direitos dos outros. “A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em toda parte”.
8 – “Epístolas da Prisão”, Paulo
Paulo foi o primeiro e mais influente teólogo cristão. Ele era um “perseguidor” dos cristãos até ter um encontro com Jesus na estrada para Damasco; a partir de então, Paulo se tornou um dos defensores mais veementes do cristianismo. Suas cartas mostraram-se tão importantes para a teologia cristã que foram incorporadas ao Novo Testamento.
Enquanto Paulo estava espalhando a fé em Jesus como o Messias, ele causou descontentamento. Depois de um confronto em Jerusalém, Paulo foi preso. Lá, ele escreveu várias cartas importantes para comunidades cristãs. Suas cartas foram mais tarde extensamente lidas por Martin Luther e a teologia paulina se tornou uma força motriz por trás do cisma religioso entre católicos e protestantes.
9 – “A Morte de Artur”, Thomas Malory
Sir Thomas Malory (1405 — 1471) foi um romancista inglês. Seu livro “Le Morte d’Arthur” (A Morte de Artur) é um dos mais célebres contos sobre a história do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda –e isso porque a Inglaterra tem uma rica história da mitologia arturiana que inspirou escritores durante centenas de anos.
Enquanto estava preso em Londres, Thomas Malory escreveu, usando fontes francesas, a versão mais famosa da lenda arturiana. Le Morte d’Arthur deu ao mundo algumas das melhores imagens conhecidas de Artur, como o ato de puxar a espada da pedra, e a Dama do Lago.
10 – “A Consolação pela Filosofia”, Boécio
Desde que foi publicado, esse trabalho tem sido influente. Traduzido do latim para o inglês por figuras como o rei Alfred e a Rainha Elizabeth I, o livro serve como um aviso para quem está no poder. Boécio estava no auge do poder em Roma, após o colapso do Império Ocidental. Infelizmente, ele entrou em choque com Teodorico, o Grande e foi preso. Esta súbita mudança de fortuna é o que o levou a escrever este diálogo filosófico entre ele e a “Deusa Filosofia”. Boécio se sente lesado por ter tudo “arrancado” dele.
A filosofia o leva a questionar se alguma coisa de tudo que ele “perdeu” tinha sido verdadeiramente sua, para começar. Filosofia pode não ser a leitura mais fácil do mundo, mas esse continua sendo um texto fundamental para a civilização ocidental.[Listverse]
Bônus: “Memórias do Cárcere”, Graciliano Ramos
O brasileiro Graciliano Ramos (1892 – 1953) foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX. Apesar de sua obra mais conhecida ser “Vidas Secas” (1938), um dos seus melhores livros é “Memórias do Cárcere” (1953), escrito durante seu tempo na prisão e nunca concluído, faltando o capítulo final. Foi publicado postumamente em dois volumes.
Graciliano foi preso em 1936 por conta de seu envolvimento político, exagerado pelas autoridades por conta do “medo comunista” de 1935. No livro, Graciliano descreve variados acontecimentos ocorridos entre os presos políticos, como a entrega de Olga Benário para a Gestapo, as supostas sessões de tortura aplicadas a Rodolfo Ghioldi e o encontro com Epifrânio Guilhermino, único sujeito a assassinar um legalista no levante comunista do Rio Grande do Norte. Na obra, também dá importância ao sentimento de náusea causado pela imundície das cadeias, relatando ficar sem alimentação por vários dias por conta do nojo.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Mais Segurança no Bradesco Internet Banking

Odete Soares Rangel


Mais Segurança no Bradesco Internet Banking. Esse é o título de mais uma mensagem indevida nos nossos e-mails. Eu não caio nessa, porque nunca tive conta no Bradesco. Se você a possuir, não abra essa mensagem, contate com sua agência.   


Prezado cliente, 
 
Informamos que o período de uso das suas chaves de segurança Bradesco expirou, para continuar utilizando o mesmo cartão de chaves e utilizando aos serviços Bradesco como Caixas Eletrônicos, Fone fácil e Internet Banking será necessário realizar este procedimento. Caso a atualização não seja efetuada você precisará ir até sua agência Bradesco e retirar uma nova tabela de senhas. O processo é simples e rápido, basta clicar no link abaixo.

portanto abaixo, acesse sua conta normalmente, após isso siga as instruções.


Para atualizar seu cartão de chaves, basta clicar no link abaixo. (retirado)


ATENÇÃO: Caso o recadastramento não seja realizado em até 72 horas apos o recebimento deste comunicado, seu acesso será bloqueado e o desbloqueio só poderá ser realizado em sua agência

Banco Bradesco S.A. Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Frases Românticas em Inglês

Odete Soares Rangel

Dia 12 de junho, dia dos namorados, dia daqueles que ainda acreditam no amor. Recebi este post escrito pelo professor Denilso Lima, o qual você encontra no blog Inglês na Ponta da Língua de sua autoria. Estou transcrevendo a mensagem para divulgar o trabalho do Denilso e dividir  com vocês mais este importante aprendizado disponibilizado por ele. Ao final deste post você encontra o link para acessar diretamente o blog do professor Denilso, vale a pena visitar!  Tem sempre novidades e esclarecimentos de dúvidas! É um aprendizado diário. Ele também disponibiliza cursos on-line.

"Frases Românticas em Inglês por Denilso Lima
Posted: 11 Jun 2012 01:39 PM PDT

Aproveitando a onda dos Dia dos Namorados no Brasil, nós aqui no Inglês na Ponta da Língua resolvemos ajudar você a deixar o simples “I love you” de lado para dizer algo mais romântico. Afinal, dizer “I love you” todo mundo diz, mas você – leitor apaixonado ou leitora apaixonante – merece ouvir ou dizer algo mais profundo.

Acho que vocês já entenderam qual é a ideia, não é mesmo? Então, papel e caneta na mão para aprender outros modos de declarar o seu amor à pessoa amada em inglês. Vamos começar com “I adore you”, que não tem nada demais. Afinal, lembra o “I love you”. Mas, é interessante notar que na mesma fórmula do “I ... you” temos as seguintes maneiras: [Nota: nas traduções optei pelo padrão informal e não pelo padrão culto que pede o uso do pronome objeto “te”]


  • I cherish you. (Eu estimo você.)
  • I desire you. (Eu desejo você.)
  • I need you. (Eu preciso de você.)
  • I value you. (Eu valorizo você. | Eu te dou valor.)
  • I want you. (Eu quero você.)
  • I worship you. (Eu venero você.)
  • I appreciate you. (Eu aprecio você.)
Achou as formas acima um tanto quanto nada a ver? Então, experimente dizer “I’m infatuated with you”. Isso aí passa a ideia de que você já está bobo ou boba de amores pela outra pessoa. Outras fórmulas parecidas são:
  • I can’t live without you. (Não consigo viver sem você.)
  • I yearn for you. (Eu anseio por você.)
  • I’m fond of you. (Eu gosto de você.)
  • I’m lost without you. (Estou perdido/perdida sem você. | Eu me perco sem você.)
  • I’m thankful for you. (Dou graças por você. | Agradeço a Deus por sua existência.)
  • I’m nothing without you. (Sou nada sem você.)
  • I’m passionate about you. (Sou apaixonado/apaixonada por você.)
  • I’m crazy for you. (Sou louco/louca por você.)
  • I’m in love with you. (Estou louco/louca de amores por você.)
  • I’m devoted to you. (Sou devotado/devotada a você. | Sou inteiramente seu/sua.)
Outras frases românticas para expressar o seu amor pela outra pessoas são as seguintes:
  • I’m blessed to have you in my life. (Sou abençoado/abençoada por ter você em minha vida.)
  • I’m a better person because of you. (Sou uma pessoa melhor por sua causa.)
  • I’m yours. (Sou seu.)
  • I want a lifetime with you. (Quero passar minha vida inteira com você.)
  • Me and you. Always. (Eu e você. Para sempre.)
  • My love is unconditional. (Meu amor é incondicional.)
  • Take me. I’m all yours. (Me possua. Sou todo/toda seu/sua.)
Caso queira mudar o disco e não falar tantas coisas tendo o pronome “I” como o sujeito é só usar algumas da lista abaixo:
  • You are my everything. (Você é meu tudo.)
  • You are my one and only. (Para mim só existe você.)
  • You are my one true love. (Você é o meu verdadeiro amor.)
  • You’re the one I’ve always wished for.(Você é a pessoa que sempre desejei.)
  • You’re the one for me. (Você é a pessoa certa para mim.)
  • You’re all I want. (Você é tudo o que eu quero.)
  • You’re a dream come true. (Você é um sonho que se tornou realidade.)
  • You’re absolutely wonderful. (Você é maravilhoso/maravilhosa.)
  • You turn my world upside down. (Você vira meu mundo de pernas para o ar.)
  • You set my heart on fire. (Você incendeia meu coração.)
  • You rock my world. (Você gira o meu mundo.)
  • You hold the key to my heart. (Você tem a chave para o meu coração.)
  • You’re the reason I’m alive. (Você é a razão pela qual estou vivo/viva.)
Tem também umas mais picantes:
  • You drive me wild. (Você me enlouquece.)
  • You make me hot. (Você me deixa louco/louca. – algo como, você me deixa com tesão)
  • You light my flame. (Você acende o meu fogo. | Você desperta os meus desejos.)
Bom! Acho que é isso! Creio que as sentenças acima ajudarão você a expressar o amor ou o desejo ardente que você sente pela pessoa amada. Mas, caso a pessoa amada ainda não esteja em sua vida, não se preocupe. Aproveite o tempo em que está com a boca sem dar beijos, para aprender a dizer as sentenças acima e depois colocá-las em prática. Feliz Dia dos Namorados para vocês! [Ah sim! Na figura que ilustra essa dica, você aprende mais frases românticas. Então dê uma olhada lá! - Outras dicas para você também ler são “Como é que se diz eu te amo em inglês” e “Collocations com a Palavra Love.]"

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A força e a sabedoria - Fábula Chinesa

Odete Soares Rangel


Quomodo fabula, sic vita; nom quam diu, sed quam bene acta sit, refert.
(A vida é como uma fábula; não importa quanto seja longa, 
mas que seja bem narrada. Sêneca)

A fábula chinesa A força e a Sabedoria foi escrita por Liu Ji. Achei interessante as dicotomias força X inteligência e isolado X grupo. O uso da força sendo superado pelo da inteligência, e o agir em grupo reforçando a importância do viver em sociedade, da força das classes organizadas. Na frase "Um homem só será alimento de tigre se for impedido de usar a sua inteligência ou de usar as suas armas",  as armas podem ser metáforas representativas do uso da inteligência, como também das armas como instrumento de ataque e de defesa. 


"Yulizi diz que a força do tigre é, sem dúvida alguma, superior à do homem. O tigre possui garras e dentes afiados e fortes, e o homem não. Logo, é natural que o homem seja devorado pelo tigre. Contudo, é raro se ter notícia de homem devorado por tigre, mas é frequente encontrar tapete de tigre nas casas. 

O que acontece?
O tigre usa a força, enquanto o homem usa a inteligência. O tigre possui apenas garras e dentes afiados, enquanto o homem maneja armas. A força é equivalente a um, mas a inteligência é equivalente a cem. O tigre atua sozinho, enquanto o homem atua em grupo. Um tigre sempre perderá, caso lute contra cem homens, mesmo sendo feroz. Um homem só será alimento de tigre se for impedido de usar a sua inteligência ou de usar as suas armas.
Por isso é que se diz, que um homem que usa apenas a sua força e não a sua inteligência, ou atua sozinho e não em grupo, é considerado um tigre. Então, por que estranhar que a pele dessas pessoas sejam usadas nas casas, como tapetes?"

Fonte: Fábulas Chinesas. Organização e tradução SchmaltzMárcia & CapparelliSergioPorto Alegre, RS: Editora: L&pm. 2012.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

Paul McCartney vai encerrar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos

Odete Soares Rangel


Paul McCartney vai mesmo encerrar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, cujo evento acontecerá  em Londres, no dia 27 de julho. Click no link e leia o artigo completo.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Promoção Nas asas da TAM, mensagem fraudulenta

Odete Soares Rangel

Recebi esta mensagem e fico me perguntando o que a TAM estará fazendo para eliminar  essa praga que contamina sua imagem. É apenas mais uma das tantas mensagens fraudulentas que invadem nossa caixa diariamente. Portanto, não click no link, não submeta seus dados a falsários, se não quiser ter muitas dores de cabeça futuras. Retirei  o link indicado para o cadastro junto a mensagem, para evitar transtornos.

Neste link http://www.rnp.br/cais/fraudes.php?ano=&mes=&pag=10&busca=&tag_extend=&tag=201 você pode clicar e terá acesso a todos os tipos de mensagens fraudulentas envolvendo o nome da TAM.  Parabéns ao site que fez a compilação! Previna-se.


 PREZADO CLIENTE TAM,

É com grande satisfação que nós da TAM, viemos através deste email informar a você, sobre nossa NOVA PROMOÇÃO "Nas Asas da TAM". Está promoção sorteia 200.000 pontos diariamente entre clientes TAM Fidelidade cadastrados.
Todos os clientes que participarem desta promoção, além de concorrer a 200.000 pontos diariamente, receberam 15.000 pontos após o cadastro. Estes pontos podem ser utilizados em viagens  nacionais ou internacionais. Atenção apenas clientes  que realizarem o cadastro completo estarão concorrendo aos prêmios.
O processo de adesão é rápido, basta acessar o endereço abaixo, e seguir todos os passos requisitados pelo sistema.
Aqui havia um link para cadastrar-se, retirei-o.
pedimos que insira corretamente os seus dados! 



segunda-feira, 4 de junho de 2012

O que é melhor para a saúde e felicidade: casar ou morar junto?


Odete Soares Rangel

Você lerá na íntegra o artigo da Natasha que mais uma vez traz um assunto relevante para reflexão.  É interessante que você escolha aquilo que lhe faz mais feliz, felicidade contribui para uma melhor saúde e aumenta sua auto-estima.


O que é melhor para a saúde e felicidade: casar ou morar junto?

Um novo estudo revela que pessoas casadas tem maior vantagem na saúde e nos laços sociais em comparação com pessoas não casadas, mas que moram juntas. Apesar de ambos o casamento e a coabitação oferecerem benefícios sobre estar solteiro, esses benefícios se reduzem com o tempo.
“O casamento é uma importante instituição social, mas nas décadas recentes, as sociedades ocidentais têm experimentado aumentos na coabitação, antes ou ao invés do casamento, e o aumento no número de filhos sem estar casado”, comenta Kelly Musick. “Essas mudanças mudaram as fronteiras do casamento, levando a uma busca por alternativas”.
Musick estudou 2.737 homens e mulheres solteiros, sendo que 896 se casaram ou passaram a morar com alguém em um período de seis anos. O estudo focou em pontos importantes do bem estar, considerando elementos como felicidade, nível de depressão, saúde e laços sociais.
Os resultados revelam um aumento no bem estar imediatamente após o casamento ou o começo da coabitação, com maiores níveis de felicidade e menores de depressão em comparação com pessoas solteiras. Entretanto, essas vantagens têm vida curta.
O casamento e a coabitação resultam em menos contato com parentes e amigos, e esses efeitos parecem persistir com o tempo.
“Nós descobrimos que as diferenças entre o casamento e a coabitação tendem a ser pequenas e se dissiparem após o período da lua de mel. Também descobrimos que enquanto os casados experimentam ganhos na saúde – geralmente ligados à divisão de planos de saúde -, os que coabitam têm melhoras na felicidade e autoestima. Para alguns, a coabitação pode significar menos obrigações do que o casamento, e permitir mais flexibilidade, autonomia e ganho pessoal”, comenta Musick.
As pesquisas mostram que o casamento não é o único a melhorar o bem estar, e outras formas de relacionamentos românticos também podem oferecer os mesmos benefícios. Qual escolha seria a melhor, então? Casamento, coabitação ou permanecer solteiro? [ScienceDaily]

domingo, 3 de junho de 2012

A palerma

Odete Soares Rangel

 Tchékhov em roupas de campo
Wikipédia
O conto A  palerma  de Anton Tchékhov  vai nos conduzindo por uma relação difícil entre patrão e empregado, na qual a coitada da Iúlia era submissa, servil, e não sabia protestar.

O autor vai delineando o sujeito como um patrão  mercenário e poderoso, que sem dó, coloca a governanta como a subalterna que ela é,  mas também como uma irresponsável que deixa de cumprir seus horários de trabalho por motivos banais, deixando os patrões sem a execução das tarefas por longos períodos. Humilhava-a com as revelações do que teria descontado e por qual razão, ela tímida até esboçava discordar, mas acabava cedendo. "- Então, está bem... Que seja."

Somente ao final do conto ele revela sua real intenção: após submetê-la a uma cruel lição como para conscientizá-la das suas falhas, paga-lhe todos os valores a que teria direito, caso tivesse trabalhado o período integralmente. E assim, coloca-se no papel do justo e humano, pede desculpas a Iúlia e quase lamenta a facilidade com que uma pessoa torna-se  poderosa nesse mundo e o que pode fazer com esse poder, como se estivesse arrependido da sua atitude. 

Se você quiser saber sobre o autor, acesse http://educacao.uol.com.br/biografias/anton-pavlovitch-tchekhov.jhtm.

Leia o conto, é muito interessante.

"Dias atrás mandei chamar a governanta dos meus filhos, Iúlia Vassílievna, ao meu gabinete. Precisávamos acertar as contas.
- Sente-se, Iúlia Vassílievna! - eu disse. - Vamos acertar nossas contas. A senhora provavelmente necessita de dinheiro, mas tem cerimônia demais para pedir... Vamos lá... Nós combinamos trinta rublos por mês...
- Quarenta...
- Não, trinta... Eu tenho aqui escrito... Eu sempre paguei trinta para as governantas... Então, a senhora ficou aqui dois meses...
- Dois meses e cinco dias...
- Dois meses exatos... Eu tenho aqui anotado. Portanto, a senhora tem a receber sessenta rublos... Temos que descontar nove domingos... pois a senhora não estudou com Kólia nos domingos, somente passearam... e houve ainda três feriados...
Iúlia Vassílievna ficou vermelha e começou a repuxar os babadinhos de sua roupa, mas não disse uma só palavra...
- Três feriados... Consequentemente, vamos tirar doze rublos... Durante quatro dias Kólia ficou doente e não teve aulas... A senhora estudou só com Vária... Três dias a senhora teve dor de dente e minha esposa permitiu que a senhora não desse aula depois do almoço... Doze mais sete - dezenove. Subtraindo, restam... hum... 41 rublos. Certo?
O olho esquerdo de Iúlia Vassílievna ficou vermelho e cheio d'água. Seu queixo tremeu. Ela deu uma tossida nervosa, assoou o nariz, mas - nem uma palavra!
- Na véspera de ano-novo a senhora quebrou uma xícara de chá e um pires. Vamos tirar dois rublos... A xícara custa mais do que isso, era herança de família, mas... deixa pra lá! Não vamos fazer questão disso! Adiante: devido à sua falta de atenção, Kólia subiu numa árvore e rasgou seu casaquinho. Vamos tirar dez... A arrumadeira, também devido à sua falta de atenção, roubou umas botinas de Vária. A senhora deveria cuidar de tudo. É para isso que recebe um salário. Então, vamos tirar mais cinco... No dia sete de janeiro a senhora pegou adiantado comigo dez rublos...
- Eu não peguei! - sussurrou Iúlia Vassílievna.
- Mas eu tenho aqui anotado!
- Então, está bem... Que seja.
- De 41 vamos subtrair 27 - restam catorze.
Os dois olhos de Iúlia Vassílievna encheram-se de lágrimas... No seu belo e alongado narizinho apareceram gotas de suor. Pobre menina!
- Eu só peguei uma vez - disse ela com voz trêmula. -- Peguei com a sua esposa três rublos... Não peguei mais...
- É mesmo? Ora, mas isso não está anotado! Tirando três de catorze, sobram onze... Aqui está o seu dinheiro, caríssima! Três... três... três... um... um... Tenha a bondade de receber!
E lhe entreguei onze rublos... Ela pegou o dinheiro e com os dedinhos tremendo meteu-o no bolso.
- Merci - sussurrou ela.
Levantei-me de um salto e comecei a caminhar pelo gabinete. Estava indignado.
- Merci por quê? - perguntei.
- Pelo dinheiro...
- Mas eu a roubei, com os diabos, eu a assaltei! Acabei de roubá-la! Por que merci?
- Nos outros lugares eles não pagavam nada...
- Não pagavam? Então não é de se estranhar! Eu estava brincando com a senhora, estava lhe dando uma lição cruel... Vou lhe pagar todos os oitenta rublos! Estão aqui preparados, neste envelope! Mas é possível ser assim tão pateta? Por que a senhora não protesta? Por que fica calada? Será que neste mundo é possível não ser atrevido? É possível ser tão palerma?
Ela deu um sorriso azedo e eu li no seu rosto: "É possível!".
Pedi desculpas pela cruel lição e, para sua grande surpresa, entreguei-lhe todos os oitenta rublos. Ela disse um merci tímido e saiu... Fiquei olhando quando ela se afastava e pensei: "Como é fácil ser poderoso neste mundo!".

Fonte: TCHÉKHOV, P. Anton. A CORISTA & OUTRAS HISTÓRIAS. Tradução de Maria Aparecida Botelho Pereira Soares e Tatiana Belinky.  - Porto Alegre, RS:LP&M,  2012. 64p. Coleção L&PM Pocket

sábado, 2 de junho de 2012

10 experiências latinas únicas


Odete Soares Rangel

http://revoada.net/10-experiencias-latinas-unicas/ 
10 Experiências latinas únicas é o título da matéria escrita por  em 01-06-2012. Sou uma admiradora das produções dessa moça e sempre busco divulgar o seu trabalho, embora é claro, ela não precise disso. A imagem que você vê acima é da "Inspiradora Havana de Hemingway/Cuba" como ela a descreve, e uma das que compõem o seu artigo. Click no link para ver o artigo completo. Vale a pena ver, são assuntos diversificados.

E como sou um amante da literatura, vou relembrar um pouquinho desse grande escritor com um dos seus intrigantes contos.

Os Assassinos (Ernest Hemingway)



A porta da lanchonete Henry’s abriu-se e entraram dois homens. Sentaram ao balcão.

- O que é que vai ser? – perguntou George.
- Não sei – disse um dos homens. – O que é que você quer comer, Al?
- Não sei – disse Al. – Não sei o que quero comer.
Escurecia lá fora. A luz da rua entrava pela janela. Os dois homens ao balcão leram o cardápio. Da outra extremidade do balcão, Nick Adams observava-os. Ele conversava com George quando eles entraram.
- Eu quero lombo de porco assado com molho de maçã e purê de batatas – disse o primeiro homem.
- Não está pronto ainda.
- Então por que diabos põem isto no cardápio?
- Isto é o jantar – explicou George. Você pode pedi-lo as seis da tarde.
George olhou para o relógio arás do balcão.
- São cinco horas.
- O relógio marca cinco e vinte – disse o segundo homem.
- Está vinte minutos adiantado.
- Ah, pro inferno com o relógio – disse o primeiro homem. – O que você tem para comer?
- Posso servir qualquer tipo de sanduíche – disse George. – Posso fazer presunto e ovos, bacon e ovos, fígado e bacon, ou um bife.
- Me dê croquetes de galinha com ervilhas verdes ao molho de nata e purê de batatas.
- Isto é o jantar.
- Tudo o que queremos é jantar, hein? Isso é jeito de servir?
- Eu posso servir presunto e ovos, bacon e ovos, fígado…
- Vou querer presunto e ovos – disse o homem chamado Al. Ele usava um chapéu-coco e um sobretudo preto abotoado na frente. O rosto era pequeno e pálido e tinha os lábios finos.Usava um cachecol de seda e luvas.
- Me dê bacon e ovos – disse o outro homem. Tinha quase o mesmo tamanho de Al. Os rostos eram diferentes, mas estavam vestidos como gêmeos. Ambos usavam sobretudos muito pequenos para eles. Sentaram e apoiaram os cotovelos no balcão.
- Tem algo para beber? – perguntou Al.
- Cerveja, sucos e refrigerantes.
- Perguntei se tinha alguma coisa para beber?
- Só o que eu disse.
- Esta é uma cidade quente – disse o outro. – Como se chama?
- Summit.
- Já tinha ouvido? – perguntou Al ao amigo.
- Não – disse o amigo.
- O que fazem por aqui à noite? – perguntou Al.
- Eles jantam – disse o amigo. Ele vem todos aqui e comem a grande janta.
- É isso mesmo – disse George.
- Então você acha isso mesmo? – Al perguntou a George.
- Claro.
- Você é um rapaz espertinho, não é?
- Claro – disse George.
- Bem, mas não é – disse o outro sujeito. – Você acha que ele é, Al?
- Ele é um bobo – disse Al. Virou-se para Nick. – Qual é o seu nome?
- Adams.
- Outro espertinho – disse Al. – Ele não é um espertinho, Max?
- A cidade está cheia de espertinhos – disse Max.
George pôs as duas travessas, uma com presunto e ovos e outra com bacon e ovos, sobre o balcão. Juntou dois pratos de batatas fritas e fechou o postigo da cozinha.
- Qual é o seu – perguntou a Al.
- Não se lembra?
- Presunto e ovos.
- É mesmo um espertinho – disse Max. Inclinou-se e pegou o presunto com ovos. Os dois homens comeram sem tirar as luvas. George observava-os comer.
- O que está olhando? Max olhou para George.
- Nada.
- Vá pro inferno. Você estava me olhando.
- Talvez o rapaz o fez por brincadeira, Max – disse Al.
George riu.
- Você não tem que rir – disse Max. Não tem nada para rir, viu?
- Está bem – disse George.
- E ele pensa que está tudo certo – disse Max virando-se para Al. – Ele acha que está tudo certo. É um cara legal.
- Ora, ele é um filósofo – disse Al. Continuaram comendo.
- Qual é o nome do espertinho lá do fim do balcão? – perguntou Al para Max.
- Ei, espertinho – disse Max a Nick. Passe para o outro lado do balcão, com seu amiguinho.
- Qual é a ideia? – perguntou Nick.
- Não há ideia nenhuma.
- É melhor dar a volta, espertinho – disse Al. Nick passou para trás do balcão.
- Qual é a ideia? – perguntou George.
- Não é da sua maldita conta – disse Al. – Quem está na cozinha?
- O negro.
- O que quer dizer com “o negro”?
- O negro da cozinha.
- Diga-lhe para entrar.
- Onde pensam que estão?
- Maldição, sabemos muito bem onde estamos – disse o homem chamado Max. – Parecemos tolos?
- Você fala como um tolo – disse-lhe Al. Que diacho quer discutir com esse cara? Escute aqui – disse a George -, diga ao negro para vir aqui.
- O que vão fazer com ele?
- Nada. Use a cabeça espertinho. O que iríamos fazer com um negro?
George abriu o postigo da cozinha. – Sam – chamou. – Venha aqui um minuto.
A porta da cozinha abriu-se e o negro entrou. – Que foi? – perguntou. Os dois homens no balcão olharam-no.
- Muito bem, negro. Fique parado aí mesmo – disse Al.
Sam, o negro, vestindo seu avental, olhou os dois homens sentados ao balcão. – Sim, senhor – disse. Al desceu do seu banco.
- Vou à cozinha com o negro e o espertinho – disse ele. – Volte para a cozinha, negro. Você vai com ele, espertinho. – O sujeito foi atrás de Nick e Sam, o cozinheiro, até a cozinha. A porta fechou-se atrás deles. O homem chamado Max ficou sentado ao balcão defronte George. Não olhava para George, mas olhava para o espelho atrás do balcão. O Henry’s tinha sido transformado de salão em lanchonete.
- E então, espertinho – disse Max olhando para o espelho – por que não diz alguma coisa?
- E por que tudo isso?
- Ei, Al – chamou Max – o espertinho quer saber por que tudo isso.
- Por que não diz a ele? – a voz de Max veio da cozinha.
- O que você pensa de tudo isso?
- Não sei.
- Que acha?
Max não deixou de olhar para o espelho, enquanto falava.
- Eu não diria.
- Ei, Al, o espertinho diz que não diria o que pensa de tudo isso.
- Estou escutado, certo -disse Al, da cozinha. Ele tinha escorado o postigo por onde passam os pratos da cozinha com uma garrafa de molho de tomate, para mantê-lo aberto. – Escute, espertinho – disse a George, da cozinha. – Fique em pé um pouco mais à frente no bar. Você movimente-se um pouco mais para a esquerda, Max. – Parecia um fotógrafo que organiza para uma foto de grupo.
- Fale comigo, espertinho – disse Max. – O que você acha que vai acontecer?
George não disse nada.
- Vou lhe dizer – disse Max. – Vamos matar um sueco. Você conhece um sueco enorme chamado Ole Anderson?
- Sim.
- Ele vem jantar todas as noites, não vem?
- Ele vem aqui às vezes.
- Ele vem às seis horas, não vem?
- Quando vem.
- Sabemos de tudo, espertinho – disse Max. Diga mais alguma coisa. Vai alguma vez ao cinema?
- De vez em quando.
- Você deve ir mais ao cinema. Os filmes são bons para um menino esperto como você.
- Por que vão matar o Ole Anderson? O que ele fez a vocês?
- Ele nunca teve chance para nos fazer qualquer coisa. Ele nem mesmo chegou a nos ver.
E ele só nos vai ver uma vez – disse Al, da cozinha.
- Então, por que vão matá-lo? – perguntou George.
- Nós o estamos matando para um amigo. É só um favor para um amigo, espertinho.
- Cale-se – disse Al, da cozinha. Você fala demais, maldito.
- Preciso entreter o espertinho. Não é espertinho?
- Você fala demais, droga – disse Al. O negro e o meu espertinho se divertem sozinhos. Eu os amarrei como amiguinhas de conventos.
- Eu suponho que você esteve num convento.
- Nunca se sabe.
- Você esteve num convento muito legal. Lá é que você esteve.
George olhou o relógio.
- Se alguém entrar você diz que o cozinheiro está de folga, e se insistirem, diga que você mesmo vai entrar e cozinhar. Você entendeu, espertinho?
- Tudo bem – disse George. – O que vai ser com a gente depois?
- Isso depende – disse Max. Isso é dessas coisas que você nunca sabe antes da hora.
George olhou o relógio. Eram seis e quinze. A porta da rua abriu-se. Entrou um motorneiro de bonde.
- Oi, George – disse ele. – Posso jantar?
- Sam saiu – disse George. Ele volta em mais ou menos meia hora.
- É melhor eu procurar outro lugar – disse o motorneiro. George olhou o relógio. Eram seis e vinte.
- Muito bom, espertinho – disse Max. Você até que é um cavalheiro.
- Ela sabia que eu lhe estouraria a cabeça – disse Al, da cozinha.
- Não – disse Max. Não é isso. O espertinho é legal. Ele é um menino legal. Eu gosto dele.
Às seis e cinqüenta e cinco George disse: – Ele não vem.
Duas outras pessoas tinham entrado na lanchonete. Uma vez George fora à cozinha e fizera um sanduíche de presunto com ovos para “viagem”, que o homem quis levar com ele. Dentro da cozinha viu Al, com o chapéu-coco empurrado para trás, sentado num tamborete, atrás do postigo, com uma espingarda de cano serrado apoiada na borda. Nick e o cozinheiro estavam costas contra costas, num canto, cada um com uma toalha amarrada na boca. George preparara o sanduíche, embrulhara-o em papel impermeável, metera-o num saquinho, trouxera-o e o homem pagara e fora embora.
- O espertinho sabe fazer de tudo – disse Max. – Ele sabe cozinhar e tudo o mais. Você faria de qualquer moça uma boa dona-de-casa, espertinho.
- É? – disse George. Seu amigo, Ole Anderson, não vai aparecer.
- Vamos dar-lhe dez minutos – disse Max.
Max observava o espelho e o relógio. Os ponteiros do relógio marcaram sete horas, e depois sete e cinco.
- Vamos, Al – disse Max. – É melhor ir embora. Ele não vai aparecer.
- É melhor dar-lhe mais cinco minutos – disse Max, da cozinha.
- Nesses cinco minutos, entrou um homem e George disse que o cozinheiro estava doente.
- Por que diabos não arranjam outro cozinheiro? – perguntou o homem. – É assim que é. Saiu.
- Vamos, Al – disse Max.
- Que vamos fazer com os dois espertinhos e o negro?
- Não tem problema.
- Você acha?
- Claro. Já terminamos com isso.
- Não gosto disso, disse Al. Foi mal feito. Você fala demais.
- Ah, mas que inferno – disse Max. Temos que nos divertir, não temos?
- Dá no mesmo, você fala demais – disse Al. Saiu da cozinha. Os canos serrados da arma salientavam levemente sob a cintura do sobretudo apertado. Ele endireitou o casaco com as mãos enluvadas.
- Até logo, espertinho – disse ele a George. – Você tem muita sorte.
- É verdade – disse Max. Você devia apostar nas corridas, espertinho.
Os dois saíram porta a fora. George observou-os, através da janela, passar sob a luz do poste e atravessar a rua. Com seus sobretudos pequenos e chapéus-coco eles pareciam uma dupla teatral. George voltou a entrar na cozinha pela porta vaivém e desatou Nick e o cozinheiro.
- Eu não quero mais nada disso – disse Sam, o cozinheiro. – Eu não quero mais nada disso.
Nick levantou-se. Nunca tivera estado antes com uma toalha enfiada na boca.
- Escutem – disse ele. – Que diabos foi isso? Estava tentando bancar o valentão.
- Eles iam matar Ole Anderson – disse George. – Iam dar-lhe um tiro quando entrasse para comer.
- Ole Anderson?
- Sim.
O cozinheiro apalpou os cantos da boca com os polegares.
- Foram todos embora? – perguntou.
- Sim – disse George. Já foram.
- Eu não gosto disso – disse o cozinheiro. Eu não gosto de nada disso.
- Escute – disse George a Nick. – É melhor você procurar Ole Anderson.
- Certo.
- É melhor você não se meter em nada disso – disse Sam, o cozinheiro. Fique fora disso.
- Irei procurá-lo – disse Nick a George. – Onde ele mora?
O cozinheiro se afastou.
- Garotos sempre fazem o que querem – disse ele.
- Vive na pensão de Hirsch – disse George a Nick.
- Vou até lá.
Fora, a luz do poste brilhava entre os galhos nus de uma árvore. Nick subiu a rua pelos trilhos dos bondes e, no poste seguinte, entrou numa rua lateral. A pensão de Hirsch era a terceira casa da rua. Nick subiu os dois degraus e tocou a campainha. Uma mulher veio até a porta.
- Ole Anderson está?
- Você quer vê-lo?
- Se ele estiver.
Nick seguiu a mulher por uma escadaria e até o fim de um corredor. Ela bateu à porta.
- Quem é?
- É alguém que quer vê-lo, senhor Anderson – disse a mulher.
- É Nick Adams.
- Entre.
Nick abriu a porta e entrou no quarto. Ole Anderson estava metido na cama, completamente vestido. Ela fora um pugilista peso-pesado e era grande demais para a cama. Tinha a cabeça apoiada em dois travesseiros. Não olhou para Nick.
- O que foi – ele perguntou.
- Eu estava no Harry’s – disse Nick, – e dois sujeitos entraram, amarraram a mim e ao cozinheiro, e disseram que iam matá-lo.
Soou absurdo quando ele disse. Ole Anderson não falou nada.
- Eles nos puseram na cozinha – continuou Nick. Eles iam atirar em você quando entrasse para jantar.
Ole Anderson olhava para a parede e não dizia nada.
George achou melhor eu vir contar a você.
- Não há nada que eu possa fazer a respeito – disse Ole Anderson.
- Vou lhe dizer como eles eram.
- Eu não quero saber como eles eram – disse Ole Anderson, olhando para a parede. – Obrigado por vir me contar.
- Tá certo.
Nick olhava para o homenzarrão deitado na cama.
- Não quer que eu vá a polícia?
- Não – disse Ole Anderson. Isso não adianta nada.
- Tem alguma coisa que eu possa fazer?
- Talvez fosse apenas um blefe.
- Não. Não foi um blefe.
Ole Anderson virou-se para a parede.
- O pior é que – disse ele, voltado para a parede – eu simplesmente não consigo me decidir a sair. Fiquei aqui o dia todo.
- Você não poderia sair da cidade?
- Não – disse Ole Anderson. Estou cansado de viver fugindo.
Olhava para a parede.
- Já não há mais nada a fazer agora.
- Não dá para resolver isso de algum modo?
- Não, eu errei. – Falava com a voz neutra e sempre igual. – Não há nada a fazer. Daqui a pouco me decido a sair.
- É melhor eu voltar e falar com George – disse Nick.
- Até logo – disse Ole Anderson. Não olhou para Nick. – Obrigado por vir até aqui.
Nick saiu. Quando fechou a porta viu Ole Anderson, completamente vestido, metido na cama, olhando para a parede.
- Ele está no quarto o dia todo – disse a senhoria no andar de baixo. – Acho que ele não se sente bem. Eu disse a ele: “Sr. Anderson, o senhor deve sair e dar um passeio num dia agradável de outono como este”, mas ele não estava com vontade.
- Ele não quer sair.
- Lamento que não se sinta bem – disse a mulher. – Ele é um homem muito agradável. Ele era do ringue, você sabe.
- Sei.
- A gente nunca saberia se fosse pelo seu rosto – disse a mulher. Ficaram em pé, conversando diante da porta da rua. – É um senhor tão gentil.
- Boa noite, senhora Hirsch – disse Nick.
- Eu não sou a senhora Hirsch – disse a mulher. Ela é a proprietária. Eu só tomo conta disto para ela. Sou a senhora Bell.
- Bem, boa noite, senhora Bell – disse Nick.
- Boa noite – disse a mulher.
Nick caminhou pela rua escura até a esquina onde estava o poste, e depois seguiu pelos trilhos de bonde até a lanchonete Harry’s. George estava lá dentro, atrás do balcão.
- Esteve com Ole?
- Sim – disse Nick. Ele está em seu quarto e não quer sair.
O cozinheiro abriu a porta da cozinha quando ouviu a voz de Nick.
- Não quero nem mesmo ouvir – disse, e fechou a porta.
- Você falou sobre o que aconteceu? – perguntou George.
- Claro. Contei, mas ele já sabia do que se tratava.
- O que ele vai fazer?
- Nada.
- Eles vão matá-lo.
- Acho que vão.
- Ele deve ter-se envolvido em algo em Chicago.
- Acho que sim – disse Nick.
- Que coisa infernal!
- É uma coisa terrível – disse Nick.
Não disseram mais nada. George abaixou-se para pegar uma toalha e limpou o balcão.
- Queria saber o que ele fez – disse Nick.
- Enganado alguém. Por isso se matam pessoas.
- Vou sair desta cidade – disse Nick.
- Sim – disse George. É uma boa coisa a se fazer.
- Não posso pensar nele esperando no quarto e sabendo que será apanhado. É uma coisa terrível.
- Bem – disse George, – é melhor você parar de pensar nisso.
NOTA: A palavra idéia foi corrigida para adequá-la as novas regras ortográficas.