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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Thurston Moore no Brasil, em abril

Odete Soares Rangel

http://youtu.be/QzHWTbdj-FI

Você conhece o norte-americano Thurston Moore?  Ele mesmo! Um dos cofundadores do Sonic Youth e um dos maiores nomes do rock internacional. Ele se apresentará juntamente com o  multi-instrumentista Kurt Vile (ex- The War on The Drugs), no Bar Opinião, em Porto Alegre, no dia 11 de abril.

Eles deverão trazer novidades dos seus álbuns lançados em 2011, Moore com seu Demolished Thoughts e  Vile com Smoke Ring for my Halo.


Veja a agenda de shows divulgada pela Zero Hora em 27.02.2012.

9 de abril - Buenos Aires, Argentina - Niceto Club
10 de abril - Buenos Aires, Argentina - Niceto Club
11 de abril - Porto Alegre, Brasil - Bar Opinião
12 de abril - São Paulo, Brasil - Cine Joia
15 de abril - Santiago, Chile - Teatro Oriente

Os 10 maiores problemas com viagens interestelares

Odete Soares Rangel

Esta matéria me foi enviada via e-mail por Revoada.net. O conteúdo é  bastante interessante, assim estou postando para divulgar o trabalho realizado pela Natasha Romanzoti.


Por  em 27-2-12 |

O homem já foi à lua, e para muitas pessoas, a progressão natural é viajar para as estrelas. Tais viagens são temas de inúmeras histórias de filmes de ficção, mas, mesmo que você tenha a impressão de que uma viagem interestelar é uma tarefa fácil, nossa inteligência ainda está anos-luz atrás disso. Veja problemas sérios que devem ser resolvidos antes do homem chegar mais longe:
1. Mais rápido do que a luz s rápido do que a luz
Se você acha que viajar mais rápido que a luz é possível, está bem longe da verdade. A realidade é que a física impede isso. Mesmo viagens perto da velocidade da luz possuem todos os tipos de problemas interessantes envolvendo massa e energia.
Nossa única possibilidade é a utilização de “portais buraco de minhoca” (um buraco de verme ou buraco de minhoca é uma característica topológica hipotética do continuum espaço-tempo, a qual é, em essência, um “atalho” através do espaço e do tempo). Tal buraco de minhoca teria que ser cuidadosamente controlado, o que está além de nossas capacidades atuais, e teríamos que, de alguma forma, criar um buraco de minhoca “gêmeo” no nosso destino desejado, o que exige outra pessoa na outra extremidade. Isso não é viável para o primeiro voo interestelar. Pior ainda, os efeitos físicos de viajar através de um buraco de minhoca permanente ou semi-permanente deformaria e destruiria qualquer matéria. Você chegaria ao seu destino como um plasma.
2 – Teletransporte
O teletransporte clássico envolve uma pessoa ativar um dispositivo e desaparecer para reaparecer ao mesmo tempo ao seu destino. Átomos da pessoa seriam teletransportados e desmontados na máquina de teletransporte, fisicamente transferidos para o seu destino, e remontados.
Há leis físicas que não nos permitem manipular a matéria em um nível tão refinado sobre as vastas distâncias entre as estrelas. Então teletransporte só poderia ocorrer em lugares que já foram visitados (e que tivessem uma máquina de remontagem no destino). Aliás, nós ainda não sabemos como lidar com a remontagem, mas pode ser possível.
Os átomos viajam mais rápido do que viajar como um corpo inteiro, mas ainda assim levaria anos, pelo menos. A estrela mais próxima ao sol está a quatro anos-luz de distância, então qualquer coisa enviada para lá iria demorar mais de quatro anos para chegar. Alternativamente, a máquina de remontagem pode ter os átomos da pessoa para remontar, mas isso é, em essência, criar uma cópia e destruir o original. Muitas pessoas não se sentiriam confortáveis com isso.
3 – “Nave de geração”
As “naves de geração”, ou “generation ships”, são um tipo de nave hipotética na qual pessoas conseguiriam sobreviver durante viagens interestelares.
Mesmo que a estrela mais próxima da gente leve quatro anos para chegar, objetos pesados levariam muito mais tempo. Para chegar na maioria das estrelas, levaria centenas de anos, pelo menos.
Naves de geração são projetadas para uma população viver em gerações até que o destino seja alcançado pelos descendentes, muitos anos depois. Existem vários problemas com isso, é claro. Os descendentes podem esquecer o objetivo inicial da missão, que se transformaria em lenda ao longo dos anos. Um sistema de computador inteligentemente pode ser capaz de educar as pessoas nascidas no navio para evitar isso, mas ainda assim, se tornaria cada vez mais difícil prever o que poderia ocorrer conforme as gerações passam. Se há um problema com a nave, uma população que cresceu à selvageria ao longo dos séculos seria impotente.
4 – “Naves de óvulo”
Para remover a incerteza das naves de geração, as naves de óvulos poderiam ser usados. Estas levariam óvulos humanos congelados fertilizados que seriam alimentados por máquinas cuidadosamente desenhadas, atuando como úteros, pais e educadores.
Os óvulos seriam cultivados em seres humanos quando a estrela ou planeta distante for atingido, e os computadores ensinariam tudo o que eles precisam saber sobre a sua missão, como sobreviver, e o que fazer. Isso está bem além de nossa capacidade no momento, mas talvez não seja impossível no futuro. No entanto, como o navio de geração, o problema é que essa nave não estaria levando um indivíduo que quer viajar para as estrelas. Seres humanos artificialmente criados para viver o sonho de alcançar as estrelas é inaceitável para muitas pessoas.
5 – Longevidade
Uma alternativa aos itens anteriores é melhorar geneticamente as pessoas para que elas vivam por centenas ou milhares de anos e façam uma viagem interestelar durante sua própria vida, assumindo que os outros problemas para viajar no espaço tenham sido resolvidos.
Longevidade e imortalidade são temas da pesquisa científica, mas o seu maior obstáculo são os telômeros. Os telômeros são seções nas extremidades do DNA que são cortados (ficam ligeiramente mais curtos) cada vez que as células se dividem. Eventualmente, os telômeros são “devorados”, e suas células começam a prejudicar o seu próprio DNA vital conforme se dividem.
Isto significa que o nosso próprio DNA limita o número de divisões celulares que podemos fazer. As células se dividem para substituir as células velhas ou danificadas. A resposta para viver mais parece estar em manter os telômeros longos, mas geralmente apenas células adultas cancerosas podem fazer isso.
6 – Não envelhecer
Quando longevidade e gerações não são possíveis, muitos filmes e histórias usam seres humanos mantidos em animação suspensa para explicar viagens longas. As pessoas não seriam capazes de envelhecer em tal estado, ou o fariam muito lentamente, e seria muito parecido com hibernação. Infelizmente, os telômeros novamente apresentam um problema.
Os nossos corpos contêm sempre um pequeno número de elementos radioativos, que emitem pequenas quantidades de radiação, inofensivas porque nossas células continuamente substituem as danificadas. Se uma pessoa não envelhece, seus telômeros não encurtam e as células não podem ser divididas. Daí decorre que os elementos radioativos poderiam causar danos permanentes no corpo, e em tempo suficiente, resultar em morte. Mesmo retardar o envelhecimento não evita danos radioativos por longos períodos de tempo. Precisamos que nossas células se dividam em uma taxa normal.
7 – Propulsão
Mesmo que os problemas humanos de viajar para outras estrelas sejam resolvidos, resta a questão da propulsão. Para chegar à outra estrela, grandes quantidades impraticáveis de combustível seriam necessárias.
Uma solução é pegar combustível pelo caminho. No espaço entre as estrelas, asteroides e planetas não são convenientes para pousar e explorar atrás de combustível. Felizmente, o espaço não é bem um vácuo, e existem pequenos átomos dispersos distantes, principalmente hidrogênio. A uma velocidade rápida, estes átomos poderiam coletados e usados como combustível em uma reação eficiente, tais como a fusão (presumindo que um dia atingiremos a fusão). Para coletá-los, uma “colher” grande é necessária, em cálculos conservadores, pelo menos 2.000 quilômetros quadrados de área, o que atrasaria e limitaria a velocidade de uma nave espacial. Este sistema é também muito ineficiente e não viável, considerando que o nosso sol está em uma região esparsa do espaço, fornecendo uma fonte de combustível pobre.
8 – Danos
Nossas estrelas mais próximas são Alpha Centauri, quatro anos-luz de distância. Viajando a uma velocidade padrão de carro, a 60 km/h, levaria 72 milhões de anos para chegar. Mesmo vencendo todos os argumentos acima, tal estrutura no tempo é impossível devido ao desgaste natural, além da probabilidade de quase zero de chegar a algum lugar depois de tanto tempo.
Velocidade é necessária, mesmo se limitada pela velocidade da luz. Devido aos pequenos átomos espalhados pelo espaço, qualquer nave que viaje a grande velocidade será impactada por esses átomos com tanta força que é capaz de rasgar mesmo o aço mais forte. Duas opções permanecem: seres humanos ou máquinas que constantemente concertariam os danos, o que exigiria quantidades impraticavelmente grandes de material de reparação, ou uma nave feita de material elástico que se autocura. A boa notícia é que a NASA fez uma pesquisa em tais materiais. A má notícia é que a agência não achou que eles são viáveis.
9 – Gravidade
A estrutura de nossos corpos depende da gravidade. Quando os seres humanos não vivem na gravidade da Terra normal, nosso corpo começa a sofrer. Depois de algumas semanas ou meses, nossos ossos ficam frágeis e temos fadiga muscular, com efeitos muito mais desagradáveis a longo prazo.
Estes podem ser um pouco combatidos com vários exercícios e dietas, mas após anos ou décadas no espaço, o corpo humano torna-se permanentemente danificado. Mesmo para voos relativamente curtos, a visão se deteriora tanto que a NASA considera esse um grande limite a ser superado antes de empreender missões tripuladas a Marte. Ao invés de viver na ausência da gravidade, a aceleração da gravidade pode ser induzida pela rotação rápida da nave. Infelizmente, isso requer enormes quantidades de energia e combustível, e provoca náuseas a curto prazo. Os efeitos a longo prazo não foram estudados, mas são considerados pouco graves.
10 – Comida, água, ar
Todos os seres humanos que vivessem em uma nave por longos períodos de tempo precisariam de suporte de vida: comer, beber, respirar, urinar, excretar, lavar e dormir. Muitos desses problemas foram abordados em voos espaciais já realizadas. No entanto, em trajetos mais longos, a quantidade de comida e água necessária torna-se demasiada grande para ser viável.
A solução mais provável é fazer da nave um ecossistema autossuficiente. As plantas poderiam produzir ar, serem comidas, e consumirem resíduos humanos. Qualquer ecossistema é um pouco ineficiente, mas ainda poderia sustentar-se, possivelmente, tempo suficiente para chegar ao destino. O equipamento da nave iria gradualmente se deteriorar a partir dos vários gases reciclados, mas manutenção inteligente ou novos materiais poderiam contornar isso. O sistema mais eficiente envolveria uma única planta. As algas têm sido muito pesquisadas por seu potencial: cuidariam do ar, resíduos, e de alimentos. A alga não é uma fonte completa de nutrição em si, e torna-se tóxica se contaminada ou quando consumida em grandes quantidades, mas a engenharia genética pode mudar isso no futuro.[Listverse]


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Ver e ouvir, sem brincar

Odete Soares Rangel


Ninguém pergunta mais:
--Você vai brincar no carnaval?
Brincar, irmão, quem pode brincar
se perdida foi a idéia de brinquedo?
Alguns ainda perguntam:
--Como é? Vai pular no carnaval?

Então é isso a festa: um pulo
e outro pulo e mais outro? Neste caso,
campeoníssimo seria o João do Pulo.
O que ouço dizer é simplesmente:
--Vai ver o carnaval?
Conclusão, anos 80:
Carnaval
é o visual.

Você não brinca mais,
nem mesmo pula mais
na rua hoje deserta, no salão
onde um suor se liga a outro suor
e ar condicionado é falta de ar.
Que pode o folião? Acaso existe ainda,
e funciona, essa palavra folião?
Folia, antiga dança rápida
que o adufe acompanha, no dizer
de sábio, antigo, dicionário.
Quem me dança a folia, quem folia,
quem fol ou fou, folâtre, folichon, folle,
fool, pratica o foliar?

Ah,sim, o sambista e sua escola
foliando para turistas e a distinta
Comissão Julgadora.Pontos!Pontos!
Quesitos mais quesitos!Briga feia
nessa programação oficial
que garimpa e governa o carnaval.
Foliam para os outros.Não foliam
pelo gosto
pela graça,
pelo orgasmo de foliar, loucura santa,
desabrochar do corpo em rosa súbita,
em penacho, batuque, diabo, mico,
chama, cometa, esguicho, gargalhada,
a cambalhota em si, o riso puro,
o puro libertar-se da prisão
que cada um carrega em sua liberdade
vigiada, medida, escriturada.

Então pego um sobra, vou olhar
ouvir
a cor, o som, o balancê padronizado
que rioturisticamente se oferece
ao mercado da vista e dos ouvidos.
Eu vejo, não me integro,
não participo, não sou o grande todo,
nem o grande todo é o mesmo todo e tudo.
Entre o olho e o desfile
a arquibancada corta o meu impulso
de ser um com eles, ir com eles
pela rua afora,
pelo sonho afora.

A rua, onde ficou
a velha rua, seu espaço de brincar,
seu aberto salão a céu aberto,
sem entrada paga, sem cambistas
e fiscais?
O carnaval é rua, não teatro,
não show, produto industrial
monumental
a ser consumido numa noite
de lenta evolução
e classes divididas
pelo respeitável, público pagante.
Como comprar, como pagar
o que não tem preço e chama-se
alegria?



ANDRADE, Carlos Drumond de. Amar se aprende amando.  Ed. Record, Rj 22ed.   16.11.1980. P. 159-60

O carnaval de 2012 acabou. Muita gente se divertiu, mas na divulgação das notas pela Comissão julgadora, houve quem partisse para a selvageria quando viu sua escola de samba perder.  Foi a cena lamentável que vimos no carnaval de São Paulo. 

Drumond está certo. Ele descreve o carnaval como um evento para se divertir, um momento até tolo de pular, mas que perdeu suas características, sua identidade cultural para se tornar numa coisa pomposa e odiosa,  no ver quem brilha e pode mais. Ele faz uma crítica a transformação do carnaval num produto industrial, onde apenas os pagantes podem usufruir desse divertimento. Mas na verdade, eles não se divertem, porque alegria não se compra, está dentro de cada um de nós.  

Que o carnaval volte a ser aquela festa com muitos foliões, pessoas em busca de divertimento, de brincar dançando, de se alegrar até o sol raiar.  

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Perguntas de um trabalhador que lê

Odete Soares Rangel


Quem construiu a Tebas das sete portas?
Nos livros consta os nomes de reis.
Os reis arrastaram os blocos de pedras?
E a Babilônia tantas vezes destruída
Quem a ergueu outras tantas?
Em que casas da Lima radiante de ouro
Moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros
Na noite em que ficou pronta a Muralha da China?
A grande Roma está cheia de arcos de triunfo.
Quem os levantou? Sobre quem triunfaram os césares?
A decantada Bizâncio só tinha palácios
Para seus habitantes?
Mesmo na legendária Atlântida, 
Na noite em que o mar a engoliu, 
Os que se afogavam gritavam pelos seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os gauleses
Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo? 
Felipe de Espanha chorou quando sua Armada naufragou. 
Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a guerra dos sete anos. 
Quem venceu, além dele?
Uma vitória em cada página.
Quem cozinhava os banquetes da Vitória?
Quem pagava suas despesas?
Tantos relatos.
Tantas perguntas.
(Bertolt Brecht - Poemas).
Esse poema me conquistou e, ainda,  não sei bem a razão. Talvez porque tendo sido uma trabalhadora por muitos anos, e ter vivenciado situações muito parecidas, nas quais aparecem os nomes da Administração maior, mas são os colaboradores que fazem as coisas acontecer. É o trabalho de equipe que produz os melhores resultados.
Foram os trabalhadores que pegaram no pesado, que construíram pedra sobre pedra. Mas quem eram eles? Quais eram seus nomes, tinham família,  eram saudáveis, eram lembrados em datas importantes,  ganhavam um bom salário, eram sindicalizados, possuíam condições ideais de trabalho?
Penso que o autor quer mostrar a  realidade Maquinal  do trabalhador. É essa máquina humana que constrói, que cria,   que sofre. Mas ao final da obra construída, como ao final de uma peça de teatro, sua figura fica atrás da cortina, anônimo. A diferença é que na peça de teatro os atores são gente, são lembrados por suas atuações e cada ato está vinculado ao seu executor. No poema, fica a história contada por reis e imperadores, mostrada ao mundo como grandes feitos seus. 


E ficam os relatos históricos que geram heróis, quando os verdadeiros heróis são os homens trabalhadores. Dai a razão de tantas perguntas! O que parece demonstrar o inconformismo desse trabalhador letrado, com a situação da sua classe trabalhadora. Fica o eco de sua voz no vazio! Continuam as perguntas sem respostas!