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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mundo perfeito

Odete Soares Rangel
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A mensagem que você lerá me foi enviada por uma amiga muito especial chamada Aída  Pinto.  Ela é professora de inglês e me ajudou muito quando cursávamos a universidade. É uma super mãezona, uma amiga muito verdadeira e leal. É uma daquelas pessoas que queremos ter sempre por perto, uma alma elevada e de luz. Achei que esse poema tem muito dela e de como vê a vida.  E quero dedicá-lo a ela.
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A autora Lídia Vasconcelos foi muito feliz na construção desse poema. Ele vai ser sempre contemporâneo, pois representa os desejos de mudança, um sonhar com um novo tempo em que as carências possam ser  supridas. Enfim, o desenhar de uma nova era, a era de um mundo perfeito aos olhos do eu poético. "Triste de quem vive em casa, contente com o seu lar, sem que um sonho, no erguer da asa, faça até mais rubra a brasa, da lareira abandonar!" (Fernando Pessoa)

"Fiz-me de surda, desconversei e tal,". Não é assim que agimos quando queremos nos livrar de algo ou alguém inconveniente. Quando um estranho nos para na rua, ainda que seja para obter uma informação, embora o mais comum seja pedir dinheiro, não nos afastamos rapidamente por medo do que possa nos acontecer, eis que a violência nas cidades está assustadora. Sequer ouvimos o que a pessoa ia falar.

"E pedi que prestasse muita atenção". Atualmente, as pessoas estão precisando prestar mais atenção ao outro e tentar compreender o que o faz ser assim. E aí me veio a lembrança de algo que anda circulando pela INTERNET sobre um funcionário de uma empresa em Nova Iorque que teria sido descoberto morto cinco dias após sua transição. Como quando todos chegavam ele estava trabalhando e quando iam embora a cena se repetia, não teriam percebido. Verdadeira ou não a informação, é um bom tema para reflexão.
E aí fiquei me perguntando quantas vezes esse colaborador teria sido elogiado e tido reconhecido seu comprometimento e tamanha dedicação?  Teria ele alguma vez sido questionado sobre seu trabalho, sobre como andava sua vida e sua família e coisas desse tipo? Aliás será que sabiam se ele tinha uma família? Saberiam do que ele gostava, e o que o motivava?  Estaria ele satisfeito com o trabalho que realizava? Suas aptidões estavam sendo aproveitadas na função certa?

Isso me leva a questionar como as empresas andam tratando seus colaboradores? Eles são pessoas com potencial a ser explorado e que fazem a diferença na empresa, e em contrapartida estão sendo valorizados, ou são apenas números e não recebem atenção. Ele teria sido importante para a empresa, alguma vez teriam dito isso a ele, o teriam tratado como uma pessoa ímpar, elogiado seu trabalho, teriam feito ele sentir-se importante dentro da equipe. Ele era chamado pelo nome ou apenas era conhecido como o cara que chegava cedo e saía tarde.

Na empresa em que eu trabalhei, um amigo hoje, mas funcionário à época, sempre entregava seus relatórios e ficava esperando o elogio. Eu não o fazia porque seus relatórios eram impecáveis. Eles tinham um padrão de qualidade constante, então eu pensava que não precisava ficar repetindo isso a cada relatório que entregava, mas ele cobrava. Somente depois tomei consciência que embora a situação descrita, para ele era importante ouvir que seu relatório estava perfeito, isso o motivava.

Se você quer ter colaboradores motivados e comprometidos que se desenvolvam e contribuam para o crescimento da sua empresa, diga isso a ele, valorize-o. Não basta dizer bom dia e boa noite, o ser humano precisa mais do que cumprimentos cordiais. Pense nisso! 

Quero sugerir a leitura do capítulo 11 ( Mexendo com o Bicho Gente) do livro "Virando a própria mesa" de Ricardo Semler.
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Na terceira estrofe, o eu poético deseja que os passarinhos adentrem sua janela e que façam seu ninho embaixo ou em cima dela. Quantas vezes ouvimos pessoas reclamando do barulho dos pássaros e da sujeira que eles fazem em suas janelas e sacadas, sem nunca prestarem atenção na beleza deles e dos seus cantos. Não se permitem ouvir essa sinfonia de cantos que trazem alegria, que exprimem vida, que poderiam alegrar o seu dia. Dar ao pássaro comida e água para atraí-lo para perto, esqueça. Talvez a palavra pássaro não faça parte do seu dicionário.

Nas estrofes (4,5,6) está demonstrado o cuidado e a proteção com que o eu poético pinta  e trata o cosmo (sol, lua, nuvem e estrela), devolvendo-os  restabelecidos ao seu habitat.

"As crianças poderiam na rua brincar". Quanto desejamos que isso se tone uma realidade, que as crianças possam andar e brincar livremente sem serem submetidas a violências de todos os tipos. Quanto almejamos que as famílias não precisem ficar em suas casas como se em prisões estivessem, gradeadas e enclausuradas para se proteger da violência. E que suas crianças  não fossem privadas de viver a sua infância, uma das fases mais especiais da  vida. Que elas pudessem sonhar, ter tempo, liberdade e oportunidade para viverem os seus sonhos.
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E na última estrofe o resumo de como seria delicioso esse mundo desejado. Esse mundo perfeito seria marcado por festas nas chegadas e nos encontros. Nesse, fica implícito o desejo de união e de harmonia, há uma negação dos afastamentos e por decorrência destes, das saudades. 
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O poema é lindo, atual e nos possibilita múltiplas leituras. Que esse mundo perfeito ainda venha a existir e que façamos parte dele Aída!

2 comentários:

Flor de Liz disse...

Amiga,acabei de ler sua análise do poema de Lídia, que foi minha aluna na década de 90,e estou deslumbrada! Estou sem palavras,mas mesmo assim agradeço por teu sempre presente carinho! Ter uma amiga como você,é ter um presente muito valioso! Deus te abençoe sempre!!!!!

Odete Rangel disse...

Existem pessoas e tempos que marcam nossas vidas para sempre. Nosso tempo e amizade se consolidou em coisas boas e construtivas que levaram a um amadurecimento.Pena não morarmos pertinho para nos visitarmos, sinto muitas saudades. Ainda não consegui riscar a saudade da minha vida, a Lídia que me perdoe.
Obrigada pelo gentil comentário, mas você é mesmo uma amiga especialíssima.
Um sp bjo