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terça-feira, 27 de março de 2012

Vick Muniz, um artista dual

Odete Soares Rangel

Recentemente, numa viagem aos Estados Unidos, fui convidada por um amigo a assistir o documentário Lixo Extraordinário (2007-2009). Era sobre um trabalho realizado por Vick Muniz no lixão do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. 


Vick fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, para retratá-los posteriormente. Trabalho triste e alegre ao mesmo tempo, embora um ou outro diga amar o que faz por longos anos. Mas Vick, a partir das vivências do sofrimento e dos sonhos de cada um, mexe com seu imaginário, abrindo novas possibilidades para o grupo ou para alguns deles. Desperta neles o desejo de mudança, de uma vida melhor e mais digna. 


Comecei com pouco entusiasmo, muito lixo, histórias tristes, povo sofrido, povo feliz. E assim fui prestando atenção e me encantando com o vídeo.



                                               http://youtu.be/_pyR9qCd2F8

Vicente José de Oliveira Muniz, popularmente conhecido como Vick Muniz, nasceu em São Paulo, aos 20 de dezembro de 1961. Mais tarde, por caso do destino, se radicou em Nova Iorque . E, não por acaso, tornou-se um dos artistas brasileiros mais valorizados no mundo. 

Ele aprendeu arte nos museus de Manhattan. 


Dono de muitas obras famosas, todas lindas, usando materiais diversificados que vão desde diamantes até lixo, Vick encanta com sua arte e simplicidade.

The Gipsy Magna, a foto de uma catadora de lixo do Jardim Gramacho,  não sei bem porque, mas me conquistou. Talvez porque vi o documentário e a transformação da pessoa na foto. De uma pessoa simples, ganhou uma foto multicolorida, e mostra uma expressão facial feliz. Penso  que seja a energia e a alegria que invadiu o ser daquela mulher, transformando-a em uma estrela por um momento. Ela não cabia em si de felicidade. Sabe aquele momento em que parece que a tristeza e o sofrimento fazem parte do passado? Foi assim. Naquele momento para ela era como se o tempo passado nunca tivesse existido. Era só alegria! Ela era alguém importante. Ela existia. Ela era gente como os outros! Ela tinha chances de realizar seu sonho, de construir um novo futuro.

Não é sem razão que a série mais elogiada de Vick é Pictures of Garbage, que inclui The Gibsy Magna (foto acima). A modelo é a catadora de lixo, chamada Magna. O retrato foi inspirado em As Respigadoras, de 1857, do pintor francês Jean-Françóis Millet (1814-1857).    

Vick havia se formado em publicidade aos 22 anos, e trabalhava numa empresa de programação visual. Sua missão era aperfeiçoar as letras das mensagens publicitárias para que pudessem ser lidas com facilidade.

Certo dia, ao tentar apartar uma briga em um bar paulista, acabou baleado numa perna. O atirador que dizia-se rico, pagou pelo silêncio dele para que o assunto não chegasse aos jornais. E foi com esse dinheiro que Vick  foi morar no exterior, primeiro em Chicago, depois em Nova Iorque, realizando um grande e antigo sonho. 

Seu trabalho só faz referência ao Brasil quando ele desenvolve temas ligados a denúncia da pobreza e da miséria, como foi o trabalho no lixão do Jardim Gramacho. O dinheiro das fotos vendidas foi revertido para um projeto social na comunidade.

Vick quando chegou em Manhattan copiava telas clássicas dos grandes mestres da arte para se sustentar. Nessas, usava desde plasticina, chocolate, açúcar, diamantes até molho de tomate. Ao final, Vick revelou o resultado do trabalho, as pessoas ficaram extasiadas.

Parabéns Vick, sua arte inovadora ganhou o mundo. Fiquei encantada com as imagens do documentário e do google imagens.


Vale a pena ler mais sobre o assunto! Aventure-se!


http://teoliterias.blogspot.com.br/2011/09/documentario-lixo-extraordinario-joao.html,
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/865628-documentario-sobre-vik-muniz-e-indicado-ao-oscar.shtml
http://www.cineplayers.com/critica.php?id=2094

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