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sábado, 24 de março de 2012

A poesia da hora

Odete Soares Rangel


As poesias transcritas são de autoria de Sylvia Amelia Carneiro da Cunha. Sua poesia, embora de longa data, reflete as difíceis situações que vivenciamos hoje na mídia e que são realidade no Brasil. Certamente, preferíamos não ver tais ocorrências, eis que não podemos modificá-las. É sofrimento demais para os menos favorecidos.

Mas Florianópolis mudou muito, e não sei se a autora, hoje, teria esse mesmo sentimento.

Para não ver


Quero dormir o sono bruto das pedras
para não ver o drama dos que passam fome.
Para não ver os que sofrem injustiças
nem crianças morando na rua...
Para não ver os que só valorizam a cor da pele.
Para não ver o triunfo dos incapazes,
os criminosos absolvidos,
a mentira substituindo a verdade
e a riqueza só nas mãos dos poderosos,
impassíveis e cruéis.


Despedida


Querida Florianópolis,
meu adeus , minha saudade
das belas praias piscosas,
das tuas montanhas formosas,
do teu céu cor de anil,
da figueira portentosa
e do relógio maluco
da vetusta Catedral
que o vento Sul sibilante
põe prá frente e põe prá trás.
Quem me dera aqui ficar
por muitos anos ainda
para poder contemplar
tanta beleza infinda!


Fonte: Revista da Academia Catarinense de Letras. No 13, Florianópolis, 1995.

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