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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Mãe, Floresta-Mãe

Odete Soares Rangel


Esse poema pode ser considerado um manifesto a favor da conscientização sobre a necessidade da preservação das nossas florestas. Ele foi escrito por Manuel de Sousa (FRC - Angola), em Luanda, aos 28 de março de 2002. Segundo o autor, ele foi dedicado às Mulheres do Tempo e às Florestas-Mães...da Existência do Homem.


No horizonte
ao longe,
vejo reflectido no céu da Mente
tudo o que sou
e aquilo que nunca serei
...e se algum dia lá chegar
"a ser ou a não ser!'
pois,
as vírgulas e pontos finais
vetam os caminhos da libertação
ao parágrafo que um dia escreverei
para além das auroras
e dos limites de qualquer página
escondida para além de uma resma
de papel ainda por transformar
de uma árvore que grita
ainda por cortar
e da motosserra que se afia
e se prepara para o destino sem fim
da estória que nunca existiu
e de uma lágrima celulósica
caída em desgraça e dor
na extinta pasta seca
da vida sem fotossíntese
do verde da folha sem alegria
jamais 
e sem vento
passando no entrebico
do cântico calado para sempre
do pássaro sem ninho
e sem eternidade jamais
a não ser que!
a não ser que...
a não ser que parem já
e escutem o coração da floresta 
tão Mãe como...
a Mulher Maria Mãe...
parindo no infinito do silêncio
a beleza da seiva existencial
e dos tempos por vir...


Fonte: O ROSACRUZ, Verão 2011, n° 275, p. 19

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