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domingo, 20 de março de 2011

Velho Tema

Odete Soares Rangel

Velho Tema I - Vicente de Carvalho


Só a leve esperança em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada,
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos
Árvore milagrosa que sonhamos,
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim; mas nós não a alcançamos.
Porque está apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.

Vicente Augusto de Carvalho (1866-1924) é considerado um dos maiores poetas do Parnasianismo brasileiro. Nesse poema, ele questiona a própria existência da felicidade. Seus poemas são construídos a partir de uma linguagem simples e com muitas imagens. Ele parece penetrar na alma humana e falar dos seus anseios como se os vivensiasse. Ele é realista e objetivo. O próprio título do poema é bem real, na sua simplicidade fala de um tema tão antigo, tão abrangente, tão inatingível conforme expresso na última estrofe.

Lendo o poema parece fácil entender porque muitas pessoas dizem não encontrar a felicidade, ele explica o porquê. Quando as pessoas a procurarem dentro de si mesmas, e não transferirem essa responsabilidade para os outros, então a terão encontrado fácil, fácil.

O ser humano complica demais, reclama demais. Muitos são insatisfeitos com o que possuem, com o que são, com o ser humano em que se transformaram, enfim com o que não alcançaram.  Deveriam olhar para dentro de si mesmo, passar a olhar a vida sob outro viés, o de ser feliz com o que são, com o que têm. Certamente descobrirão riquezas nunca imaginadas, a felicidade virá em decorrência.

Pense nisso hoje, não deixe para buscar ser feliz amanhã, poderá ser tarde!

Um comentário:

Odete Rangel disse...

Boa noite Léo Santos,

Veja a Lei nº 9.610, no seu artigo 41, no qual
os direitos patrimoniais do autor perduram por
setenta anos contados de 1° de janeiro do ano
subsequente ao de seu falecimento. Neste caso, a morte foi em 1924. Assim sendo, creio não haver imposição para o uso, desde que citada a fonte.

Grande abraço, obrigada por sua visita e feedback.