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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Irmã Dulce, o anjo protetor dos desamparados

Odete Soares Rangel

Cezar, Irmã Dulce, Odete e Cristina
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes nasceu em Salvador (26.05.1914) e partiu para outra vida em 13 de março de 1992. Era filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes.


A Irmã Dulce como todos a conheciam, mais do que uma religiosa católica brasileira, foi o anjo salvador da Bahia com suas obras de caridade e de assistência aos desamparados.

Ainda criança, Maria Rita, incerta quanto aos rumos da vida religiosa, rezava muito e implorava a Santo Antônio para mostrar-lhe o caminho a ser trilhado. Aos treze anos de idade, o Convento do Desterro recusou seu ingresso por considerá-la jovem demais para decidir sobre assunto tão sério; assim ela volta a estudar. Nessa idade, comovida com a situação dos desassistidos, passou a socorrer mendigos, enfermos e desvalidos.


Após se formar em 1932, ela ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição, no estado do Sergipe (menor estado brasileiro). Com seis meses de noviciado, obteve o hábito de freira. Em 15 de agosto de 1934, ela fez sua profissão de fé e retornou à Bahia.


Desde então, sua meta de vida foi dedicar-se à caridade. Um barracão abandonado para abrigar mendigo foi onde iniciou sua obra caridosa. O Papa João Paulo II, quando esteve no Brasil, visitou-a, manifestando seu reconhecimento pelo trabalho dela com idosos, doentes, pobres, crianças e jovens carentes. Entre as muitas instituições por ela fundadas temos: o Hospital Santo Antônio, com capacidade para atender setecentos pacientes e duzentos casos ambulatoriais; o Centro Educacional Santo Antônio, instalado em Simões Filho, neste mais de trezentas crianças de 3 a 17 anos recebem abrigo e cursos profissionalizantes. O Círculo Operário da Bahia (escola de ofícios), voltado para atividades culturais e recreativas também foi criação da Irmã Dulce.


Em 11 de novembro de 1990, a Irmã Dulce foi internada por problemas respiratórios, no Hospital Português, sendo transferida à UTI do Hospital Aliança e logo depois para o Hospital Santo Antônio. Em 20 de outubro de 1991,  recebeu a visita do Papa João Paulo II. O Anjo Bom da Bahia fecha suas asas e encerra sua missão na terra às 16h45min do dia 13 de março de 1992, rodeada de pessoas que a veneravam. Seus restos mortais foram sepultados no alto do Santo Cristo, na Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, mais tarde transferidos para a Capela do Hospital Santo Antonio, centro das suas Obras Assistenciais.


O reconhecimento pela sua obra começa a frutificar. Aos 21 de Janeiro de 2009, a Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano reconheceu Irmã Dulce como venerável. Em 03 de Abril desse mesmo ano, o papa Bento XVI aprovou o decreto de reconhecimento à virtuosa e heróica Irmã Dulce.


No dia 09 de Junho de 2010, seu corpo foi desenterrado, exumado ,velado e sepultado pela segunda vez. Faltou a assinatura do papa Bento XVI ao decreto que concede-lhe o título de beata. A partir daí, aguarda-se mais um milagre por intercessão de Irmã Dulce para que possa ser Canonizada.


Eu fui a Salvador no ano de 1985 e tive o prazer de conhecê-la pessoalmente. Ela parecia uma pessoa frágil, mas era uma fortaleza. Recebeu-nos com muito carinho, falou rapidamente da sua obra assistencial com todas as suas dificulades, apresentou-nos Santo Antônio como o tesoureiro da casa, deixou-se fotografar e agradeceu nossa visita e contribuição para a casa.


Um ano após sua morte (1993), foi inaugurado o Memorial Irmã Dulce em sua memória. O local é amplamente visitado, o hábito usado por ela, fotografias, documentos e objetos pessoais podem ser vistos no Memorial. Nesse, é preservado, intacto, o quarto de Irmã Dulce. Nesse, está a cadeira em que dizem ela teria dormido por mais de trinta anos visando pagar uma promessa. Outras peças do acervo (maquetes, livros, diplomas e medalhas) registram os fatos marcantes da vida da Irmã Dulce, a freira caridosa, a mulher abnegada, o anjo protetor dos desvalidos e carentes. O memorial tem aproximadamente nove mil peças destinadas a preservar e a manter vivos os ideais da Irmã Dulce.


Ela pode ter partido, mas seu amor incondicional pelos necessitados é um exmplo a ser seguido.

3 comentários:

Anônimo disse...

Irma dulce viva ja era um milagre e morta com sertesa uma santta

Odete Rangel disse...

A canonização da Irmã Dulce, a primeira santa nascida no Brasil

Religiosa será canonizada neste domingo (13) em cerimônia chefiada pelo papa Francisco, no Vaticano. (Foto: Divulgação)
11 de outubro de 2019 Brasil, Capa – Caderno 1, Notícias
O processo da causa de canonização da religiosa baiana Maria Rita Lopes Pontes, a Irmã Dulce (1914-1992), foi iniciado em janeiro de 2000 e seu primeiro milagre foi validado pela Santa Sé em 2003, pelo então papa João Paulo 2º.

O milagre reconhecido teria acontecido na cidade de Itabaiana, em Sergipe, quando as orações à religiosa teriam feito cessar uma hemorragia em Claudia Cristina dos Santos, que padeceu durante 18 horas após dar à luz ao seu segundo filho.

Em abril de 2009, o então papa Bento 16 concedeu o título de Venerável à freira baiana, que se tornou a “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”. Ela foi beatificada dois anos depois em uma cerimônia religiosa que reuniu 70 mil pessoas em Salvador.

Já a cura instantânea da cegueira de um homem de cerca de 50 anos foi o milagre ratificado pelo Vaticano para a canonização da religiosa baiana. Irmã Dulce será canonizada neste domingo (13), em cerimônia chefiada pelo papa Francisco, no Vaticano, após ter dois milagres reconhecidos pela Igreja Católica. Ela será a primeira santa brasileira. Saiba mais sobre os dois milagres, o da beatificação (2011) e o da canonização (2019):

O primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce foi a sobrevivência de uma parturiente desenganada pelos médicos, após religiosos e fieis orarem para que a religiosa baiana intercedesse pela vida da paciente.

Odete Rangel disse...

Continuação....
Segundo os registros usados no processo de beatificação, a mulher foi identificada como a sergipana Cláudia Cristiane dos Santos, que deu à luz ao segundo filho em 11 de janeiro de 2001. O parto ocorreu no Hospital Maternidade São José, em Itabaiana (SE). O local era dirigido por freiras da mesma congregação de Irmã Dulce e não tinha UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Logo após o parto, dizem dois relatórios de médicos que participaram do procedimento, Cláudia apresentou um quadro gravíssimo de hemorragia. Nos relatórios, os médicos afirmam que as possibilidades de tratamento se esgotaram ao longo das 28 horas em que a paciente foi submetida a três cirurgias. Cláudia, contudo, sobreviveu.

Pela versão apresentada e que sustentou a beatificação pelo Vaticano, a mudança no quadro ocorreu porque o padre José Almi de Menezes rogou a Irmã Dulce, de quem era devoto, o salvamento da paciente. Ele pediu que uma imagem da religiosa fosse levada à maternidade. Durante as orações, a hemorragia parou – o que, na associação feita pelos religiosos, se constituiu como o milagre reconhecido pelo Vaticano.

No processo de investigação, o caso foi analisado por dez médicos brasileiros e seis italianos, e nenhum deles encontrou uma explicação científica para a sobrevivência e a recuperação tão rápida da paciente sergipana.

O segundo milagre reconhecido pelo Vaticano e que levou à canonização pelo papa Francisco é a cura instantânea da cegueira de um homem de cerca de 50 anos. O paciente, que não teve o nome divulgado, conviveu com a cegueira durante 14 anos e voltou a enxergar de forma permanente desde 2014.

A cura teria acontecido em um dia em que este paciente estava com uma conjuntivite e com dores agudas nos olhos e clamou por Irmã Dulce por uma solução. No dia seguinte, ele teria voltado a enxergar. “Não tinha explicação. Era um paciente que estava cego e que de um dia para o outro volta a enxergar, sem explicação”, afirma Sandro Barral, médico das Obras Sociais Irmã Dulce e que foi perito inicial da causa.

O paciente – que antes de ficar cego trabalhava na área de informática – caminhava com a ajuda de uma guia e tinha acabado de receber um cão-guia que havia sido treinado exclusivamente para acompanhá-lo no dia a dia.

Antes de ser encaminhado para Roma, o caso foi analisado por oftalmologistas de Salvador e de São Paulo, que examinaram pessoalmente o paciente e não encontraram explicação para a cura.

“Tem uma coisa que é ainda mais espetacular: os exames dele são de um paciente cego. Porque tem lesões pelas quais o paciente não deve enxergar. E ele enxerga”, afirmou Sandro Barral. O milagre foi avaliado por uma comissão de médicos em Roma, que também não encontrou explicação científica para o acontecimento. Na sequência, o caso foi analisado por uma comissão de teólogos e depois por uma comissão de cardeais.(Jornal o SUl, 12.10.2019)