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terça-feira, 27 de julho de 2010

TEXTO SEM LETRA "A" (SOMENTE NOSSO BOM E VELHO PORTUGUÊS)

Odete Soares Rangel


A amiga que enviou-me a mensagem com o texto trasnscrito abaixo informava que uma letra do alfabeto nao havia sido usada na construção do mesmo. Achei curioso e difícil de escrever-se um texto com tantos parágrafos sem conter determinada letra; neste caso, a letra "A", em toda sua extensão. Imaginei que não seria um texto, mas sim um amontoado de frases desconexas, sem sentido, enfim algo bastante confuso. Comecei a lê-lo procurando defeitos de sintaxe e de semântica. Obviamente que o texto não é gramaticalmente perfeito, mas nem por isso é confuso a ponto de não o ser compreendido. O autor traz pontos para reflexão, como naquele em que lamenta os moços deste século quererem substituir o português pelo inglês. Pois hoje vivemos uma invasão de estrangeirismos em todos os setores e lugares, usam porque acham bonito e que vende melhor, ocorre que muitas vezes quem os usa sequer sabem o que significam ou sabem e não repassam isso para sua equipe.


Gostaria da sua opinião sobre o texto!

"É possível sim!

Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo isso permitindo mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, mesmo sendo como se isto fosse mero ovo de Colombo.

Desde que se tente sem se pôr inibido pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento.

Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo sem o "P", "R" ou "F", o que quiser escolher, podemos, em corrente estilo, repetir um som sempre ou mesmo escrever sem verbos.

Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?

Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.

Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos."
 
Autor: Desconhecido
 
(Enviado por Dulce Volpato Quintavalle)


Vocabulário


Escrínio - s. m. 1. Armário ou cofre para guardar papéis e utensílios de escrita; escrivaninha. 2. Guarda-jóias.

Messe - s. f. 1. Seara madura. 2. Ceifa. 3. Aquisição, ganho. 4. Conquista. 5. Conversão de almas.


Pernóstico - adj. Pop. Petulante, pretensioso.


Polifônico - adj. 1. Relativo à polifonia. 2. Em que há polifonia.


Fonte: Dic Michaelis - UOL

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